quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Fotografia: instantes que definem o pesado clima da atual campanha eleitoral americana

por Niko Bolontrin
Matéria no site da Columbia Journalism Review aponta fotos que considera representativas da atual campanha eleitoral americana. E não é para elogiar. Cinismo, hostilidade, ironia e sátira visual são elementos presentes. Não por acaso, a atual corrida eleitoral tem sido considerada a de mais baixo nível da história. Essas e outras fotos foram reproduzidas no Instagram e no Twitter.
Hilary pressionada por repórteres.

Ted Cruz: o então pré-candidato era pro-armas

Por um instante, a imagem de Trump evoca a saudação nazista. 
VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE DA COLUMBIA JOURNALISM REVIEW, CLIQUE AQUI


Pai trola filha para criticar as selfies sensuais da menina...




Reproduções Instagram

por Clara S. Britto

Cansado de pedir à filha Cassie, de 19 anos, que parasse de postar selfies sensuais no Instagram, o pai da menina, Chris, que trabalha no controle de estoques de uma loja e, nas horas vagas, ganha uns trocados como comediante em eventos comunitários, partiu para a gozação e recriou poses da filha.

O caso chamou a atenção da revista US Weekly, que entrevistou a ambos.

Na rede, Chris foi chamado de idiota por outros pais, mas ganhou apoio da maioria.

Cassie achou engraçada a tática do pai para criticar suas selfies, mas não se comprometeu a mudar seu estilo.

Parem de dizer besteira: FORRÓ VEM DE FORROBODÓ

por Jean-Paul Lagarride
Primeiro foi o filme nacional For All/ O trampolim da vitória, de 1997, que mostra a atuação dos militares norte-americanos em 1943 na cidade brasileira de Parnamirim, nos arredores de Natal, no Rio Grande do Norte, durante a construção da maior base militar fora dos EUA em plena Segunda Guerra Mundial. 
A partir do título, o filme veicula a tese de que a palavra “forró” se originou dos bailes “para todos” (“for all”) promovidos pelos gringos.
Agora a Polícia Federal embarca na mesma canoa furada. Em nova e meritória ofensiva em defesa do dinheiro público, decidiu batizar a operação de For All (o alvo são várias bandas de forró que “esqueceram” sistematicamente de declarar seus ganhos nos últimos anos e de pagar o devido imposto.) 
A origem da palavra “forró” ainda é gringa, mas desta vez a fonte é outra. Citamos O Globo de hoje, quarta-feira, 19/10: 
“Segundo a PF, o nome da operação, “For All” (“para todos”, em português) tem relação com a origem do nome forró. Há notícias de que, no início do século XX, engenheiros britânicos instalados em Pernambuco para construir uma ferrovia promoviam bailes abertos ao público, “for all”. O termo passou a ser pronunciado ‘forró’.”                  
Para desfazer este ledo e ivo engano, basta consultarmos a básica Wikipedia, que se valeu dos conhecimentos de nosso maior etimologista, Mestre Evanildo Bechara. Leiam abaixo – as versões em gringuês, inclusive, são mencionadas e devidamente contestadas. 
Origem do nome
 O termo "forró", segundo o filólogo pernambucano Evanildo Bechara, é uma redução de forrobodó, que por sua vez é uma variante do antigo vocábulo galego-português forbodó, corruptela do francês faux-bourdon, que teria a conotação de desentoação[1]. O elo semântico entre forbodó e forrobodó tem origem, segundo Fermín Bouza-Brey, na região noroeste da Península Ibérica (Galiza e norte de Portugal), onde "a gente dança a golpe de bumbo, com pontos monorrítmicos monótonos desse baile que se chama forbodó"[2][3][4].
Na etimologia popular (ou pseudoetimologia) é frequente associar a origem da palavra "forró" à expressão da língua inglesa for all (para todos).[2] Para essa versão foi inventada uma engenhosa história: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, o termo passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos. Outra versão da mesma história substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco por Natal (Rio Grande do Norte) do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos foi instalada nessa cidade.[5]
Apesar da versão bem-humorada, não há nenhuma sustentação para tal etimologia do termo. Em 1912, estreou a peça teatral "Forrobodó", escrita por Carlos Bettencourt (1890-1941) e Luís Peixoto (1889-1973), musicada por Chiquinha Gonzaga[6] e em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base militar em território potiguar, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história musical na gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por Manuel Queirós e Xerém[3].
Histórico
Os bailes populares eram conhecidos em Pernambuco por "forrobodó" ou "forrobodança" ou ainda "forrobodão"já em fins do século XIX.[7]
O forró tornou-se um fenômeno pop em princípios da década de 1950. Em 1949, Luiz Gonzaga gravou "Forró de Mané Vito", de sua autoria em parceria com Zé Dantas e em 1958, "Forró no escuro". No entanto, o forró popularizou-se em todo o Brasil com a intensa imigração dos nordestinos para outras regiões do país, especialmente, para as capitais: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Nos anos 60 grandes forrozeiros fizeram sucesso, tais como Luiz Wanderley, Nino e Trio Paranoá, Sebastião do Rojão, Zé do Baião e muitos outros que, posteriormente, caíram no mais completo esquecimento. Uma possível causa para esse ostracismo vivido pelos cantores de forró dos anos 60 e 70 na atualidade pode ser o desinteresse do grande público pelo forró tradicional, aliado à falta de apoio por parte dos grandes artistas da MPB regional.
Nos anos 1970, surgiram, nessas e noutras cidades brasileiras, "casas de forró". Artistas nordestinos que já faziam sucesso tornaram-se consagrados (Luiz Gonzaga, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Genival Lacerda) e outros surgiram. Foi nessa década que surgiu a moda do forró de duplo sentido, consagrada pelas composições e interpretações de João Gonçalves. Outros grandes cantores do período foram Zenilton e Messias Holanda.
A década de 1980 foi de crise para o forró, o que fez com que grandes nomes do gênero carregassem na maliciosidade das letras para atrair a atenção do público. Foi a década do chamado "forró malícia" representado por nomes como Genival Lacerda, Clemilda,Sandro Becker, Marivalda entre outros. Foi nessa década que a bateria (esporadicamente utilizada nos anos 70) foi inserida oficialmente na instrumentação do gênero, assim como a guitarra, o contrabaixo e, mais raramento, os metais. A década de 1980 terminou sem que o gênero conseguisse recuperar o prestígio e, nos anos 1990, surgia um movimento que procurou dar novo fôlego ao forró, adaptando-o ao público jovem; era o nascimento do reinado das bandas de "forró eletrônico", surgidas no Ceará, cuja pioneira foi a Mastruz com Leite. Outros grandes nomes desse movimento são Calcinha Preta (que impulsionou o crescimento do forró pelo Brasil e pelo mundo a fora), Cavalo de Pau, Magníficos e Limão com Mel.
 Referências
1. BECHARA, Evanildo (2009). Minidicionário da Língua Portuguesa Nova Fronteira [S.l.] p. 957. ISBN 9788520921852.
2. ↑ Ir para:a b Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete "forrobodó"
3. ↑ Ir para:a b Sobre Palavras - Forró vem de "for all"? Conta outra!, Sérgio Rodrigues, Revista Veja, 4 de agosto de 2011
4. José Augusto Carvalho. . "A origem forrobodó". Conhecimento Prático Língua Portuguesa (53). Editora Escala.
5. ↑ a b c Mvirtual. «Forró - Origens e Manifestações atuais». Consultado em 13 de janeiro de 2012.
6. ChiquinhaGonzaga.com - peças teatrais
7. IEnciclopédia da Música Brasileira: p. 301.
8. Ricardo Schott (Janeiro de 1995). «Raimundos: A corrida do ouro». Super Interessante


Imprensa: a notícia possível


por Elstor Hanzen (para o Observatório da Imprensa)

Um dos livros mais interessantes sobre o processo produtivo do jornalismo e, por consequência, da própria construção da realidade social, é do pesquisador espanhol Miquel Rodrigo Alsina: A construção da notícia. A obra de teorias do jornalismo e da notícia reflete que o noticiário não é só resultado de um trabalho profissional de produção de textos, e muito menos uma simples representação da realidade, mas o resultado de um processo de construção que começa com a compreensão da realidade na qual os eventos acontecem, resumindo o processo em três fases – seleção, hierarquização e tematização da informação. Assim a mídia realiza uma atividade especializada da qual depende a construção da própria realidade social.

Alsina faz a seguinte definição: a notícia é uma representação social da realidade cotidiana, gerada institucionalmente e que se manifesta na construção de um mundo possível. Ela “é gerada numa instituição informativa que pressupõe uma complexa organização”. Mas, além disso, o papel da mídia é institucionalizado e tem a legitimidade de gerar a realidade socialmente relevante.

Embora se esteja diante de um processo complexo de produção industrial da notícia, a mídia não mostra isso com facilidade, pois quer transmitir a autoimagem sobre seu trabalho como sendo apenas uma receptora e retransmissora de informações – uma espécie de reprodutor da realidade. E, justamente por esse ser um contexto pouco conhecido da grande maioria da população, os conceitos de jornalismo como espelho da realidade e da objetividade jornalística tiveram terreno fértil por muito tempo.

A objetividade como estratégia

No livro, o pesquisador chama esses conceitos de táticas para ocultar o verdadeiro funcionamento da produção noticiária e, agrupando outros autores ao seu pensamento, faz um percurso pelo desenvolvimento do acontecimento e sua importância antes de ganhar a grande massa midiática da atualidade. “O jornalista é o autor de um mundo possível que se manifesta em forma de notícia. Na construção da notícia estão presentes três mundos distintos e que estão inter-relacionados; são eles: o mundo ‘real’, o mundo de referência e o mundo possível.”

O autor explica que o mundo real ou o mundo dos acontecimentos é onde o jornalismo recolhe parte das informações; o recorte é feito com base no mundo de referência – cultura, conhecimento, orientação editorial do veículo –, quando se estabelece a verossimilhança com os fatos conhecidos e recolhidos do mundo real; e daí se constrói o mundo possível com marcas da veracidade.

Evidentemente que tais procedimentos ocorrem dentro de um modelo de conveniência política, ideológica e fatores técnicos do órgão de comunicação que confecciona a notícia. Com isso a produção se reduz, basicamente, em seleção, hierarquização e tematização: contato direto e geral aos acontecimentos – exclusão/inclusão; atribuição de importância menor ou maior ao fato na edição e estabelecer os temas que devem centrar a atenção da opinião pública, respectivamente. Assim, o espanhol conclui que quando mais avançar na ordem desse processo maior será a discricionariedade do produtor, ou seja, o poder de controle e de interferência do profissional e do veículo de comunicação será maior na parte da hierarquização e da tematização dos assuntos, a saber.

A objetividade no jornalismo foi adotada por vários motivos, inicialmente nos EUA, para viabilizar uma ideologia de modelo liberal de imprensa. Tem como proposta básica desvincular os fatos do seu contexto histórico e de qualquer tipo de classe, além de neutralizar o sujeito do enunciado, o que de forma alguma é factível, ressalta Alsina. Seria o mesmo que excluir o observador da coisa observada. O conceito, aliás, nunca foi imutável à crítica e enfrentou sua maior crise nos anos de 1960, com o aparecimento do “novo jornalismo”, muito mais subjetivo e flexível na estrutura narrativa dos fatos, inclusive focado em contar mais os pequenos acontecimentos do cotidiano.

Ademais, conforme Alsina, o século 20 foi marcado pela utilização dos meios de comunicação para fins políticos e de guerras, o que acabou de vez com a ideia da objetividade como requisito de verdade das notícias. Como estratégia militar, exemplifica o autor, a informação pode sofrer um apagão ou vier em excesso. No primeiro caso, usam-se dados técnicos para justificar a não publicação, sonegando os fatos do conhecimento público; no segundo, a hiperinformação e as imagens chocantes são dadas para desviar a atenção da opinião pública da verdade, como no caso da Guerra do Golfo em 1990, por exemplo.

LEIA O ARTIGO COMPLETO NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, CLIQUE AQUI




Esquentando... UOL terá camarote na Marquês de Sapucaí

Segundo o Meio & Mensagem, o UOL terá um espaço exclusivo na Marquês de Sapucaí durante os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Pela primeira vez, o portal terá um camarote próprio no Sambódromo, onde receberá convidados e promoverá shows.
O UOL realizará, ainda, dois bailes em São Paulo e cobrirá os carnavais de outras cidades.

"Kim Kardashian do Bolsa Família" doa R$ 75 milhões para campanha eleitoral". Ooopps! Desculpe aí. São 75 reais... Ou 750 reais... E o nome dela é Geni

ONTEM
HOJE

AGORA


Se a notícia interessar, embrulha e manda? Então, tá.

Ontem, o Globo divulgou na primeira página uma espantosa informação do TSE. Uma beneficiária do Bolsa Família, uma só, doou R$ 75 milhões para campanha eleitoral.

O povo diz que acredita em qualquer coisa quem está louco de vontade de ver como verdade o boato.

O Bolsa Família, como, de resto, a maioria das políticas sociais, é desde o minuto zero detestado pelo neoliberalismo.

A "notícia" viria a calhar para desmoralizar de vez o instrumento de renda auxiliar.

Tome primeira página.

No mínimo, tenha a suposta  beneficiária (agora ela passou a ser chama da suposta) originado o erro ou não, uma doação tão monumental mereceria uma investigação própria por parte da mídia.

Hoje, em página interna, o jornal publica um "foi mal". Os 75 milhões de reais das contas de uma candidata a vereadora que não se elegeu eram, na verdade 75 reais.

Pra confundir mais um pouco, ou esclarecer, sabe-se lá, o G1 diz agora que a doação foi de 750 reais...

Parece até música do Gonzagão: "Eu lhe dei vinte mil réis/Prá pagar três e trezentos/Você tem que me voltar/Dezesseis e setecentos!/Dezessete e setecentos!/ Dezesseis e setecentos!..."

Fazer o que? Nesses momentos o "jornalismo" não se diferencia das fantasiosas e às vezes até hilárias, de tão absurdas, correntes de email.

Se o TSE errou ao divulgar, o jornal também vacilou ao publicar a "notícia" sem sequer tentar descobrir quem seria essa bilionária "Kim Kardashian do Bolsa Família" e para quem ou quais candidatos ela teria doado toda essa bufunfa.

Ontem, alegava-se "sigilo da investigação", hoje, rapidinho, isso foi esquecido e candidata e contador já são até entrevistados.

Em tempo: a doadora chama-se, na verdade, Geni. Pois é, jogaram merda na Geni e ela é inocente.

Sem falar que o Bolsa Família é uma espécie de Geni para a direita brasileira.

O TSE está investigando irregularidades em doações para campanhas eleitorais, o que é sua obrigação. Diz-se que os valores ultrapassam o bilhão de reais. O ideal é que seja transparente e divulgue nomes de doadores (o que é público e obrigatoriamente deve constar das contas dos candidatos) e destinatários das doações.

Depois de conferir os números, naturalmente

A fé não costuma "faiá"... Repórter Fernando Molica tira o Apocalipse do armário

Coube ao repórter Fernando Molica, que nos anos 1980 foi free lancer da Fatos & Fotos e da Manchete, revelar o que parecia óbvio mas até aqui não despertava o interesse da mídia em geral: as pérolas do pensamento fundamentalista do candidato a prefeito do Rio, Marcelo Crivella, registradas em livros que a campanha do sobrinho do Macedo e do aliado do Garotinho preferiria que permanecessem empoeirados no fundo do baú.

A onda conservadora tem favorecido políticos que acenam com a perigosa mistura, como o mundo mostra, entre política e religião. O que é lamentável e não vai acabar bem.

O caso do Rio é exemplar. Um candidato acusado de agredir a mulher foi justamente rejeitado pelo voto feminino. Como em um jogo sem saída, um não-tem-tu-vai-tu-mesmo, o Rio poderá ser governado por um religioso que, segundo revelações do Molica, expressou nos livros que escreveu ou organizou o "dogma" de que a mulher deve ser submissa ao homem.

Antes, definiu religiões que não a sua como "diabólicas", usou um termo racista, "mundo amarelo", para dizer que no Oriente "os espíritos imundos vêm disfarçados de forças e energias da natureza".

Demônios são responsabilizados por vícios, homossexualidade e doenças, o que sugere que uma "política" de saúde "eficiente" seria espalhar pela cidade clínicas ambulatoriais para expulsão do diabo dos corpos e mentes.

Hoje, o site Conexão Jornalismo tira do armário mais um dado revelador.



É a música "Chute na Heresia" onde o atual candidato comenta o famoso chute em uma imagem de N.S Aparecida perpetrado por um colega pastor, Sergio von Helde.

A canção faz parte de um CD de Crivella e a letra não poderia ser mais explícita: "Na minha vida dei um chute na heresia / Houve tanta gritaria de quem ama a idolatria / Eu lhe respeito meu irmão, não quero briga / Se ela é Deus, ela mesmo me castiga" (...) "Aparecida, Guadalupe ou Maria / Tudo isso é idolatria de quem vive a se enganar / Mas não se ofenda meu irmão, não me persiga / Se ela é Deus, ela mesmo me castiga".

Além de ironizar o ponta-pé em um símbolo religioso caro a milhões de brasileiros católicos, a letra tem notas ameaçadoras e meio "bélicas": "Eu vou cortar o poste de baal? Atropelar a jezabel com meu cavalo/Lançar a pedra na cabeça do golias/E lutar a cada dia contra essa idolatria/Eu quero ver a babilônia despencar/E a fornalha não queimar/Aquele que só serve a Deus/O mar aberto, nosso povo a passar/Faraó a se afogar no meio do mar vermelho".

Crivella tem acusado o opositor, Marcelo Freixo, de supostamente apoiar a tática black bloc.

Mas esse versinho aí, meu amigo, é puro black bloc do fundamentalismo.

Barra pesada. Eu, hein?

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Car Wash Park: um mundo de sonho e fantasia...








por O. V. Pochê

A Lava-Jato ainda vai render livros - já saíram dois, um que é samba-exaltação e outro que mostra o "outro lado" da operação, aquele que não chega à mídia - há citação em novelas, projetos de filmes, seriados, um museu (quem sabe com figuras em cera do juiz, da força-tarefa, do japonês, dos caguetas e dos acusados) e futuramente, segundo vazamentos de fontes não-identificadas, será construído um parque temático em Curitiba onde os visitantes poderão interagir com holografias das principais figuras da operação, games do tipo caça-níquel onde os turistas simularão delações premiadas e, se o depoimento mandar um petista pra cadeia, receberão uma grana de respeito.

Nasce o Car Wash Park.

Uma espécie de Las Vegas da lei.

Réplicas do triplex de Lula e do sítio poderão ser visitadas. A lanchonete servirá todos os tipos de petiscos, inclusive hamburger de jabá, mas coxinhas serão oferecidas gratuitamente. O livro dos visitantes terá um interessante característica: em vez de assinatura, impressão digital. Os mais realistas poderão passar uma noite na réplica da cela de um condenado.

Haverá simulações de como vivem em suas mansões alguns delatores premiados, seus hábitos de consumo sofisticado etc.

Sobre um dos mais famosos alvos da Lava Jato, um ex-presidente da Câmara, não há nada planejado no parque temático já que não há certeza nem previsão de que a dita figura sofrerá condenação ou mesmo se será inocentada por falta de provas.

Haverá um recanto de tucanos onde as aves passearão livremente. Na parte educativa, lideranças do PMDB darão aulas de ética para crianças e participarão de um reality show de etiqueta política.

Os idealizadores do Car Wash Park estão finalizando o projeto básico e pretendem reivindicar inclusão do empreendimento na Lei Rouanet, pelo seu inegável impacto cultural e educativo.

Dentre os desdobramentos culturais e intelectuais da Lava Jato apenas o filme épico que, segundo a mí dia, seria dirigido por José Padilha enfrentaria percalços. O diretor teria convidado o ator Wagner Moura para o papel de galã da força-tarefa. Moura teria declinado.
Não há notícia se ele mudará de ideia ou se será conduzido coercitivamente ao set. Embora tenha topado viver o drug lord Pablo Escobar na série do Netflix e percorrido os grotões de Medellín, Moura surpreendentemente teria achado complicado ligar seu nome às pessoas em terrenos de Curitiba ainda não desbravados pela História. Será?

Vaza na Operação Mobral - Revista cria um novo verbete: "exitou", supostamente de hesitar


por Holanda Aurélio Houaiss Buarque

Um vazamento da Operação Mobral revela que os passaralhos da Editora Abril podem ter atingido dois funcionários que antes atuavam nas redações: um deles tinha o apelido de "Português" e o outro atendia pelo codinome de "Ortografia".
Em matéria sobre o desdobramento do caso Fábio Porchat-Rita Cadilac - o apresentador pediu desculpas por ter sido grosseiro com a convidada do seu programa - a revista conta que, em sinal de paz, Porchat deu um beijo na lendária bunda da Cadilac.
Segundo o texto da Veja, Rita "exitou". Não se sabe se a intenção foi criar um novo verbo para nomear o "êxito' do beijo ou vagamente passou pela cabeça do sujeito dizer que Rita demonstrou dúvida, hesitou. O texto também erra o acento de derrière, mas aí é outro departamento fora da jurisdição da operação..
Aguarda-se um novo vazamento de depoimentos à força-tarefa da Operação Mobral para identificar o responsável.  Não vale "delassão" premiada

domingo, 16 de outubro de 2016

Capa da Time: derretimento de Donald Trump... a continuação



por Jean-Paul Lagarride

A mídia americana tem divulgado uma sequência de depoimentos de mulheres que foram sexualmente atacadas por Donald Trump.

Hoje, divulgam o relato de uma ex-participante do programa O Aprendiz, que ele apresentava na TV.

Segundo ela, Trump forçou um beijou na boca e fez-lhe uma promessa de emprego. Outra mulher, hoje septuagenária, denuncia que foi tão apalpada por Trump que em certo momento achou que o atual candidato à Casa Branca tinha umas oitos mãos, algo como um polvo, tal a capacidade de estar presente em tantas partes do seu corpo no mesmo momento frenético.

Tudo indica que tais revelações podem decretar o naufrágio da candidatura republicana.

Se isso acontecer, o mundo ficará devendo essa às mulheres que Trump assediou.

A revista Time deu há algumas semanas uma capa do Trump derretendo (Meltdown). Não sei se o fato é inédito entre as grandes revistas do mundo, mas a edição dessa semana é ilustrada por uma espécie de continuação da mesma capa.

Na Time Parte II, Trump aparece ainda mais liquefeito (Total Meltdown).

Revista diz que Venezuela, Bolívia e Equador invadirão o Brasil caso Lula seja preso. Prepare-se para defender as fronteiras da Pátria cantando "verás que um filho teu não foge à luta"

por Flávio Sépia

A velha mídia costuma criticar blogs jornalísticos e redes sociais e até defende um bloqueio aos alternativos. Argumenta que só o baronato da comunicação detém a credibilidade. A realidade e o avanço da mídia digital independente desmentem tal autodefesa. A internet já derrubou o absolutismo do jornalismo comercial. Se, por interesses próprios, a velha mídia não publica determinado fato, este não vai mais para debaixo do tapete corporativo, são múltiplas as chances de podres poderes virem a público em canais de grande audiência (medida, aliás, em milhões de leitores). 
Mas...e quando a velha mídia veicula fantasias como se fosse uma dessas incríveis correntes de emails? Deve-se dar credibilidade ao vale o que está escrito deles? 
Olha só o que a Veja divulgou no seu site.




O pior é que um assessor político do Temer acreditou realmente que Venezuela, Bolívia e Equador estão de tanques lubrificados e caças esquentando motores para atacar o Brasil. 
Leia o post do sujeito:




Registre-se que o assessor logo em seguida caiu na real, viu que ajudava a espalhar boatos, postou sua desconfiança e rapidinho fez delação não premiada da fonte da "notícia":



A Rádio Gaúcha tem a íntegra da entrevista de Dilma Rousseff no seu site oficial.  Não há indício de que o Doutor Fantástico, o famoso personagem de Stanley Kubrick que lança um bomba nuclear na União Soviética por desconfiar que comunistas estariam envenenando os reservatórios de água dos Estados Unidos, tenha assessorado Dilma durante a entrevista à rádio.


De qualquer forma, já que a "credibilidade" move a velha mídia, vale o alerta: cave trincheiras, lubrifique os fuzis, tire a poeira do uniforme e apresente-se ao posto de recrutamento mais próximo. Prepare-se para defender as virgens e as crianças: o Brasil precisa de você!

sábado, 15 de outubro de 2016

Faça humor não faça bullying: Fábio Porchat humilha Rita Cadilac na Record








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Google e SIP se unem para combater censura on line

(do site da ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) 

A Associação Interamericana de Imprensa (SIP) e o Google anunciam uma nova parceria para combater os ataques DDoS como ferramenta de censura e expandir a disponibilidade e adoção do Projeto Shield, um serviço gratuito desenvolvido pela Jigsaw que utiliza a tecnologia e infraestrutura do Google para proteger os sites de notícias e a liberdade de expressão de ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS) em toda a América Latina.

O objetivo da parceria entre a SIP e Google é garantir que todos os membros da associação estejam protegidos contra ataques DDoS. O Projeto Shield, serviço da Jigsaw, está disponível para empresas jornalísticas independentes, de todos os tamanhos, além de organizações de direitos humanos, e grupos de acompanhamento eleitoral, todos que, frequentemente, são alvos de ataques DDos. Os ataques DDoS são considerados uma das formas mais perigosas de censura digital no século 21 e estão crescendo a um ritmo alarmante.

As publicações de notícias estão, especialmente, em risco de serem alvos de ataques por questões políticas, econômicas ou pessoais. Os ataques DDoS têm derrubado editoras grandes e pequenas, desde o TechCrunch e Página12 até a BBC. De acordo com um relatório NeuStar, as chances de uma empresa ser atacada pela primeira vez são de 50%, e a chance de ser atacada novamente é de 80%. Estima-se que 50% dos sites de mídia já foram atingidos.

"A SIP tem estado na linha de frente na defesa pela liberdade de expressão desde quando foi criada", disse Pierre Manigault, presidente da Associação Interamericana de Imprensa, durante a Assembléia Geral da organização na Cidade do México. "À medida que o consumo de notícias tem sido cada vez mais digital, há evidências preocupantes de que novas formas de censura estão crescendo, o que poderia limitar a capacidade dos editores de entregarem notícias, opiniões e análises para um número cada vez maior de pessoas nas Américas. Por meio desta parceria, esperamos oferecer proteção total contra ataques DDoS para grandes e pequenas editoras em toda a região.”

O Projeto Shield foi criado pela Jigsaw, uma empresa da Alphabet, controladora do Google. O serviço gratuito foi lançado no início de 2016 como uma forma de defender as organizações jornalísticas do mundo de ataques DDoS, e é parte do objetivo maior da Jigsaw de acabar com a censura repressiva online. O Projeto Shield é gratuito para organizações elegíveis e os novos usuários podem se inscrever aqui.

"Estamos muito contentes em anunciar esta nova parceria com a SIP para proteger as publicações de notícias em toda a América Latina", disse George Conard, gerente de produto da Jigsaw que lidera a equipe do Projeto Shield. "Nosso objetivo é acabar com censura online repressiva, e defender as publicações contra ataques DDoS, um passo crucial para eliminá-los como uma ameaça à liberdade de expressão."

O Projeto Shield utiliza um sistema de defesa multi-camadas e é construído com a infraestrutura sofisticada do Google para proteger as publicações contra toda a gama de ataques DDoS, grandes e pequenos, vetoriais e multi-vetoriais. Ou seja, o Projeto Shield utiliza as próprias defesas do Google e capacidade de rede para proteger sites de notícias de ataques DDoS.

VISITE O SITE DA ABRAJI, CLIQUE AQUI


Pqp! Foi gafe? Talvez. Mas fica valendo como a melhor expressão para descrever o efeito Donald Trump.


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Fotomemória da redação: em um sábado como este peladeiros da Manchete entravam em campo...

Sábado de sol, dia de jogo em Teresópolis. Manchete em campo. Não por acaso em um "estádio" perto da Granja Comari, hoje sede da Seleção Brasileira. Sem data precisa, provavelmente lá por meados da década de 1970.
Pelada de responsa, com direito a uniforme, bola nova e árbitro.
De pé: sua senhoria, o juiz (infelizmente não identificado, o que não é mal, dizem que juiz bom é o que não chama atenção), Cesarion Praxedes, Julio Cesar, Paulinho, Gervásio Baptista e Jader Neves com a camisa da Adidas (seria um merchandising?)
Agachados: Arnaldo Niskier, David Klajmic, Alberto, Osmar Gonçalves e Ney Bianchi.
A pequena mascote seria a filha do Arnaldo. 

Deu no Conexão Jornalismo: "O favorecimento do Flamengo e a crise moral no futebol"

por Fábio Lau
Favorecimentos ao Flamengo nos campeonatos, sejam eles regional ou nacional, são queixas constantes. E não há dúvidas de que boa parte delas é verdadeira e pertinente.

O mesmo acontece com o Corinthians.

Costumam ironizar: "o copo caiu? pênalti para o Corinthians!".

Detentores das maiores torcidas do país, não por acaso são as equipes que mais recebem recursos da Rede Globo para garantir a transmissões das partidas via PPV. Tê-las, portanto, em disputa de título em uma competição acirrada quanto o atual Campeonato Brasileiro é algo mercadologicamente importante para quem investe no futebol.

A partida desta quinta-feira (13) entre Fla X Flu foi exemplo claro. Um gol do tricolor, anulado pelo auxiliar quando o placar ficaria empatado em 2 a 2, foi confirmado pelo árbitro que o considerou legal. Mas eis que as queixas do time do Fla levaram o juiz a um comportamento para lá de suspeito. Ele aguardou por 13 minutos que lhe dissessem o que de fato ocorreu - ou, em outras palavras, como deveria proceder. Quem é que está acima do juiz em campo para determinar suas decisões? Você sabe.

É importante que se frise este ponto. A decisão passou obrigatoriamente pela Rede Globo. É ela quem disponibiliza recursos eletrônicos usados nas transmissões para dirimir dúvidas durante os jogos. Portanto, foi ela quem indicou, provavelmente baseada nas câmeras, que o gol foi ilegal. Foi? Não Foi? Mesmo o chamado tira-teima é falho. Isso já foi verificado quando confrontados equipamentos da Globo e da Fox.

Mas o fato é que a derradeira decisão da arbitragem, anulando o gol, beneficiou o Flamengo que passa agora a ter condições de igualdade com o Palmeiras na competição. Ambos vão disputar oito partidas para garantir o título. Mas a dúvida sobre as reais intenções de quem manipula resultados, mesmo diante das câmeras e em partidas Ao Vivo, permanecerá.

O cinismo, neste processo todo, é que ainda se discute se o futebol deve ou não aderir ao chamado recurso eletrônico para torná-lo mais honesto. Muitos não aceitam e tem até boas razões. Mas, afora estas, outras são inconfessáveis. Há uma máfia no mundo que aposta sobre resultados de jogos e campeonatos. E o Brasil acredita que estaria fora dela? Outros torcedores, ao contrário, querem a precisão no lugar da polêmica. Com isso as câmeras seriam consultadas durante as partidas.

Ontem, no estádio de Volta Redonda, o recurso tecnológico foi adotado. Informalmente. Clandestinamente. E os cínicos fingem não ver.

O futebol é uma atividade que é, na prática, um "negócio" meramente comercial. E, como tal, cercado de canalhas interesseiros por todos os lados. Vê-lo como prática esportiva, entretenimento e cultural é para nós, os ingênuos.

Se tirarmos a bola do centro do campo restará apenas a evidência de que no seu entorno há interesses criminosos que usam jogadores, torcedores e a paixão para se manterem pujantes.

O que aconteceu em favor do Flamengo é algo corriqueiro. E, como diria Millor Fernandes, o que espanta é o susto.

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Atualização: A TORCIDA FLAMÍDIA...

Reprodução/Globo, hoje 



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Deauville: 50 anos depois, o set onde Claude Lelouch filmou "Um homem e uma mulher"

por José Esmeraldo Gonçalves

Algumas cidades ganham links irremovíveis que remetem a filmes antológicos.

Impossível ir a Casablanca e não lembrar de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, embora o filme clássico tenha sido rodado inteiramente em estúdio apenas com a inserção de umas poucas cenas do Marrocos real.

De Paris, Roma e Nova York nem se fala tantas são as referências cinematográficas.

O mundo só ouvia falar de Stromboli, a 70 km de Nápoles, quando o vulcão local entrava em erupção. Mas a pequena ilha se tornou definitivamente famosa e passou a atrair turistas quando o diretor Roberto Rosselini a transformou em set para Karen (Ingrid Bergman) e o pescador Antonio (Mario Vitale). Hoje, Stromboli, a ilha, e Stromboli, o filme, ainda se confundem no imaginário dos visitantes.

Há centenas de exemplos. Deauville, na Normandia, também tem o filme da sua vida: "Um homem e uma mulher", de Claude Lelouch.

Balneário sofisticado, a cidade sedia um importante festival de cinema, tem um cassino que atrai parisienses desde o começo do século passado e recebe corridas de cavalo milionárias. Mas cabe a Les Planches, as famosas passarelas de madeira que emolduram a areia banhada pelo Atlântico Norte, levar os passantes ao filme de Lelouch.

Em 1966, há 50 anos, quando a nouvelle vague estava no auge, Anne Gauthier (Anouk Aimée) e Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant) viveram naquela praia cenas de uma dramática história de amor que comoveu as plateias da década, ganhou a Palma de Ouro de Cannes, em 1966, e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano seguinte.

Em 1986, Claude Lelouch voltou a Deauville com o mesmo par central do primeiro filme para rodar "Um homem e uma mulher 20 anos depois", que não obteve o mesmo sucesso nem destronou o original na memória da cidade.

Para a maioria dos turistas, caminhar sobre o deque de Deauville é percorrer por instantes os fotogramas de Lelouch e ouvir, ainda que em play back imaginário, a célebre trilha sonora de Francis Lai.

Deauville, a praça central.

O deque em cartão postal do começo século passado. Reprodução.

Les Planches, hoje, com a homenagem a atores e atrizes em cada cabine, e...

...no filme "Um Homem e Uma Mulher" (Foto:Divulgação)

Um casal na praia ainda ensolarada, há poucos dias, neste outono de 2016 e...

... na cena, em 1966, do premiado filme de Claude Lelouch (Foto Divulgação)

Em Deauville, a homenagem ao cineasta.
Fotos de J.Esmeraldo Gonçalves

Alô editores de arte: chegou a hora de comemorar as melhores capas do ano...

Realizado pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), com o objetivo de valorizar o trabalho dos editores de arte e jornalistas, o Concurso Melhor Capa do Ano 2016 – Voto Popular – Categoria Impressa está com votação aberta.

As 16 capas finalistas foram escolhidas pela Comissão Julgadora, formada por representantes escolhidos pelo Presidente da Comissão Editorial da entidade,

Na edição de 2016 os títulos concorrentes são: A verdade por trás dos Contos de Fada, Atrevida; Casa Claudia, Casa Vogue, Elle, Época, Exame, Galileu, Marie Claire, Menu, Minha Novela, Mundo Estranho, Planeta; Rolling Stone, Superinteressante  e Veja.

A premiação das vencedoras vai acontecer no dia 20 de outubro de 2016, durante o X Fórum ANER de Revistas no Auditório Philip Kotler – Escola Superior de Propaganda e Marketing. - Vila Mariana - São Paulo.


AS 16 CAPAS FINALISTAS




















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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

33 ANOS ANTES DO NOBEL, MANCHETE JÁ RECONHECIA E EXALTAVA O VALOR LITERÁRIO DE BOB DYLAN

Por ROBERTO MUGGIATI


Em 1983, Justino Martins, editor da Manchete, me encomendou uma série. Na gíria “joia” e “chuchu-beleza” da época (jóia com acento e xuxu-beleza com xis) ela se chamaria “Os jovens que balançaram o coreto”.

(Bagunçaram já seria exagero e balançaram tinha mais suingue...)

Escolha óbvia para abrir a série, Bob Dylan era o poeta pop profeta dos novos tempos, anunciando coisas terríveis em suas letras líricas e cáusticas.

Intitulada BOB DYLAN/O TROVADOR DO PROTESTO, a matéria abria assim: “No meio da década de 60, um jovem cantor colocava contra a parede a classe média americana: ‘Alguma coisa está acontecendo, mas você não sabe o que é, sabe, Mr. Jones?’ Claro, os Mr. Jones da América nada sabiam do que estava acontecendo. Quem sabia eram seus filhos, os próprios agentes silenciosos daquela revolução. Na verdade, não tão silenciosos, porque suas armas eram a voz e o violão.”

Sempre antenado nas artes (duplo sentido) da juventude, Justino tinha começado a se interessar por rock para “entender” a filha adolescente (Maria) Valéria. Lembro uma noite de sábado no Maracanã, nós assistindo ao show do Kiss – aquela banda escabrosa de heavy metal que estava no auge. VIPs, ficamos no gramado do Maraca. A certa altura, vi o Justino, no meio de toda aquela barulheira, cochilando apoiado numa grade de proteção. A doença já havia tomado conta e ele se foi em agosto – uma morte que costumo chamar de simbólica, porque a TV Manchete tinha ido ao ar em junho e começara seu lento, mas firme, trabalho de sepultar a editora com todas as suas revistas.

Da série “Os jovens que balançaram o coreto” separei alguns perfis dos roqueiros, escrevi outros, e publiquei em 1984, em forma de livro, pela L&PM com o título de Rock: do sonho ao pesadelo.

(Ainda Dylan: numa de suas primeiras turnês pelo Brasil, minha sobrinha Anna Muggiati – que também trabalhou na Manchete – serviu de intérprete para ele. Dylan fez questão de fazer o trajeto São Paulo-Rio de ônibus e parou no meio da viagem para ver a paisagem mais de perto.) Aliás, o roqueiro ainda continua na sua Never Ending Tour, iniciada em 1988, fazendo uma média de cem shows por ano, quase um a cada três dias.

Finalmente, 115 anos depois de instituído o prêmio, a Academia Sueca resolveu conceder o Nobel de Literatura a um poeta pop. Nos corredores da Manchete, o (Carlos Heitor) Cony costumava gozar meu entusiasmo pelo rock e aquilo que ele chamou de “o legado cultural de John Lennon”.

Está vendo aí, Cony? Academia e contracultura não estão mais tão distantes e/ou opostas como naqueles tempos. . .





A SEGUIR, NA ÍNTEGRA, REPRODUÇÃO DO TEXTO DE ROBERTO MUGGIATI SOBRE BOB DYLAN PUBLICADO NA MANCHETE E, POSTERIORMENTE, NO LIVRO "ROCK: DO SONHO AO PESADELO"
(Clique nas imagens para ampliar)