segunda-feira, 23 de agosto de 2010

No humor, os políticos têm medo da concorrência

por Eli Halfoun
É sempre muito bom e bonito quando o povo se solidariza e se une em passeata, que é sem dúvida o melhor discurso que a população pode (e deve) fazer para reivindicar sempre o que lhe é direito para que realmente tenha sentido a máxima de que “o povo unido jamais será vencido”. A passeata contra o cerceamento do humor político reuniu artistas do humor (não digo humoristas porque se assim fosse os políticos também estariam lá) e populares em mais uma demonstração de que a democracia plena se faz e está nas ruas. É lamentável em um país que é (ou se diz) democrático ainda se tenha de que reivindicar o sagrado direito de expressão e de trabalho, de dizer (e mostrar) o que se pensa e da forma que se quiser. Quando amordaçam o humorismo, que é uma expressão artística da maior verdade e melhor qualidade, estão amordaçando também a liberdade do povo. E o que é pior: os políticos colocam uma venda nos próprios olhos para não enxergar que humor político é mais importante do que qualquer discurso demagógico. Ninguém faz caricatura, imitação ou piada com quem não tem nenhuma importância. Ao tentar calar a boca dos humoristas os políticos mostram uma verdade definitiva: se não servem para que se faça humor e porque realmente não servem para nada e não tem a menor importância. Se não for isso só pode ser medo, diria até pavor, da concorrência dos humoristas. Afinal, são os políticos que abastecem quase sempre de piadas prontas, o humor dos verdadeiros humoristas.

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