O JB registrou a tragédia do Elevado Paulo de Frontin...
...a bomba do Riocentro e...
...a bomba do Riocentro e...
... as primeiras trevas do golpe de 1964. A tomada do Forte de Copacabana. A ditadura nascia na madrugada, com a chuva viria a pesada névoa que encobriria o país por mais de duas décadas.
por JJcomunic
Faltam 48 horas. Na manhã de terça-feira, 31, chega ao fim uma tradição de 119 anos: os cariocas têm um encontro marcado, pela última vez, com a versão impressa do Jornal do Brasil. A partir do dia 1º de setembro, o título sobrevive exclusivamente na versão on line.
A reprodução acima (de famosa foto de Evandro Teixeira, na madrugada de 1º de abril de 1964) é de um dos muitos momentos decisivos da história do Brasil registrados pelo JB. Começava ali a era de chumbo da ditadura militar. Ironicamente, na mesma edição que publicava a foto da tomada do Forte de Copacabana, o JB marcava em editoral seu apoio entusiasmado ao golpe, de resto, uma posição seguida pelos concorrentes Globo, Folha de São Paulo, Estadão e outros. Um trecho do editorial: "Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas" (...).
Na década seguinte, a ditadura submeteria o jornal à censura, que persistiria até os anos 80, afetando a cobertura de episódios como o do ataque de terroristas militares ao Riocentro, em 1981 (foto não creditada), onde se realizava um show de música popular no Riocentro pelo Dia do Trabalho. O regime dava sinais de exaustão e a direita tentava manter o poder à base de bombas.
O JB abria suas páginas para a tensão, para a emoção (de conquistas esportivas, como na eufórica cobertura da Copa de 70) e para a comoção (como a queda do Elevado Paulo de Frontin, em 1971 - foto de Ronaldo Theobald). Nos últimos anos, apesar do esforço e do talento dos seus jornalistas, o jornal enfrentava dificuldades e perdia competividade no mercado. A cidade lamenta. O Rio sentirá falta do seu parceiro de todos os dias.
Um comentário:
Acho um absurdo o fim de um jornal Perde o Rio, perde o Brasil. Ainda leio o JB e admiro a garra e a qualidade dos seus profissionais. É uma pena que desmandos administrativos tenham levado a esse lamentável desfecho. A direção alega que a versão digital é o futuro e o JB está se antecipando à tendência. Meia verdade. Os grandes jornais abrem a opção na internet, que é inevitável com a chegada dos celulares com acesso à rede e ipads, mas mantém e manterão por muitos anos suas versões impressas. A rentabilidade comercial na internet ainda é um terreno nebulosos para jornais e revistas. As versões impressas ainda atraem anúncios mais rentáveis, as versões digitais, que enfrentam fabulosa concorrência, ainda não têm um faturamento firme.
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