sábado, 16 de outubro de 2010

Fator religião contamina eleição

por Gonça
A história ensina que misturar religião com Estado resulta em holocaustos, assassinatos em massa, terrorismo, cerceamento das liberdades individuais, preconceitos e perseguições a minorias. Apesar disso, candidatos à Presidência nesta temporada, em busca desesperada do voto fácil e geralmente fanático, introduziram essa questão íntima e individual como um fator de alto risco nas suas respectivas campanhas. Temas como aborto, pesquisas de célula-tronco e casamento entre pessoas do mesmo sexo serão resolvidos pelo Congresso - onde há projetos sobre essas questões - quando for a vontade da livre evolução do eleitorado e dos seus representantes. Não dependerá da decisão imperial de um presidente, qualquer presidente. Com o único propósito de jogar no uma "casca de banana" no caminho da candidada Dilma Rousseff, Marina Silva - que também prega o criacionismo entre outros fundamentos da sua crença - levantou a questão durante um debate. O adversário de Dilma, Serra, viu no tema a sua última chance de reação e botou a bíblia debaixo do braço. Se, no primeiro turno, a campanha apresentou nível risível e debateu apenas questões pessoais e laterais, em meio a ataques e boatos, vai agora ao chão ao se limitar à questão da religiosidade. Afinal, vamos votar para presidente ou para pastor e pastora? Há religiões que condenam a transfusão de sangue. E aí? Para obter votos dos seus adeptos um candidato deve assinar uma carta comprometendo-se a banir dos hospitais públicos esse procedimento médico que salva vidas?
Há casos recentes de políticos que perderam eleições em função dessas "cascas de banana". Quando candidato a prefeito de São Paulo, FHC foi entrevistado por Boris Casoy. Estranhamente, o jornalista mandou a pergunta: "o senhor é ateu?". FHC não respondeu à provocação mas questionou o propósito de Boris Casoy ao levantar a questão. Foi o que bastou para despencar nas pesquisas, depois que o seu adversário - Jânio Quadros, que acabou vencendo a disputa - fez do episódio a alavanca da virada. No Rio, recentemente, Jandira Feghali foi vítima de um campanha semelhante ao ser taxada em púlpito de "assassina de criancinhas" em nome de sua posição sobre o aborto. No sertão nordestino foram espalhados cartazes onde "Jesus indica" o candidato Serra; Dilma divulga carta-compromisso sobre temas religiosos; em São Paulo. circulam cartazes com uma frase assinada por Serra ("Jesus é a verdade e a Justiça"). Só falta os dois sairem por aí de braços dados em uma "Marcha com Deus por uma República Religiosa". Aí, meu caro, sai de baixo, quem for ateu ou praticar outra fé que que não seja a dominante que trate e arrumar a mala para o exílio.           

2 comentários:

eli halfoun disse...

Gonça,
ótima lembrança.Misturar política comreligião acaba sempre em lambança.A Marina blevantou a bola dessa inútil discussão e acabou prestando um desserviço à eleição.Não sei se o Serra é um religioso concvicto como quer parecer fazer crer ou se sua única religião é a de rezar agora apenas em nome dos votos e não em nome de Deus.Não costumo discutir religião (cada um tem a sua e pronto),mas essa coisa agoratem cheirinho de preconceito: discutem o catoliocismno e o evangelismo comno se nesse país não houvesse outros credos.Pergunto: se um dia houver, por exemplo,um candidato judeu será que católicos e evangélicos o banirão da política eo enviarão para um campo de concentração? _

Ludmila disse...

tenho medo desse pessoal talibã