por Gonça
Leia Jabor no Globo de hoje. É altamente revelador. Como Regina Duarte em 2002, ele se confessa "arrepiado". Considera que o país está diante de um mistério: "Dilma ou Serra? Teremos a sabotagem radical da tropas pelegas impedindo Serra de governar ou o revival do arremedo de socialismo que já era ridículo em 63? Arrepio-me" - escreve o colunista. É no mínimo curioso o retrato neo-liberal que Jabor traça de um dos aspectos da campanha política, aquela etapa tradicional que leva candidato às ruas. Folclore à parte, o chamado corpo-a-corpo ainda é o único momento em que candidatos são confrontados pela população, seja em associações de moradores, igrejas, escolas, sindicatos ou no boteco da esquina. O elitismo do colunista se arrepia com essa prática. Olha só a visão cinematográfica do rapaz: "Os candidatos têm que comer pasteis de vento, de carne, de palmito, de buchada de bode e dizer que gostaram, têm de beber cerveja com bicheiros e vagabundos, têm de abraçar gordos fedorentos e aguentar velhinhas sem dentes, beijar criancinhas mijadas, têm de ostentar atenção forçada aos papos com idiotas" (...). Alguém precisa informar ao colunista arrepiado que fora dos salões elegantes e das associações das "classes produtoras", há brasileiros trabalhadores, com dentes ou sem dentes, não necessariamente "vagabundos" ou "idiotas". Eu, por exemplo, acho que os cofres do país correm menos riscos de serem assaltados durante o pastel na esquina do que no caviar dos encontros dos candidatos em salões elegantes com empresários, lobistas e empreiteiros. A "conta" do apoio destes costuma chegar bem rápido, não falha e é alta. Daria para pôr dentes nas velhinhas e fraldas nas criancinhas "mijadas" que assediam candidatos na periferia.
Um comentário:
esse Jabor é detestável.
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