sexta-feira, 3 de julho de 2015

Grécia: o outro lado

Os jornais brasileiros devem ter uma espécie de supra-copy desk encastelado em uma torre secreta cuja única função é unificar opiniões. É impressionante como a coreografia de "análises" é perfeitamente ensaiada e executada. As interpretações da crise da Grécia, por exemplo, são monotonamente iguais. "Tios" e "tias" colunistas escrevem "relatórios" que o FMI e o Banco Central europeu podiam perfeitamente assinar embaixo. Para se obter uma visão honesta da situação faz-se necessário garimpar artigos de jornalistas independentes e economistas brasileiros que levam alguma dignidade ao teclado do computador. Ou recorrer a uma leitura diversificada em jornais europeus e americanos. São grandes veículos, de DNA capitalista, defendem suas posições, mas abrigam matérias e artigos que contemplam os vários lados da questão, sem sectarismo. E passam longe do cinismo midiático inteiramente rendido ao mercado financeiro como se vê por estas bandas com uma mídia bem postada à direita do acostamento para a qual o resto do mundo é "bolivariano". Uma análise que você não lerá na mídia nacional de mercado, por exemplo, é a que relata a posição de renomados economistas, como Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, segundo a qual os credores internacionais e as instituições multilaterais estão colocando exigências exageradas sobre a Grécia, país que sofre há anos uma política de austeridade, que foi implantada na crise de 2008. A deterioração da situação econômica vem dessa pressão descabida dos especuladores, que resultou em graves danos sociais e um índice de cerca de 35% da população em situação de pobreza. Segundo Stiglitz, a aposta na depressão tem consequência catastróficas que favorecem apenas à especulação financeira.  Stiglizt diz ainda que os credores internacionais têm imposto modelos defeituosos ao mundo e que a Grécia é apenas o exemplo mais recente. "A disparidade entre o que a troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) pensou que iria acontecer e o que emergiu foi impressionante - e não porque a Grécia não fez o que era suposto, mas porque ele fez, e os modelos eram muito, muito falhos", disse Stiglitz ao The World Post. Analistas afirmam que nem a Alemanha, nem qualquer outro governo europeu apresentou um argumento plausível e capaz de demonstrar que mais austeridade, cortes de benefícios, cortes salariais e demissões vão instigar o crescimento. Mesmo economistas liberais, como Ken Rogoff, de Harvard, colocam bom senso na discussão. Ele argumenta que nem todos os programas de reforma estrutural são ruins, critica os economistas de esquerda por demonizá-los, mas diz que, no caso da Grécia, podem não ser a melhor resposta. Outros economistas apontam que a Grécia está presa em um ciclo vicioso de dívida. Os empréstimos que recebeu não chegaram ao país e foram destinados aos especuladores privados em vez de ir para os cofres do governo. Jared Bernstein, um ex-assessor econômico do presidente Barack Obama, defende que a Europa poderia ter ajudado a economia grega de uma forma mais inteligente e sustentável. Enquanto a prodigalidade grega foi parcialmente responsável, as políticas dos credores também têm sido desastrosas".
LEIA ARTIGO SOBRE O ASSUNTO, COM ESTATÍSTICAS, EM THE WORLD POST. CLIQUE AQUI


4 comentários:

Corrêa disse...

Observação interessante realmente é mais fácil ler críticas ao mercado financeiro nos jornaIS DO eSTADOS uNIDOS do que na imprensa brasileira. Por isso, acredito que ela defende o mercado financeiro a todo cutso. Está entre as mídias mais de direita do mundo, sem dúvida.

Leslie disse...

e o PT quer o controle da mídia como na Coreia do Norte

Corrêa disse...

e você acredita na mentira e ainda repete, podia se informar melhor

J.A.Barros disse...

O interessante é que na crise de 2008 os EUA para enfrenta la baixaram os juros e injetavam no comércio mais ou menos 10 bilhões de dólares todos os meses. Aqui no Brasil a primeira medida é aumentar os juros, alimentar o desemprego, aumentar os preços tudo ao contrário da política econômica dos EUA, que está saindo da crise e deve agora aumentar os juros para 1% ou um pouco mais. NO Brasil tem lojas fechando, industria desempregando, o governo este ano não vai pagar o abono dos empregados. A indústria naval está desempregando e vai fechar estaleiros como da última vez. Aqui tudo se faz ao contrário, o governo deveria tentar empregar a política do 'New Deal" que incentivou as industrias a produzirem encomendando obras, abrindo estradas de ferro, rodovias, industria naval e incentivando o comércio a vender injetando dinheiro no mercado e não tirando. Se é pra copiar vamos copiar o que deu e dá certo.