sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Humorismo não tem nada a ver com falta de respeito. “Pânico” e “CQC” precisam aprender

por Eli Halfoun
Será que humilhar as pessoas com brincadeiras de mau gosto é realmente fazer humorismo? É esse tipo de “humor” que os programas “Pânico” e “CQC” acham muito engraçado. Não percebem que estão apenas sendo grosseiros. Se esse é o novo humorismo brasileiro estamos muito mal servidos. Mesmo assim não se pode negar o sucesso e o talento dos integrantes dos dois programas. Exatamente porque são talentosos é que não precisam partir para uma grosseria descabida achando que assim estão cumprindo seus papeis de fazer rir. O “Pânico” que já foi extremamente cruel é o mais exagerado: o CQC tenta fazer um jornalismo mais divertido, o que nem sempre consegue. Tanto o “Pânico” quanto o “CQC”, que tem sua fórmula importada da Argentina, vieram da escola da turma do “Casseta”, que jamais saiu pelas festas de celebridades para pisar na ferida de ninguém. A turma do “Casseta” faz um humor menos agressivo, mais respeitoso e por isso mesmo mais engraçado. É isso que os “paniquetos” e os “cequetetos” precisam aprender com urgência porque com essa fórmula de tentar deixar as pessoas em uma “saia justa” acabará fazendo com que, não demora muito, não tenham mais quem entrevistar simplesmente porque as chamadas celebridades fugirão desses “repórteres” sem jornalismo e sem graça. Chico Anysio, o nosso humorista maior nunca precisou apelar para qualquer baixaria e é também por isso que continua sendo a melhor referência de humorismo na televisão. “Pânico” e “CQC” resistirão e serão sucesso por ainda muito tempo quando aprenderem que humorismo nada tem a ver com falta de respeito. Pelo contrário: deve ser sempre uma forma de respeito à inteligência do telespectador.

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