segunda-feira, 3 de maio de 2010

Botequim é coisa nossa. Vamos preservá-los

por Eli Halfoun
Sei não, mas cada vez que inauguram um novo e metido a sofisticado bar com características paulistas no Rio fico mais convencido de que deveria haver uma lei regulamentando a construção de botecos, que cada vez mais perdem as características daqueles que fizeram um patrimônio do Rio de Janeiro, como várias coisas são características de outros estados. Só o Rio tem (e pelo visto cada vez menos) botequins de verdade, ou seja, aqueles com mesas, cadeiras, pratos e tira-gostos tradicionais. Os botecos que aportam agora no Rio não são botecos, mas sim restaurantes disfarçados e que não sabem se querem ser chiques ou modernos e acabam não sendo nenhuma coisa nem outra. Isso não significa que nossos botecos devam ser sujos (embora sejam conhecidos como pé sujo), mas precisam manter as características que o fizeram famosos e invejados em todo o Brasil. Botequim é um patrimônio carioca e é assim que precisa ser preservado.

Um comentário:

debarros disse...

Não Eli, o "Botequim não existe mais. Aquele botequim com mesinha com tampo de mármore. Com o garçon, que se tornou o seu amigo e sempre procura lhe servir primeiro. Com dono do Botequim, na maioria das vezes é um português, que tambem se tornou seu amigo e tira um dedo de prosa com você encostado no balcão. Com o botequim que nos fundos sempre tem um banheiro para lhe servir nas horas de aperto. Nào Eli, esse botequim não existe mais. Em seu lugar surgiram as pastelarias da Máfia Coreana, que tomou conta do Rio de Janeiro. As mesinhas acabaram. No seu lugar criaram os balcões. Alguns sem bancos que lhe obriga a comer um salgado, ou tomar um suco em pé sendo cobrado logo para dar lugar a um outro. Oa cafezinhos acabaram. Os paoos que se trocava, algumas horas, sentados à mesinha de um botequim nem são mais lembrados até porque a geração dos frequentadores de botequim se acabou nas dobras das esquinas.
Com o fim do botequim, os poetas e os sonhadores, os idealistas e anarquistas, os revolucionários e aventureiros, os políticos e os reformadores desapareceram das esquinas para nunca mais voltar.
Que comer um pastel vai até onde encontrar um coreano e nessa esquina vai chorar a saudade do botequim que um dia ali existiu.