por JJcomunic
Demorou. Apenas dez dias após o acidente ambiental provocado pela Chevron no litoral do Rio de Janeiro, a imprensa passou a dedicar ao assunto mais do que notinhas e segundos. Mesmo assim de forma ainda duvidosa (ontem, um telejornal admitiu que sua equipe sobrevoou o local de carona em uma avião da própria empresa, prática que costuma transformar jornalismo em marketing amigo). Há muito o que apurar. A Polícia Federal entrou no caso (que é de crime ambiental) e já divulga que encontrou irregularidades na Chevron. De falta de equipes preparadas para enfrentar acidentes até empregados estrangeiros clandestinos, que nem a própria PF sabe como entraram no país. Há uma rachadura de cerca de 300 metros no fundo do oceano. A investigação vai apontar se houve falha de levantamento geodésico, se de perfuração, se a rocha era apropriada para receber a sonda etc. O óleo continua vazando e não há previsão para a completa vedação do poço. Na internet, certamente impressionados pelo precedente de a velha mídia priorizar política partidária diante do autêntico jornalismo, circula uma pergunta: e se a causadora do acidente fosse a Petrobras? Aí, meu amigo, não dá nem para imaginar quantas capas de jornais, revistas, quantas horas de cobertura ao vivo já teriam sido fartamente dedicadas ao assunto, que de reportagem ambental viraria pauta política. O desastre levanta também uma questão óbvia em relação ao roubo institucional de royalties que o Congresso que impor ao Rio. Regiões produtoras de petróleo recebem exatamente royalties como compensação pelo risco que correm. Por isso é mais grave o roubo que interesses que pretendem abastecer seus currais planejam transformar em lei. Que a sujeira e a falta de transparência da Chevron seja punida e sirva de alerta, embora tardio, para que as instituições ambientais e a própria PF apertem o cerco preventivo às empresas, incluindo a Petrobras, claro, fiscalizem, cobrem, e multem os incompetentes. E que ainda haja tempo para que o governo vete a exploração de petróleo que ameaça destruir os Abrolhos, um paraíso natural que é a bola da vez na agenda dos poluidores.
2 comentários:
Já houve vazamento em campos de exploração da Petrobras e nem por isso a imprensa fez escândalo. As usinas Nucleares em Angra estão situadas em local que os índios chamavam de Pedra Podre. Alem de que no mar em que Angra está passa uma rachadura no leito do Oceano.
Mas vc tem razão por que não fiscalizar severamente essas empresas q. vem explorar o nosso petroleo em águas profundas? Essa é uma pergunta que deveria ser dirigida à Petrobras.Não?
Acho que vc tá cobrando é a Imprensa. Certo?
Petrobras? Quando os tucanos abriram para a entrada das empresas estrangeiras, cada uma tem seu campo. Dentro da política "estado fraco" é óbvio que não se investe na fiscalização. A imprensa é a primeira a reclamar de que a "burocracia" afasta capitais. Claro que seria um escândalo político que a imprensa partidária faria se fosse uma estatal. Como vazamento é gravíssimo e a imprensa estrangeira já entrou em ação, a cobertura começa a aparecer mais de 10 dias depois. Usina atômica em Angra foi obra da ditadura, aliás apoiada pela velha mídia amplamente.
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