Já no final dos anos 70, João Saldanha repetia em mesas redondas e nas conversas com colegas de redação a sua tese de que no avanço dos empreendimentos imobiliários nas cidades grandes e médias e mesmo em periferias urbanas a primeira vítima era o campinho de futebol do bairro. Ele temia que a falta de campos para as primeiras peladas e, a partir daí, o desenvolvimento em muitos garotos do gosto pelo futebol, dificultasse a formação de futuros craques. De lá para cá, o problema só se agravou. Campos de rua e de várzea, como eram chamados, desaparecem com frequência cada vez maior. Um campo de futebol nas medidas oficiais demanda espaço. A maioria dos clubes sociais passou a ter campo de futebol-society ou quadra de futsal. Nas praias, pela mesma razão, o tamanho exigido, foram minguando os espaços exclusivos para futebol, enquanto aumentou o número das redes de vôlei ou de futvôlei. No Rio, a Praia de Copacabana, pela grande extensão da faixa de areia, ainda resiste. Mas os campeonatos de futebol de areia - não o beach soccer, mais popular, hoje - mas aqueles em campos oficiais, onze contra onze, não ganham mais as primeiras páginas dos jornais. Nos tempos do Radar, CopaLeme, Lá Vai Bola, Dínamo... as partidas disputadíssimas atraiam milhares de torcedores. O futebol de praia, assim como o de várzea, revelou muitos craques para os clubes profissionais. Em algumas praias, há as "escolinhas", onde instrutores ensinam os fundamentos do futebol a menino, geralmente de classe média. Se urbanização acabou com muitos campos, os governo não criou uma estrutura em colégios e universidades públicas que compensasse a perda. Houve tentativas nesse sentido, mas sempre foram ferozmente combatidas por opositores da educação pública, geralmente lobbies da escola privada que encontravam espaço na mídia (lembre-se o caso dos Cieps, no Rio, que embora não tivessem campos de futebol, dispunham de equipamentos esportivos como a quadras e piscinas. Tais projetos, que incluíam a aulas em tempo integral, foram bombardeados pela grande mídia em oposição a Brizola). As fotos acima, feitas ontem, em Ipanema, são uma vaga e cada vez mais rara lembrança dos velhos tempos. Apenas uma pelada em um sábado de sol.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
domingo, 12 de julho de 2015
Futebol de praia... imagem cada vez mais rara
Já no final dos anos 70, João Saldanha repetia em mesas redondas e nas conversas com colegas de redação a sua tese de que no avanço dos empreendimentos imobiliários nas cidades grandes e médias e mesmo em periferias urbanas a primeira vítima era o campinho de futebol do bairro. Ele temia que a falta de campos para as primeiras peladas e, a partir daí, o desenvolvimento em muitos garotos do gosto pelo futebol, dificultasse a formação de futuros craques. De lá para cá, o problema só se agravou. Campos de rua e de várzea, como eram chamados, desaparecem com frequência cada vez maior. Um campo de futebol nas medidas oficiais demanda espaço. A maioria dos clubes sociais passou a ter campo de futebol-society ou quadra de futsal. Nas praias, pela mesma razão, o tamanho exigido, foram minguando os espaços exclusivos para futebol, enquanto aumentou o número das redes de vôlei ou de futvôlei. No Rio, a Praia de Copacabana, pela grande extensão da faixa de areia, ainda resiste. Mas os campeonatos de futebol de areia - não o beach soccer, mais popular, hoje - mas aqueles em campos oficiais, onze contra onze, não ganham mais as primeiras páginas dos jornais. Nos tempos do Radar, CopaLeme, Lá Vai Bola, Dínamo... as partidas disputadíssimas atraiam milhares de torcedores. O futebol de praia, assim como o de várzea, revelou muitos craques para os clubes profissionais. Em algumas praias, há as "escolinhas", onde instrutores ensinam os fundamentos do futebol a menino, geralmente de classe média. Se urbanização acabou com muitos campos, os governo não criou uma estrutura em colégios e universidades públicas que compensasse a perda. Houve tentativas nesse sentido, mas sempre foram ferozmente combatidas por opositores da educação pública, geralmente lobbies da escola privada que encontravam espaço na mídia (lembre-se o caso dos Cieps, no Rio, que embora não tivessem campos de futebol, dispunham de equipamentos esportivos como a quadras e piscinas. Tais projetos, que incluíam a aulas em tempo integral, foram bombardeados pela grande mídia em oposição a Brizola). As fotos acima, feitas ontem, em Ipanema, são uma vaga e cada vez mais rara lembrança dos velhos tempos. Apenas uma pelada em um sábado de sol.
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