por Omelete (preparando-se para o exílio)
Nos anos 70, a Colorama fez um comercial sobre shampoo que virou viral (na época não havia web nem muito menos a expressão, dizia-se boca-a-boca), no qual a garota-propaganda com voz chatinha fala "você se lembra da minha voz? Continua a mesma. Já os meus cabelos"... Pois é. algumas coisas não mudam. Em 1963/1964 os grandes jornais fizeram uma campanha massacrante contra o governo João Goulart. Depois, descobriu-se que organizações como IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) recebiam recursos do Departamento de Estado americano para turbinar colunistas, bancar edições de livros, documentários, importavam líderes da direita para palestras e remuneravam informantes e agentes infiltrados em movimentos sociais. A mídia previa o caos e a transformação do Brasil em "república soviética", denunciava que forças camponesas montavam arsenais de armas e bombas. Alertava-se até que as virgens do país corriam sérios riscos. Descobriu-se, também, logo depois, que não havia arsenais nem qualquer resistência programada e as tropas de Mourão Filho passearam até o Rio e até posaram para a Fatos&Fotos. Era uma mentira a mais entre tantas que vinham sendo veiculadas naqueles últimos meses. Nem as virgens deixaram de sê-lo, sem trocadilho. Falava-se muito em golpe, que estava em andamento e tentando ganhar a opinião pública para o desfecho militar, a solução final da época. O fim da Guerra Fria, com o comunismo saindo de cena, mudou a segunda parte do velho figurino. A intervenção militar deu lugar a forças-tarefas legislativas e judiciárias, tal como aconteceu na derrubada dos governos de Honduras, Paraguai e, mais recentemente, Ucrânia. Mas a primeira parte, o trabalho intenso junto à opinião pública, continua a mesma. Há um exemplo comovente, hoje - no caso, de seletividade até no enfoque da corrupção - da atuação da mídia politico-partidária; um jornal conseguiu fazer uma página inteira de matéria sobre a cassação do prefeito de Itaguaí. que ficou conhecido como o "prefeito da Ferrari", e é acusado pela PF de desvios de recursos públicos e de ter feito um "mensalão" para vereadores - sem citar o partido do político: um tal de PSDB. Imagine se o prefeito fosse daquele outra partido.., dava título gigante na primeira página. Para uma reportagem tão detalhada deve ter custado um esforço extra todo o cuidado para omitir o nome do partido. Imagine-se checadores na luz difusa tentando escapar do vai-dar-merda ao ver e rever até cansar a vista se a sigla não escapou em alguma frase insensata.
Pois é: ontem e hoje. Lembra da minha voz?
Quer saber: esqueça o golpe por alguns instantes e reveja o comercial que marcou época.
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Omelete, vc vai se exilar em Beverly Hills ou em Manhatan. Nova Iorque ou Miami vai esbarrar com muitos exilados em cada esquina que dobrar. Cuba tá voltando a ser americanizada e ainda os grandes cassinos não estão funcionando. Que tal a Criméia. Seria uma boa afinal foi um território invadido por Ivan, o Terrível, ou por Pedro, o Grande que expulsaram os tártaros de suas terras. Que tal as estepes ucranianas onde as grandes batalhas de séculos passados foram travadas.
ResponderExcluirNão vejo grandes opções para o seu exílio. Que tal Paris, Grandes vinhos "Piriquitas" e grandes queijos. Olha, se eu tiver de me exilar um dia Paris será o meu último teto.
Resistir, J.A.Barros, pra ficar no clima de Paris, "l'étendard sanglant est levé"
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