Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Lagoa: o crime ambiental que a cidade não sabe ou não quer combater
O atual surto de mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, que sediará provas olímpicas de remo, repercutiu na imprensa internacional e, muito mais, na mídia norte-americana. Pode dizer que os Estados Unidos têm certa mágoa com os Jogos de 2016 já que Chicago perdeu a indicação precisamente para o Rio. Antes mesmo de surgir qualquer problema publicaram matérias negativas sobre a cidade, até com histórias fantasiosas. Essa guerra é normal. As recentes Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia, também foram bombardeadas durante os meses que antecederam as competições. A mídia ocidental propagou desde o alto risco de atentados até a falta de neve nas principais pistas passando por suposta perseguição a atletas gays nas ruas da cidade. Nada disso aconteceu. Como a Copa do Mundo, a Olimpíada carioca também é vista como um "evento do governo" e sofre pressão mas tem tudo para fazer sucesso. É o que os torcedores de todos os países e os atletas esperam. Antes da Lagoa, o foco internacional se voltou para outro problema grave: o lixo na Baia da Guanabara, raia das competições a vela.
Mas o caso da Lagoa não se enquadra em nenhuma dessas questões de imagem, de política ou supostas campanhas. É muito real e não tem nada a ver com evento esportivo. É do dia a dia. Trata-se de um dos cenários mais belos do Rio, uma área de lazer especial, principalmente depois que o poder público conseguiu recuperar terrenos cedidas a "proprietários" com privilegiadas ligações políticas e que abrigavam indevidamente parques, restaurantes, boates, academias e mafuás assemelhados. Aliás, ainda há "capitanias" lá que precisam ser devolvidas, helipontos em locais inadequados ou instalações esportivas que extrapolam na área construída e viraram point de festas de churrascos, Aliás, esses locais têm esgotos ligados à rede pública? Bom checar.
O espantoso é que a poluição na Lagoa se agravou nos últimos 30 anos. Os administradores não apresentam solução à vista e muito dinheiro já foi gasto. Quando há mortandade de peixe logo aparece um burocrata qualquer, o da vez, para dar invariavelmente três ou quatro explicações em decoreba: o vento revirou o lodo do fundo da lagoa; a mudança brusca de temperatura afetou os níveis de oxigênio; ou a maré alta entupiu com areia o canal que renova a água. Isso antes de qualquer análise laboratorial da água. Para quem anda na Lagoa diariamente, isso soa como piada ou deboche. Há inúmeras fotos nas redes sociais mostrando despejo de esgoto nas margens. Até latões de óleo de cozinha usado já foram despejados na água. Esporadicamente, a Cedae faz verificações até com câmeras e nunca dá zebra: ligações clandestinas na rede pluvial poluem a Lagoa. O crime é agravado por esgotos que caem no rios que desaguam no local. Há prédios que já foram autuados por jogar, literalmente, merda em um patrimônio do Rio. Alguém foi responsabilizado depois que a notícia virou passado? Dificilmente. Fiscalização e punição, não em operações anuais, mas diárias, ajudariam a resolver parte do problema. Na outra ponta, as soluções de engenharia, como a do canal (um extensão que impedisse o bloqueio por areia), a dragagem (lembrando alguns técnicos dizem que revolver o fundo da Lagoa seria pior), enfim, medidas estudadas por técnicos competentes, até importados se for o caso para dar um descanso aos daqui que há anos tentam descobrir a mágica.
Para leigos, como nós, parece claro que os peixes morrem porque a Lagoa precisa de mais água e de água limpa. Fazer com que ela receba mais água, de um lado, e eliminar os focos de poluição, de outro. Mas ao mesmo tempo isso complicado que se evita mexer com poluidores influentes.
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6 comentários:
E aqueles clube privados na Lagoa, como foram parar lá? Porque o privilégio?
Se resolver, vai deixar de dar dinheiro pra firma que escava a areia no canal todo dia, pra quem cava o fundo da Lagoa, pra quem faz projeto de despoluição, pra empresa que recolhe lixo, pra empresa que recolhe peixe morto, vai ter muito desemprego
Não sei, mas desde que me entendo por gente que todo ano milhares de peixes aparecem mortos na Lagoa Rodrigo de Freitas.
O mesmo, não acontece com a Lagoa de Araruama e outras lagoas como as daqui em Niterói.
Realmente, por trás dessas mortandades, rotineiras, algum mistério deve existir. Num país onde proliferam os corruptos até mortandades periódicas de peixes na Lagoa pode fazer parte desse jogo de propinas e chantages que hoje se tornaram comuns, em que sempre um grupo de "espertinhos "se enriquecem.
Desculpe o erro de concordância: o certo seria: " grupo de 'espertinhos' se enriquece."
O Brasil em matéria de técnicas e de engenharia vai mal, viadutos caem como ode BH, estádios tem erros e ameaçam desabar como Engenhão que entrou em obras de novo, teem de santa teresa, nem isso os técnicos conseguem fazer direito, um bando de gente que compra diploma, quer o que?
Por acaso, lemos ou vemos nos noticiários, que em tal país desabou um prédio e que em outro país desabaram 3 prédios juntos ? Que em outros países obras de estádios para provas de Olimpíadas ruíram ou apresentaram erros de construção?
A não ser por terremotos, temos notícias que pontes e viadutos desabaram matando e ferindo um grande número de vítimas?
No nosso país não temos terremotos, mas temos engenheiros e corruptos– aos milhares – que se encarregam de providenciar essas tragédias em que todo ano vem se repetindo nessa terra maravilhosa "em que se plantando tudo se dá".
Você tem razão Alex.
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