sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O cigarro



No filme "Testemunha
 de Acusação".
Foto:Divulgação
  deBarros
Fumar, o gesto elegante que faz do seu usuário um galã de cinema. Fumar, o gesto elegante que faz do usuário um conquistador insinuante e atrevido. Nos dedos o cigarro, símbolo fálico, que faz do usuário o herói, o vencedor, o macho elegante e forte Displicente, leva o cigarro à boca, obedecendo a um ritual estudado e realizado teatralmente na certeza de estar impressionando a mulher à sua frente e os homens em volta. Fumar, vício adquirido ainda na puberdade, imitando os amigos mais velhos ou nas salas do Cine Poeira do seu bairro vendo os seus heróis, sempre com um cigarro na boca, arrasando com as muheres e nas lutas contra o mal. Nas primeiras lições de como fumar, como ainda não tem mesada, aprende a selecionar e pegar as bingas espalhadas nas rua, e como preservá-las para ir fumando aos poucos. Logo depois aprende usar as bingas como moeda de troca nos carteados das esquinas do bairro. Ganha dinheiro vendendo as bingas que ganhou no jogo e pode comprar alguns cigarros no varejo do Bar do Seu Antônio. Ah!, o cinema. John Wayne, cowboy valente dos tempos das diligências, enrolando o seu cigarro com os dedos e enfrentando os índios selvagens que ameaçam sequestrar a sua heroína. Humphrey Bogart, cigarro pendurado nos lábios, com olhos mortos conquistando Ingrid Bergman no filme “Casablanca”. Elizabeth Taylor arranca um beijo de James Dean depois de uma gostosa tragada no seu ”Camel”. Marlene Dietrich, “Dar Blaue Angel” introduziu a piteira ao hábito de fumar, tornando-o mais sofisticado e elegante. Mais chique diriam alguns. Na propaganda nas revistas e nos noticiários cinematográficos, lindas mulheres de maiô no convés de modernos iates, com cigarros entre os dedos, sorriem felizes nos ombros de seus namorados que trazem nos lábios o elegante cigarro a reafirmar o macho que se sentem ser. Imagens que impressionam e induzem o iniciante a ir mais forte. Agora não são mais cigarros comprados no varejo. Passa a ter em suas mão o próprio maço com 20 cigarros dentro de um envólucro artísticamente criado para atrair pelo seu visual o aprendiz de fumante que nesse momento passa a ser mais um viciado no fumo. Fumar, o gesto elegante que faz do seu usuário um galã de cinema acabou, quem diria, sofrendo de “enfizema”.

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