Charge de Jean Galvão. Reprodução Folha de São Paulo |
por deBarros
A charge política sempre foi de meu grande interesse nas páginas que tratavam de política nos jornais. Como trabalhei com desenhistas e chargistas de jornais e revistas como Amilde Pedrosa, o APE, Borjalo, Carlos Estêvão, Péricles que fazia o Amigo da Onça na revista O Cruzeiro, pouco tempo com Millor Fernandes e Ziraldo o meu interesse pelas charges aumentou. Por essa razão copiei essa charge da Folha de São Paulo porque achei que ela, por sua qualidade, técnica e criatividade do artista, extrapolou seu alcance objetivamente político indo através do humor atingir um órgão público, que nesse momento é a grande preocupação de todos os cidadãos que precisam fazer a sua declaração do Imposto de Renda.
Essa charge, também me fez
lembrar outra que na época achei sensacional, senão a melhor charge que tinha
visto até então, de autoria do Ziraldo,
quando era chargista no Jornal do Brasil.
O Generalíssimo Franco,
ditador da Espanha, não sei há quantos anos, caiu de cama passando a ser um
doente terminal. O mundo esperava a qualquer momento a notícia do seu
falecimento. Mas o Generalíssimo não
batia as botas e a expectativa aumentava a cada hora. As redações dos jornais
de todo mundo já estavam com o seu obituário pronto e era só botar nas
máquinas pra rodar, assim que a notícia
de seu falecimento chegasse. Foi quando Ziraldo precisando entregar a charge para o jornal do dia seguinte diante
do impasse fez o seguinte desenho, que vou tentar descrever em palavras o que
foi desenhado:
Em primeiro plano uma cama
de hospital com a sugestão de que tinha alguém deitado nela. Ao seu lado um
oficial fardado e no fundo uma grande
janela aberta dando para uma Praça de onde partia uma grande gritaria – que
Ziraldo soube muito bem expor no desenho.
O oficial dizia então para
o doente deitado na cama do hospital:
–
Que
gritaria é essa aí fora? Perguntou o
doente na cama.
–
Generalíssimo
Franco, é o povo espanhol que veio se despedir de vossa excelência.
–
Ué!
– respondeu o Generalíssimo Franco. – para onde eles vão?
Essa charge ficou marcada
na minha memória pela sua aplicação naquele momento histórico e lucidez e
talento do Ziraldo.
Também entendi que a charge
não fica atada somente aos atos políticos que ocorrem. Ela é abrangente e se
envolve na sua crítica a qualquer ato político ou não que venha a sensibilizar
a sociedade.
A charge é muito maior do
que parece ser na sua ironia, satirização
e humor na focalização dos atos políticos que ocorrem a cada momento no
dia-a-dia da sociedade de cada país. A charge transcende a sim mesma ao atingir
o seu objetivo que é a critica, a satirização do homem na sociedade em que vive.
5 comentários:
Gosto de charges inteligentes e bem sacadas. Mas vejo poucos bons chargistas hoje como Ziraldo, Henfil. Há um de um grande jornal que parece meio bobo. Você ver o desenho e a legenda e diz "e dai?" Coisa besta. Sai na primeira pagina de um jornal do Rio. Só dou essa dica.Descubram vocês. mesmo
Acho que é o chargista do "entreouvido".
Gosto do Angeli, que faz não política mas comportamento. É perspicaz.
O Aroeira é um bom chargista político. Não sei se está no jornal O Dia. Com certeza é melhor do que muito que estão por aí.
O grupo de chargista de São Paulo é muito forte, com destaque para o Angeli porque ele vai mais fundo não se limita ao que aconteceu focalizado. No Rio temos o grupo do O Globo, que tem ilustradores muito bons e destaco o Cruz que me faz lembrar do traço do Carlos Estêvão. E o Marcelo, acho que começou há pouco tempo, e hoje o considero um grande ilustrador com um traço muito limpo e forte. Me lembro do Aroeira e gostava muito dele. Forte na crítica e no traço.
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