sexta-feira, 3 de julho de 2015

Deu no GGN: "Como o presidente da Mercedes errou e culpou o Brasil"

por Luis Nassif (para o GGN - Jornal de todos os Brasis) 
Observador atento e experiente do universo industrial, o economista Antônio Correa de Lacerda sustenta que o Brasil não perdeu atratividade do ponto de vista do investimento produtivo. Sua análise foi desenvolvida em palestra no 60o Forum Brasilianas, sobre a indústria.
 O fluxo de investimento direto estrangeiro continua muito forte, entre US$ 60 a US$ 65 bi a cada ano. O Brasil permanece um dos cinco maiores absorvedores de investimento.

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 "A questão é: o que esses caras estão vendo que nós não vemos?", indaga ele.
 O último relatório da UNCTAD sobre investimentos globais mostra o Brasil em quarto lugar. Não se trata do passado, mas do futuro. Na pesquisa prospectiva - sobre os países que as multinacionais irão investir nos próximos anos - o Brasil continua em 4o lugar.
 Para Lacerda, parte dessa visão distorcida se deve à cobertura da imprensa, que reflete muito mais torcida que análise.

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 Outra questão é que alguns executivos debitam ao país a responsabilidade por eles que eles próprios cometeram.
 Recentemente, a Folha publicou entrevista com o presidente da Mercedes do Brasil, Phillip Schiemer. Segundo o jornal, ele "não mede palavras para falar da sua desilusão com o governo Dilma". "
 "O país perdeu a previsibilidade com as mudanças nas premissas da política econômica. Voltamos uns 20 anos no tempo", disse Schiemer à Folha. "O PSDB vota contra suas crenças e o PT também. Você acha que alguém vai se arriscar a investir?".

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 Lacerda considerou uma "barbaridade" o crédito que se deu às palavras do executivo. "Lendo a matéria, percebe-se que ele não entende nada de Brasil. Cometeu vãrios erros estratégicos e bota a culpa no país", diz ele. Desenvolveu modelos de veículos cujas especificações não cabiam nos financiamentos do Finame, por exemplo.
 No dia seguinte, um advogado conhecido cita o executivo com pompa e circunstância no jornal Valor Econômico e diz que a bola da vez é o México.
 Lacerda analisou os dados do México, e não havia termos de comparação. Em termos de investimento produtivo, o Brasil recebe três vezes mais que o México.

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 Cometemos erros sérios estratégicos de deixar defasar demais a indústria, aumentar a vulnerabilidade externa, perder espaço na indústria de transformação. Mas o Brasil permanece com o maior parque industrial da América Latina, fazendo parte de redes globais importantes, tendo por aqui as maiores empresas do mundo com executivos altamente qualificados.

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 Lacerda acha que há um pessimismo exacerbado até em relação à inflação. Há um momento de subida, agora, pela correção de preços defasados - câmbio e tarifas públicas. Mas até 2014, a inflação de 6% ao ano era desconfortável, mas estava em linha com países com economias em transição e porte semelhante: no ano passado a Índia bateu em 5,9%, a África do Sul em 5,3% e a Rússia com 11,4%.
 A transição provoca mudança populacional, urbanização, mudança na estrutura de alimentos, nos preços dos serviços, na estrutura de mercados oligopolizados. O Brasil tem a jabuticaba do resto de indexação que ainda não foi extirpado. Tirando isso, diz Lacerda, todas as demais pressóes são de fatores de longo prazo, inerentes a esse estágio de inclusão.

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