domingo, 21 de julho de 2024

APPLECALIPSE: a tela azul do fim do mundo cibernético.


por Flávio Sépia

Ok, a Apple foi atingida em seus Macs, mas não gerou o apagão. Em todo caso, não resisti ao apelido do caos cibernético dado pelo amigo Roberto Muggiati. Applecalipse. O mundo percebeu que está tão conectado às grandes techs que uma simples atualização de software de apenas uma empresa derrubou serviços de informática ligados ao ambiente Windows em aeroportos, hospitais, empresas, bancos, sites diversos e computadores pessoais. O Brasil sofreu pouco, tem apenas 5% dos clientes globais da empresa CrowdStrike responsável pelo apagão dos produtos que afetou cerca de 9 milhões de aparelhos em todo o mundo, segundo a Microsoft. A maior parte dos danos ocorreu nos Estados Unidos. O caos resultante da falha comprova a fragilidade dos chips e apps espalhados pelo mundo. Tudo indica que o erro pode ter sido humano. Outra interpretação indica influência de dispositivos de IA autônomos e abusados. Seja lá qual for a causa, uma coisa é certa: a humanidade começa  a perder o controle do planeta. De "motorista" vai virar "passageira". 



sexta-feira, 19 de julho de 2024

Influenciadores 171 agora têm a polícia como seguidora premium

por Ed Sá

Nas últimas semanas, essa categoria de pessoa passou de "influencer" a ser influenciada pela polícia. Vários deles ou delas adotaram o estelionato como padrão de vida. Uns e umas ajudaram a enganar incautos promovendo a peso de altos cachês o chamado jogo do tigrinho feito para morder otários. Outros vendem rifas cuja mágica é fazer o prêmio desaparecer antes de chegar ao ganhador, no caso, perdedor. Um sujeito que atende pelo nome de Nego Di abriu até uma loja para vender "promoções". O preço do produto oferecido era excepcionalmente baixo. Só que o agora réu não entregava a mercadoria. Esse caso do Nego Di tem uma particularidade. Durante as enchentes do Sul ele ganhou protagonismo criticando o governo federal e difamando pessoas em posts geralmente inundados de palavrões. Em função disso, apoiadores do réu estão tentando convencer as redes sociais de que o Di é, na verdade, um perseguido político. Ou seja, inventaram o 171 do "bem", o militante da picaretagem engajada na extrema direita. Nenhuma novidade. 

Dito isso, se o seu filho revelar que quer ser "influencer" quando crescer avise que tudo bem, mas ele ou ela poderão ser condenados (as) a influenciar colegas de cela nada influenciáveis. Problema dele ou dela.

Na capa da IstoÉ: o ladrão sem casaca

 


Na capa da Carta Capital: o "mito" trincado

 


Fotomemória - Dia Nacional do Funk inspira redes sociais a revisitar os pioneiros de um gênero musical que a ditadura perseguiu

Tony Ttornado na BR-3, em 1970. Foto Manchete
 (infelizmente a revista não deu o créditos do autor da imagem) 

Criado em dezembro de 2023, o Dia Nacional do Funk foi comemorado pela primeira vez em 12 de julho. de 2024. A data acaba deser oficializada em votação na CCJ da Câmara dos Deputados. As redes sociais festejaram a homenagem citando os primeiros bailes no Rio de Janeiro e em São Paulo e os cantores, músicos e Djs que abriram o caminho no anos 1970, como o movimento Black Rio, Gerson King Combo, Dom Filó, Sandra de Sá, Gerson King Combo, os Djs Big Boy e Luizinho, além de Tim Maia, Sandra de Sá e Tony Tornado. O colaborador do blog Nilton Muniz, ex-Manchete, enviou post com texto interessante publicado no Facwebook de José Teles, que reproduziu uma foto de Tim Maia, publicada na Manchete


   .  

quarta-feira, 17 de julho de 2024

A Revista Desfile vive! Pelo menos no logotipo de uma loja no Algarve

O logotipo da Desfile resiste. Algarve, julho de 2024. Foto de Walterson Sardenberg Sobrinho

O jornalista Walterson Sardenberg Sobrinho, ex-repórter da Manchete na sucursal de São Paulo, esteve em Portugal há poucos dias e fotografou a cena acima: no Algarve, sul do país, mais precisamente na marina de Vilamoura, uma loja adotou o nome da extinta Desfile, da Bloch Editores, dirigida pelo saudoso Roberto Barreira. 

A revista, aliás era distribuída em Lisboa, assim como a Manchete. E fazia frequentes edições especiais de moda tendo como set paisagens portuguesas. 

O repórter conta que na região há uma série de hotéis e lojas, muito concorridas - em especial no verão, claro. Americanos e britânicos estão sempre por lá. Brasileiros, em geral, são funcionários da rede hoteleira. A foto mostra uma loja que tem não apenas o nome da antiga revista feminina da Bloch - e a mais elegante delas - mas repete a clássica tipologia da Desfile.  

Seria uma delicada homenagem ou uma apropriação legítima? 

A propósito, em 2002, dois anos após a falência da editora carioca, o empresário Marcos Dvoskin arrematou em leilão títulos que pertenceram à Bloch. Atualmente, como diretor da Editora Manchete,  ele publica apenas a Pais & Filhos, sediada em São Paulo. Não foi possível confirmar se os demais títulos, embora não utilizados, permanecem com Dvoskin ou os direitos estão vencidos. 

De qualquer forma, a Desfile vive. No Algarve.

Torre Eiffel, a medalha (de ferro) da Olimpíada de Paris

 


A edição de 12 de julho do jornal Valor publica resenha que Roberto Muggiati fez do livro "A Torre Eiffell - verdades & lendas", de Françoise Vey, lançado pela L&PM. 

Entre outras revelações, Vey conta que não foi Gustave Eiffel o homem que concebeu inicialmente a torre, mas seu jovem engenheiro franco-suíço, Maurice Koechlin. E o arquiteto do monumento chamava-se Stephen Sauvestre. 

O maior símbolo de Paris vai receber eventos dos jogos à sua sombra e, em cada medalha da premiação, será incrustado um pedaço de ferro da torre, que, assim, já está no pódio da Olimpíada.   

Em setembro a seleção brasileira volta a disputar as Eliminatórias para a Copa de 2026. Mas os dois jogos que vão tirar o sono da rapaziada acontecerão em março de 2025: Colômbia e Argentina. Vai ter choro?

O torcedor da seleção brasileira não tem paz.  Em setembro o time do técnico Dorival Junior - se a CBF não concluir a fritura dele até lá - enfrentará Equador e Paraguai. Depois vai encarar a fila de adversários na sequência das Eliminatórias. A essa altura todo jogo é difícil. O pior virá em março de 2025 quando vai jogar contra a Argentina e a Colômbia. A seleção brasileira não sabe o que é bola desde 2002. A partir do título na Copa da Coreia-Japão, o roteiro é só de fracassados, da escalação aos técnicos: entre outros, Felipão, Carlos Alberto Parreira, Dunga, Mano Menezes, Tite (esse enterrou o time em duas copas seguidas despedindo-se nas quartas de final em 2018 e 2022 ) e o meteórico Fernando Diniz. No momento, o Brasil está em sexto lugar na desesperada tentativa de carimbar o passaporte para a Copa dos Estados Unidos-México-Canadá.  

Mídia dos oligarcas reescreve dicionário político

 O Globo, Folha, Estadão, TV Globo etc passam o pano em vocábulos que consideram sensíveis aos seus interesses. Exemplos: bolsonaristas armaram tentativa de golpe, mas não são classificados como de extrema direita; a Abin oficial de Bolsonaro espionou políticos, fez ameaças de morte a um ministro do STF, atuou para travar investigações, mas a mídia chama o esquema de "Abin Paralela". É a Abin oficial, mesmo  Isso é  manipulação consciente do fato ou não sabem o que significa a palavra paralela; um meliante roubas jóias do patrimônio público, vende a um receptador e a mídia chama apenas de "desvio", como se fosse um desencontro administrativo ou uma pequena falha de um entregador que errou de endereço.

Há outros dribles na verdade já consolidados pelos editores: agrotóxico é "defensivo agrícola", driblar a lei é "flexibilização", sonegar impostos é "contabilidade criativa". Haja salto triplo carpado para maquiar a verdade.

Coimbra é uma lição... de pôr do sol...

 

Verão europeu. Fim de tarde em Coimbra.
Foto de Gilberto Cavlacanti, ex-fotógrafo da Manchete

terça-feira, 16 de julho de 2024

Fotomemória da redação: Liza Minelli na Manchete



1974: Liza Minelli na Manchete.
Reprodução de foto de Frederico Mendes publicada na revista

Em 1974, ainda no embalo do sucesso de Cabaret e do Oscar que ganhou pelo papel de Sally Bowles, Liza Minelli esteve no Rio de Janeiro em 1974. Foi sua primeira visita ao Brasil. Na agenda, shows do antigo teatro do Hotel Nacional, uma passagem pela redação da Manchete na Rua do Russell e um convite para assistir ao desfile das escolas de samba. Naquele ano, as escolas se apresentaram na Avenida Antonio Carlos. As obras do metrô haviam interditado a Presidente Vargas. Liza curtiu a temporada carioca, falou da sua admiração pelo Rio e experimentou uma feijoada. A atriz voltaria ao Brasil em várias ocasiões. Uma delas em em 2007, quando renovou o contato com o samba ao visitar a sede da Mangueira.  

Jogadores argentinos festejam a Copa América com uma canção racista

A seleção argentina vive grande fase. Campeã do mundo, campeã da Copa América. Infelizmente é cada vez mais difícil admirar o futebol do time renovado dos hermanos. No ônibus, após a vitória contra a Colômbia, os jogadores cantaram um refrão racista. Canção essa, aliás, que a torcida argentina entoou na Copa do Catar para provocar o craque Mbappé pouco antes do jogo contra a França. A cena foi postada pelo meia Enzo Fernández e, em seguida, apagada. Mas o print foi salvo e circula nas redes sociais. A federação francesa entrou com reclamação junto à Fifa pedindo a punição dos argentinos. O Chelsea, time de Fernández abriu procedimento interno e pode punir o jogador.

Refrão racista cantado pelos jogadores argentinos. Reproduzido do X


domingo, 14 de julho de 2024

Novo "marketing político": vale tiro, porrada e bomba?

 





Comentário do blog - por Ed Sá  

A capa da Time é dramática. É praticamente o registro da vitória de Donald Trump nas próximas eleições estadunidenses. Pelo figurino da extrema direita, o marketing político mudou. Atentados autênticos podem ser politica e habilmente explorados. São vistos como "oportunidade". As fake news, também. Debates, entrevistas, programas de governo etc aparentemente não ganham mais eleições? A estratégia de campanha mais eficiente e fulminante é facada ou tiro de raspão na orelha. A faca de Adélio mirou em Bolsonaro e atingiu Lula/Haddad em 2018. O balaço que raspou na orelha de Trump nem desfez o penteado do magnata, mas respingou nas urnas de novembro e abateu de vez o já trôpego Joe Biden. Em segundo lugar vêm as notícias falsas agora turbinadas com vozes e imagens trabalhadas em inteligência artificial (IA).    

Significa que as campanhas presidenciais em todo o mundo dispensarão seus marqueteiros e contratarão especialistas hollyoodianos em sequências dramáticas, dublês, figurantes, editores de imagem e gênios da inteligência artificial? As redes sociais, hoje decisivas, gostam de ação e emoção. Com exagero, pode-se supor que a realidade eleitoral passará a ser um detalhe e o importante será o efeito especial que impactará a massa? 

Curiosamente, o alvo desses atentados sobrevive politicamente mais forte para festejar a posse. O recurso pode valer também para líderes enfraquecidos. Robert Fico, o primeiro ministro da Eslováquia, por exemplo, enfrentava críticas por alegar que os benefícios para exportadores de graõs da Ucrânia prejudicavam a agricultura do seu país. Fico tomou um tiro na barriga, foi hospitalizado em estado grave, mas sobreviveu e reassumiu seu cargo agora com mais apoio. 

O risco é - sabendo-se que marqueteiros de políticos são espertos - assessores da Geraçao Z começarem a bolar situações-limite, nem sempre sangrentas, para reforçar a popularidade dos líderes. A IA poderá ser de grande ajuda em campanhas eleitorais "criativas" a qualquer custo. Algo como Giorgia Meloni, prineira-ministra da Itália, escorregar numa pizza e ganhar votos porque um imigrante da Líbia teria jogado lixo na rua? Digamos que o presidente da Polônia, Andrzej Duda, que perdeu recentemente a maioria no parlamento, sofra constipação depois de comer na rua uma zapiekanka feita por um imigrante russo. O acidente culinário poderia lhe render alguma recuperação na imagem? Em resumo: extrair emoção de qualquer situação pode ser a regra de ouro do novo marketing político onde as idéias ficam em segundo plano. A moda agora é tiro, porrada e bomba. Verdadeiros ou não. 

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Bolsonaro ganha meia- página no New York Times. Como meliante...

 


No momento em que a PF revela novos fatos sobre o roubo de jóias arquitetado pela gangue do B, o NY Times expõe o esquema e o mundo mais uma vez se curva ao modo de fazer "política" da extrema direita brasileira.

domingo, 7 de julho de 2024

França vive! Cordão sanitário isola vírus do fascismo, mas eterna vigilância é fundamental

 



Foi por pouco. Um movimento popular estendeu um cordão sanitário para conter a extrema direita francesa, a doença fatal que ainda ameaça a França. Diante do mal maior, a esquerda e parte do centro ergueram uma barricada contra o fascismo e o neonazismo que se aproveita de um momento de crise para impor políticas racistas e o radicalismo da corrupção neoliberal. A apuração não esta concluída. E etapa importante virá em seguida diante da urgência de um acordo que defina a maioria  democrática no Parlamento da França.

sábado, 6 de julho de 2024

Na capa do Libération: a França decide amanhã: é Vichy ou Résistence. Não ao fascismo e nazismo

 ã 

Na capa da IstoÉ: A democracia é refém do Biden


por Flávio Sépia

Comentário do blog - É quase impossível distinguir um democrata de um republicano nos Estados Unidos. São gêmeos univitelinos. Mas, concordo, qualquer mer#a é  melhor do que Donald Trump, um cara que além de ser racista, misógino, assediador e fraudador, é tudo isso junto: um fascista. 

O problema é que Joe Biden está fora de sintonia. Não é crime, muitos de nós temos alguém na família igualmente lutando para se agarrar às últimas lembranças. É  triste e dramático. 

Agora imagine tudo isso no foco de uma campanha presidencial de um dos mais poderosos países do mundo.

Quem mais torce para Biden se manter candidato é Trump. Isso diz tudo.

Paris 2024 - "Aux toilettes, citoyens! - Manifestantes contrários às Olimpíadas ameaçam poluir o Sena com um "cagalhaço"

Protesto contra Olimpíada ameaça o Rio Sena. Foto de Jussara Razzé 


Evento coletivo de defecação no Sena tem até site para orientar manifestantes

por José Esmeraldo Gonçalves

Assim como no Brasil, em 2014, quando aconteceu o protesto "Não vai ter Copa", algo parecido está rolando na França às vésperas da Olimpíada 2024. Parisienses encontraram um modo mais original de mostrar desagrado com os jogos que interferem na rotina da cidade e já consumiu mais de 1 bilhão de euros dos contribuintes. A ideia é promover um evento coletivo de defecação. 

A guerrilha do cocô estava prevista para acontecer sob planejamento detalhado. No dia 23 de junho, os parisienses seriam convocados para sentar nos respectivos vasos sanitários das suas residências e ali depositarem o maior volume possível de fezes. Supõe-se que os organizadores dão preferência a um cocô mais consistente que, ao contrário da versão mais liquefeita, terá mais visibilidade ao desembocar no Sena. Uma dieta de batatas, por exemplo, pode contribuir para massificar excrementos. Outra opção é comer um prato raiz da culinária francesa: Andouillette. É coisa para os fortes. Trata-se de um bolo de carne  feito de intestino de porco, pimenta, vinho, cebola e temperos. Embora os restaurantes garantam que a iguaria passa por controle sanitário e não oferece risco, acontece que cheira a merda e xixi.   

Os líderes do cagalhaço calculam que,  após lançado no vaso, o chamado "quilo" levará em média uma hora e meia para chegar às águas do Sena. Isso em tempo médio e a depender da distância do arrondissement. Bairros mais perto da margem do rio terão entrega praticamente expressa. O importante é que cada um se esforce para que sua contribuição fecal chegue ao rio no máximo até meio-dia. Sob a hashtag  #JeChieDansLaSeineLe23Juin (algo como "eu caguei no Sena em 23 de junho"), um site facilitaria o calculo da velocidade do pacote. 

O comitê de logística da manifestação espera muitas adesões. A alegada despoluição do rio terá custado, segundo eles, cerca 1,4 bilhão de euros, uns 9 bi de reais tropicais. O Sena será a raia da maratona aquática e da etapa de natação do triatlo e muitos atletas ameaçam não entrar na água caso, até a hora da prova,  as autoridades não comprovem índices aceitáveis de coliformes fecais. Aí está a questão: se a inundação de cocô acontecer e se realmente for massiva, haverá tempo para uma operação emergencial de despoluição até o dia 26 de julho, data da abertura oficial dos jogos de Paris?  

Atualização - O Cagalhaço de 23 de junho foi adiado. A ideia era que coincidisse com um anunciado mergulho de Anne Hidalgo e Emmanuel Macron nas águas do Sena. A prefeita e o presidente adiaram o que seria uma  jogada de marketing para provar a despoluição do rio. Ambos alegaram que irão nadar após  o segundo turno das eleições francesas marcadas para este domingo. Provavelmente evitaram ser vítimas do tsunami de fezes. A nova data deverá ser 15, 16, ou 17 de julho. O Cagalhaço também transferiu sua data e poderá acontecer tão logo as duas autoridades remarquem o mergulho no Sena. 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

BC Private Party, traje a combinar : a festa é deles

por Pedro Juan Bettencourt

Países que adotam BC ou FED autônomos incluem regras para probidade da autonomia. 

O Congresso supervisiona o BC ou o FED. 

O presidente eleito tem o poder de demitir o presidente do BC ou do FeD assim que toma posse. Pode mantê-lo, se quiser. 

O FED é o BC americano.

No Brasil, a lei de autonomia do BC não tem regras de probidade, é desembestada. O presidente do BC pode se beneficiar das políticas que adota, sem amarras. Roberto Campos Neto, por exemplo, tem investimentos pessoais atrelados ao dólar em paraísos fiscais, pode participar de boca-livre de churrasco na intimidade de quem o nomeou. 

No momento, ele nem usa as reservas para conter o aumento do dólar. Medida que adotou várias vezes durante o mandato de Bolsonaro, mentor.

O presidente americano nomeia ou confirma o presidente do FED para quatro anos de mandato. É seu direito. No Brasil o presidente eleito ao tomar posse sofre uma espécie de cassação parcial do seu próprio mandato. Durante dois anos é obrigado a governar com a política monetária sob controle de alguém nomeado pelo seu antecessor . A lei de autonomia do BC rouba metade do mandato presidencial. 

Ou seja: a lei de autonomia do BC foi criada para reduzir os poderes do presidente eleito, qualquer que seja ele. 

Juntando a autonomia do BC, o papel das agências neoliberais, a eleição de deputados e senadores (no caso, um terço) para mandatos não coincidentes com o do Presidente da República e a farra das emendas secretas ou disfarçadad que dão um extraordinário poder financeiro ao Congresso, o eleito pelos brasileiros para o Palácio do Planalto já chega lá como "pato manco" (lame duck), a expressão usada na política dos Estados Unidos para definir o titular de um cargo cujo poder é em parte decorativo. 

A autonomia do BC brasileiro, sem efetivas regras e sem supervisão  de probidade, transferiu o poder de definição da política monetária para a especulação financeira. Foi o golpe que deu certo. Não foi necessário invadir o BC nem quebrar relógio, rasgar poltronas ou defecar em mesas de reunião. 

sábado, 29 de junho de 2024

Avisem ao Biden que, em 1986, Ulysses Guimarães sofreu de confusão mental. A mídia veiculou muitas informações falsas sobre o problema que, em seguida, foi diagnosticado: era intoxicação medicamentosa. O político superou a crise, presidiu a Constituinte e foi chamado de Sr. Impeachment por ajudar a despejar Collor de Mello do Palácio do Planalto.

por Flávio Sépia 

Observando o drama público que vive Joe Biden não pude deixar de voltar a um acontecimento parecido ocorrido na pollítica brasileira. 

Em 1986, Ulysses Guimarães, então presidente da Câmara dos Deputados, deu sinais, em público, de confusão mental, alternava momentos de muita euforia e de profunda tristeza. Na verdade, como sua mulher, Mora, revelou ao jornalista Jorge Bastos Moreno, constatou-se depois que ele foi vítima de uma intoxicação medicamentosa provocada por prescrição de remédios inadequados para combater a depressão. 

Enquanto não se encontrou o motivo, Ulysses sofreu uma cruel perseguição de adversários e por parte da mídia que veiculou informações falsas geradas por politicos. Uma hora, diziam que Ulysses tinha um um tumor no cérebro ou circularam informações falsas de que, desorientado, criara confusão em um voo. Após um tratamento de desintoxicação, Ulysses retomou o protagonismo na política e, menos de um ano depois presidiu a Assenbléia Nacional Constituinte, candidatou-se a presidente em 1989 e foi chamado de Sr. Impeachement ao ajudar a despachar Collor de Mello no rastro de graves escândalos de corrupção. 

A baixa performance de Joe Biden durante debate com Trump, somada ao seu comportamento errôneo nos últimos meses, assusta os democratas. Algumas lideranças, em off, já admitem a troca do candidato do partido. Sobram avaliaçoes polúticas, mas faltam transparência e informações médicas sobre a saúde física e mental de Biden. Pode ser curável, assim como no caso de Ulysses? Pode se agravar? Sem que essas questões sejam esclarecidas aos eleitores, as piadas, as fake news e o deboche de Donald Trump até novembro (e está previsto outro debate da TV após as convenções partidárias) seguirão causando danos irreparáveis ao democrata.           

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Na capa da Time: e ninguém anotou a placa

 


Comentário do blog - Não apenas os democratas estão em pânico. O mundo está. O primeiro debate dos candidatos à Casa Branca foi um desastre. 

A capa da Time faz a leitura mais dramática .

Biden encurralado pela própria mente; Trump desfilando um pacote de mentiras. Difícil acreditar que Biden encontre energia e estratégia para enfrentar Trump em novembro. O eventual retorno do magnata à presidência. Imaginar que os democratas tomarão a decisão mais difícil da história do partido - retirar Biden da corrida presidencial - é, por enquanto, só imaginação. Escolher um substituto é outro desafio. E o regra três, se vier, terá menos tempo de articulações e campanha. Será a versão americana do nosso Fernando Haddad em 2022, que teve apenas um mês para se apresentar aos eleitores.

A França sitiada pela ultra direita

 


Desde a surpreendente vitória da ultra direita e do fascismo nas eleições para o Parlamento europeu, aumentou a violência contra imigrantes na França. Casos de agressões são registrados em várias regiões. O jornal Libération pede uma mobilização geral dos eleitores. Em uma analogia histórica, a França vai decidir se quer a democracia ou se vai voltar à República de Vichy.

Na Carta Capital - Não é opcional. Todo dia o contribuinte brasileiro ajuda um rico

Comentário do blog: o "programa social" mais caro, historicamente resistente e que assalta as finanças públicas forma uma espécie de "bolsa" bilionária para os ricos. Os privilégios  fiscais vão de isenções própriamente ditas a créditos fiscais, subsídios,  aplicações que não pagam impostos etc. Se a tudo isso for somada a contabilidade "criativa" que só os ricos praticam, a sonegação, a lavagem.de dinheiro, as remessas para paraísos fiscais e as movimentações fraudulentas do tipo operado pelas Lojas Americanas, dá para imaginar o rombo planetário que assola a saúde fiscal do Brasil. E, ainda, se a tudo isso for somada a isenção fiscal de igrejas bilionárias, das falsas entidades beneficentes e das "organizações sociais" que administram entidades públicas e das "compensações" por chuva em excesso, por falta de chuvas, compensações por queda de lucro presumido por concessionárias, pela caixa preta da emendas dos legislativos federais, estaduais e municipais, você poderá ter uma ideia do que seria o Brasil justo sem esses desvios institucionalizados. O mundo deve mais uma vez se curvar ao Brasil: aqui existe o conceito jurídico de leis cortuptas como exemplificado acima. Na maioria das vezes rouba-se na boa  à margem qualquer código, moral,
civil e penal.  

quarta-feira, 26 de junho de 2024

O Pantanal está em chamas e o Estadão queima a verdade

 


O Pantanal queima mais uma vez. O que também é reincidência pela enésima vez é a irresponsabilidade do agronegócio: 80% dos grandes focos de incêndio estão em propriedades privadas e não têm causas ambientais, são resultado de queimadas, prática proibida, mas criminosamente adotada por fazendeiros. A participação do clima se dá pela falta de chuvas que deixa a vegetação seca, o que fornece o combustível para a propagação do fogo, é fato. O gatilho, contudo, é a mão do homem. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informa que o governo federal combate 20 dos 27 grandes incêndios, mesmo não sendo da competência federal. "Temos uma responsabilidade sobre as unidades de conservação, mas o fogo não é estadual, não é municipal, o fogo é algo que destrói a vida e cria prejuízos econômicos e sociais" disse ela ao Poder 360. 

O Estadão prefere politizar a questão,  contornar o problema, e livrar a cara dos criminosos.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Fotomemória da redação: Há 40 anos Erasmo Carlos deu um close nela e não foi "cancelado"



Roberta Close e Erasmo Carlos em 1984. A foto da capa
da Manchete foi assinada por Vantoen P. Jr., que...


também fez a página dupla interna.

por Ed Sá

Em junho de 1984, Erasmo Carlos e Roberta Close gravaram em em Ipanema o clipe da música "Close", um grande sucesso naquele ano. Praia lotada, multidão em volta, os dois circularam impunes em meio à curiosidade da massa. O Brasil daquele ano talvez fosse mais cordial, embora preconceituoso. Pelo menos, Roberta não foi biblicamente apedrejada nas ruas pela guarda da moral e dos valores e Erasmo não foi cancelado pelos bons costumes. Ela "fez a praia inteira levantar numa apoteose a beira-mar", como escreveu Erasmo. 

Hoje, não sei, as milícias religiosas talvez partissem para a briga. Há 40 anos Erasmo ousou homenagear a primeira sex symbol transsexual da nação e a sua música foi um dos maiores sucessos do ano. Roberta Close, aliás, foi capa da Manchete várias vezes e, em nenhum momento, um deputado qualquer subiu à tribuna para mandar as "ovelhas" incendiarem as bancas. O Brasil mudou pra pior, Erasmo (ele mesmo uma figura cordial) não está mais aqui e Roberta Close completará 60 anos em dezembro. Casada com o empresário suíço Roland Granacher, ela mudou-se para Zurique em 1990 e declarou em entrevistas que não voltaria a morar no Brasil. Motivo: o preconceito, hoje mais agressivo e imprevisível.  

P.S - Coube à página Fotos Históricas Plus, do Facebook (https://www.facebook.com/fotoshistoricasplus) relembrar esse encontro típico dos anos 1980 que virou capa de Manchete e repercute neste post assinado pelo incansável Ed Sá.   

domingo, 23 de junho de 2024

Na capa da Carta Capital: mulheres vão às ruas contra os "aiatolás" brasileiros

 


Comentário do blog. Uma conspiração ocorre às claras no Brasil. Ninguém pode dizer que não a vê. A sala de comando está nos porões mais imundos do Congresso. De lá saem projetos que viram leis e que têm dois fluxos principais. São iniciativas para tirar dinheiro do Estado laico em favorecimento da indústria religiosa, desde uma montanha de isenções  de impostos, convênios, dispensa de taxas e contribuições previdenciárias ou são leis de construção de uma futura teocracia propriamente dita. Os "aiatolás" já temos, a guarda religiosa está em formação, o poder legislativo já está dominado, a ocupação avança no judiciário e no executivo em estados, municípios e na submissão e concessões da Presidência em busca da "base" inalcançável. Já se sabe que a reação dificilmente virá dos políticos. Aqueles capazes são minorias. No caso da proposta de criminalização do aborto nos casos até aqui protegidos pela lei, a reação veio das ruas essa redes sociais com as mulheres à frente. Desculpem o pessimismo, mas é  possível prever que os desafortunados que viverem verão a obra do fascismo neopentecostal pronta e operante.

sábado, 22 de junho de 2024

Olimpíada Paris 2024. Time Brasil mostra seu uniforme de congresso neopentecostal

 


O COB escolheu a marca bolsonarista Riachuelo para vestir os atletas brasileiros que vão à Olimpíada de Paris 2004. Aparentemente, esqueceram de avisar ao estilista responsável que os Jogos são competição esportiva e não um congresso neopentecostal. Tudo aí é ruim,  a calça frouxa, a saia virginal, os chinelos, o casaco impróprio para o verão parisiense. Foto de Alexandre Loureiro/COB/Divulgação.

IstoÉ bota na capa o circo dos horrores do Senado

 


 A capa da IstoÉ dessa semana é o espetáculo porno político religioso no Senado. Um figura que se diz atriz fez uma performance interpretando um feto gerado por um  estupro. No caso, sob encomenda de senadores, ela levou a campanha pela criminalização do aborto, nos casos em que a Constituição admite, a um patamar escabroso. Foi um circo de horrores.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Nos passos de Anouk Aimée (1932-2024) em Deauville, set do filme "Um homem, uma mulher"

 

Anouk Aimée em "Um homem, uma Mulher". Foto Divulgação

por José Esmeraldo Gonçalves

A notícia do falecimento da Anouk Aimée, ontem, em Paris, aos 92 anos remeteu a memória de uma geração a um ano (1966) e a um filme "Um homem, uma mulher". A atriz atuou em clássicos como "A Doce Vida" e "Oito e Meio", mas seu sucesso mais popular foi mesmo o filme dirigido por Claude Lelouch. Além da fama internacional, a história de um amor que nasceu na Normandia a levou ao tapete vermelho das premiações como a Palma de Ouro em Cannes, em 1966, ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro, em 1967, uma indicação na categoria Melhor Atriz, também no Oscar e um Globo de Ouro. Para as plateias brasileiras, a trilha sonora oferecia uma atração a mais: a música “Samba da Bênção”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Trintignant e Anouk Aimée: cena do filme, na praia.
Foto Divulgação


O set ainda inspira casais de turistas. Foto de J.Esmeraldo

Les Plantes: o cinema desfila na passarela de madeira em Deauville.
Foto de Jussara Razzé 

Em 2016, 50 anos depois das filmagens, de alguma forma refiz os passos do casal Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant) e Anne Gauthier (Anouk Aimée) em Deauville, o elegante balneário francês à margem do Atlântico Norte. Viúvos recentes, os personagens do filme se encontram na pequena cidade durante uma visita ao colégio interno dos respectivos filhos. Inicialmente ficam amigos, mas a saudade dos ex-parceiros adiciona alguma dor à passagem para o status seguinte, o de amantes. 

Deauville: placa em homenagem ao filme.
Foto de Jussara Razzé
Algumas cidades ganham o filme das suas vidas. "Um homem, uma Mulher" e Deauville são inseparáveis. Andar pela cidade é como percorrer fotogramas em Les Planches, as famosas passarelas de madeira e na praia que o par central percorria. Em 1986, Lelouch voltou a Deauville com Trintignant e Anouk Aimée para filmar "Um Homem, uma Mulher 20 anos depois". A continuação não fez o mesmo sucesso e o que Deauville guarda na memória - com direito a placa comemorativa em um dos locais das filmagens - é o set da primeira versão. E agora, as lembranças de Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, que faleceu em 2022, aos 91 anos.  


Fotomemória: O dia em que o repórter Tarlis Batista reuniu a MPB em Montreux. E ele mesmo fez a foto


A tanga preta de Ney Matogrosso comprova que em meio à agenda musical
o momento era de doce lazer na Suíça. Da esq. para a dir: Elba Ramalho, Caetano Veloso, 
Ney, Claude Nobs, Milton Nascimento e Júlio Barroso. Foto de Tarlis Batista/Manchete 


Montreux, 1978, à beira do Lago Léman, com o Palácio dos Festivais ao fundo, o repórter Tarlis Batista, da Manchete, produziu e fotografou a cena acima de um ilustre grupo de cantores brasileiros convidados para o Festival de Montreux. A turma posou ao lado de Claude Nobs, diretor e idealizador do festival.   

 

terça-feira, 18 de junho de 2024

"Dicotomia Haia-Rio": Sergio Zalis inaugura exposição no Instituto Antônio Carlos Jobim nesta quinta-feira, 20 de junho, às 18h

 


A mostra focaliza os parques urbanos Jardim Botânico, no Rio e Scheveningse Bosjes, em Haia, na Holanda e ocupa a galeria do Instituto Antônio Carlos Jobim, na Rua Jardim Botânico, 1008.  

Nos links abaixo você poderá ver teasers (*) do making of da captura de imagens para exposição "Dicotomia Haia-Rio". Os três vídeos curtinhos mostram o fotógrafo Sergio Zalis trabalhando nos dois parques. As fotos foram depois processadas segundo a técnica focus stacking. O resultado é um diálogo de formas e cores entre o Jardim Botânico carioca e o Scheveningse Bosjes. 

(*) Os teasers de divulgação foram filmados por Frederieke Jochems (Haia, outubro de 2023) e por Fernando Lemos (Rio, abril de 2024).  


Teaser 1

https://www.youtube.com/shorts/AjhpJkETPTI

Teaser 2

https://www.youtube.com/shorts/-Sk3afQQsrk

Teaser 3

https://www.youtube.com/shorts/sUU0FlZ5uME

domingo, 16 de junho de 2024

Copa América vem aí: futebol na gringa tem mudanças. Para pior

por Niko Bolontrin 

Os Estados Unidos empreendem nos últimos anos uma ofensiva para ganhar relevância no futebol e atrair torcedores de várias etnias. Não tem sido fácil. Por enquanto, são os hispânicos, em grande maioria, que vão aos estadios. Tanto que os agentes de imigração adoram circular nas arquibancadas dando incerta no pessoal que atravessa o Rio Grande a nado sem lenço nem documentos. 

Os fãs saxões de basebol e futebol americano, por exemplo, rejeitam algumas regras do soccer, como  chamam. Lei do impedimento é uma delas, o empate com resultado final de um jogo é outra e gostariam de uma alternativa à expulsão: punir o jogador com 5 ou 10 minutos forade campo.

Pode-se dizer que o recente jogo Brasil 1 X 1 Estados Unidos não foi exatamente de futebol. Mais pareceu de futebol society com a diferença do uso de 11 jogadores de cada lado (o futebol society escala sete em cada time). Simples: como a Copa América será jogada em estádios adaptados do futebol amqricano, o campo de jogo é muito menor. Enquanto na Copa do Mundo e em outros torneios importantes como Champions, Eurocopa, Libertadores, Brasileirão, jogos das ligas europeias etc os campos medem 105 metros de comprimento por 68 de largura, na Copa América terão 100 metros por 64. Uma grande diferença. No total uma redução de 740 m². Ou seja, estão fora dos padrões Fifa, mas dentro do lobby para empurrar o soccer goela abaixo do white power dos Estados Unidos. Como disse acima, difícil projeto: os supremacistas brancos, por exemplo, se surpreendem quando alguém explica que o futebol foi criado pelo ingleses. Muitos pensam que o soccer surgiu na África jogado por macacos e com cocos no lugar da bola.

Sobre a torcida brasileira em Orlando, local do amistoso contra os Estados Unidos, uma curiosidade: muitos colocaram a mão no peito durante a execução do hino dos EUA, que eles chamam de "América".  Fofos. 

Panis cum ovum: 15 anos de um blog que é "spin off" do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou"

O BLOG QUE NASCEU...


DE UM LIVRO

por José Esmeraldo Gonçalves

Em junho de 2009, há 15 anos, este blog entrou no ar. O propósito de lancá-lo vinha de antes. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), cuja noite de autógrafos foi realizada em 3 de novembro de 2008 na Livraria da Travessa, no Leblon, já previa essa extensão digital. 

Os principais veículos do país abriram espaços para o lançamento do "Aconteceu na Manchete".
Fotomontagem por Jussara Razzé

O livro obteve amplo espaço nos principais jornais e revistas e a extraordinária receptividade reforçou a ideia de construir um spin off na internet. 



Acreditamos que a coletânea merecia essa derivação. O próprio projeto gráfico do "Aconteceu na Manchete", concebido por J.A.Barros, que foi diretor de Arte de O Cruzeiro, Manchete, Fatos&Fotos e Fatos, continha nas margens das páginas onde seguiam os textos principais uma coluna com histórias divertidas, curiosidades politicamente corretas e incorretas e revelações jornalísticas e fotojornalísticas das redações da Manchete, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, Ele Ela, Carinho, Pais e Filhos, Mulher de Hoje e Sétimo Céu. Esses pequenos e bem-humorados textos ganharam o título de Blog da Bloch. Muitos deles são peças quase rodrigueanas da vida como ela era no Russell, tanto o que acontecia sob as luzes fluorescentes dos andares corridos quanto os enredos menos iluminados e jamais contados até que a irreverência da coletânea fez acontecer.  

Embora faça um contexto da história do grupo, o "Aconteceu" não é sobre a editora que foi uma das mais importantes do país. É sobre pessoas, profissionais que lá trabalharam e os momentos marcantes das suas trajetórias naturalmente vinculadas ao universo paralelo do conjunto de prédios da Rua do Russell. 

Não cabe aqui detalhar o conteúdo do blog Pão com Ovo (Panis cum ovum, segundo o apelido que lhe deu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, ele próprio um dos autores que participaram da coletânea). Essa multiplicação de pão era um evento tradicional nos tensos fechamentos que muitas vezes varavam a noite. Livros judaicos dizem que "o pão vivo desceu do céu para nos salvar". No caso, quem nos salvava era o sanduíche preparado pela cozinha laica da Bloch. 

O conteúdo acumulado do Panis cum ovum - o blog que virou manchete é autoexplicável no arquivo que o Google guarda nas nuvens. São, hoje, 16.548 posts acompanhados de 19.544 comentários, muitos deles relevantes, e centenas de fotos que em 15 anos foram vistos por 2.052.836 visitantes. 

Vários colegas que participaram dessa saga já se foram, saíram do grupo mas não das memórias que seguem vivas na web. 

Pra quem fica, segue o fio enquanto houver pão com ovo.       

terça-feira, 11 de junho de 2024

A suspeita tentativa de privatização das praias

Projetos de privatização das praias são recorrentes no Congresso. De tempos em tempos as elites corruptas se mobilizam para tomar conta do litoral. Políticos que defenderam o projeto mais recente alegam que não há risco de privatização. Mentem. Matéria do Globo mostrou que há mais brechas no texto do que havia buracosde tatuí na areias antes da poluição acabar com a espécie. A omissão é proposital e costuma ser adotada em projetos suspeitos. Depois, ao longo da tramitação os "izpertos" encaixam tudo que interessa. O projeto atual teve seu caminho fechado diante da repercussão negativa da armação. Tenham certeza de que voltará, o lobby dos spas, dos condomínios de luxo, dos resorts, dos loteamentos, da invasão de mangues, dos clubes vips e das marinas em áreas de preservação os não desistirá.

Há exemplos de privatização de praias absolutamente condenáveis. No México, em muitas praias, a faixa de areia é dividida. Pequenas áreas para o povo e localizações privilegiadas para quem pode pagar caro pelo privilégio. Seguranças impedem o acesso de pessoas sem credenciais ou pulseiras de identificação. Na República Dominicana, a situação também é de apartheid no lazer. Quem não pode pagar - ou seja, se não é hóspede dos muitos resorts - que mergulhe nos trechos congestionados por algas.

Indignadas ou bem-humoradas, as reações ao projeto malandro tomaram conta das redes sociais.  Através de memes e projeções da hecatombe ambiental que atacará as regiões litorâneas e ilhas os brasileiros mostraram os riscos. Imagine quantos "jabutis" (o contrabando de artigos que os legisladores costuma embutir em leis) um projeto desses poderá receber já que está aberto a tudo praticamenter. 

Siga abaixo alguns exercícios de imaginação. 

* Como acontece como frequência, a bancada evangélica também vai querer um pedaço. Digamos, para construir uma mansão para os chefes ou até mesmo uma igreja a beira-mar. 

* A bancada da saúde reivindicará terrenos para erguer hospitais de alto luxo. Milionários poderão curtir a vista do mar mesmo se estiveram espetados na UTI por fios, agulhas e sensores. Damas elegantes poderão parir voltadas para a brisa marítima.

* Autoridades exigirão uma "capitania" para construir complexos hoteleiros, polos gastronômicos e  centros de convenções para debater "políticas governamentais" , "melhorias para as populações de baixa renda" e subsídios fiscais para Elon Musk.  

* A bancada da bola tentará ocupar quilômetros de praias em vários estados para a instalação de "centros de treinamento destinados a jovens promessas do futebol". Claro, haverá um resort para receber cartolas e suas famílias.

* A bancada da bala pedirá terrenos para montar clubes de tiro no Guarujá, na Barra da Tijuca, no Balneário Camboriú e em outras praias bem localizadas.

* A futura lei permitirá a construção de lojas e supermercados na orla. Lojas Havan, Riachuelo, restaurantes Madero e Como Bambu, por exemplo, academia Smart Fit, rede Centauro etc, poderão, caso se habilitem, conquistar espaços nas praias privatizadas. 

* Partidos políticos podem projetar Centros de Conscientização e Lazer em Búzios, Canoa Quebrada, Itacaré, Arraial d'Ajuda etc. 

* Em tese, o proprietário de uma praia poderá cobrar ingressos dos locais e dos turistas. O critério deverá ser por hora e a taxa será individual. Deputados e senadores que votarem a favor da privatização terão acesso livre, algo como direito perpétuo e extensivo às respectivas famílias de frequentar qualquer praia gratuitamente com bebidas e croquetes inclusos.

* Os banhistas que frequentarem trechos de praias ainda não ocupados receberão um colar rosa-choque que terá gravadas a área e a metragem onde poderão circular livremente entre as guaritas de segurança das faixas dos proprietários privados. 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

A primeira grande vitória de Vini Jr contra racistas espanhóis

 



Em comunicado oficial, o Real Madrid informou sobre a condenação de três racistas que ofenderam Vino Jr. É a primeira vez que a justiça espanhola manda para a cadeia torcedores que proferiram agressões contra o jogador brasileiro.  O Juizado de Instrução de Valência sentenciou os racistas a uma pena de oito meses de prisão, a pagarem os custos do processo e a se manterem longe de estádios por uma período de dois anos. O caso aconteceu em março de 2023 durante uma partida do Real contra o Valência.  Vini ajudou a identificar os racistas na arquibancada bem perto do campo. A Espanha não tem leis específicas contra racismo, mas enquadrou os agressores em delito contra a integridade moral de Vini Jr. A propósito, já o Brasil tem leis, mas não há registro de racistas cumprindo pena em cadeias. Os três torcedores divulgaram uma carta de arrependimento. Infelizmente, embora a condenação seja histórica, não há confirmação de que eles cumprirão a pena de prisão. A lei espanhola permite suspensão das prisões inferiores a dois anos em caso de réus primários. Fica, contudo, o registro da punição inédita. 


Oi poder público, pode ceder uma ajudinha aí? Clubes de futebol adoram trocar passes com governos para obter vantagens...

 


Em 1985, escrevi o capítulo "Futebol e Poder" para a coletânea "Esporte e Poder" (Vozes)
organizada pela professora Gilda Korff Dieguez: o tema está mais atual do que nunca.
  

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1985, a convite da organizadora e autora Gilda Korf Dieguez, fui convidado para participar de uma coletênea intitulada "Esporte e Poder" (Vozes). Escrevi o capítulo "Futebol e Poder: algumas reflexões sobre o jogo da política". Entre outras ligações perigosas com políticos e governos, citei situações em que clubes de futebol foram favorecidos por verbas ou doações públicas. Um paternalismo político tradicional que implica em transferência de dinheiro ou favores para entidades privadas.

E isso que, de certa forma, atualizo aqui (o livro ainda pode ser encontrado em sebos). Nada mudou. Se Eurico Gaspar Dutra presenteou o Flamengo com um valiosos terreno, Getúlio Vargas matou a bola no peito e concedeu ao mesmo clube empréstimo a juros de amigo para a construção de um grande e valioso prédio vendido há pouco tempo. São apenas antigos exemplos. De lá pra cá,  governadores, prefeitos e presidentes usaram a "caneta" - e não me refiro ao famoso drible dos craques - para fazer lançamentos - e também não me refiro aos passes de longa distância - que acertam os cofres dos times, geralmente aqueles de grandes torcidas. No Congresso existe até uma bancada da bola sempre atenta a criar leis que facilitam a vida dos cartolas. O bônus para os políticos deve vir em forma de votos, é o que esperam. 

Entre os exemplos mais recentes que o capítulo no livro não alcançou estão o nebuloso financimento do estádio do Corinthians e a polêmica concessão do Maracanã que privilegia Fluminense e Flamengo. Duas outras jogadas de efeito estão em curso e devem ser observadas até o desfecho. Cessão de terrenos públicos para construção de centros de treinamento é outra prática recorrente utilizada por prefeitura em todo o Brasil. Uma é a negociação de um terreno pertencente à Caixa Econômica, em região central do Rio de Janeiro para construção de um estádio para o rubro-negro. A Caixa estipulou um preço, o Flamengo tenta pagar menos, o que o banco público não pode aceitar ou cometeria um ato de improbidade. Mas em anos de eleição as pressões vão além dos cartolas e envolvem políticos. O prefeito Eduardo Paes, segundo a imprensa divulgou, pretende ir a Brasília falar com deputados para encontrar uma solução. A outra jogada tem o interesse do Vasco da Gama que reivindica ajuda para reformar o histórico estádio de São Januário. A prefeitura carioca enviou à  Câmara dos Vereadores um projeto que transfere o potencial construtivo de São Januário para outras áreas da cidade, como Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e outras na Avenida Brasil. O Vasco venderia o tal potencial construtivo como forma de viabilizar a reforma e modernização do estádio. Mamão com açúcar, como se diz.          

domingo, 9 de junho de 2024

Na capa da Carta Capital: o terrorismo do mercado aponta mísseis para o BC


Comentário do blog: o mercado costuma dar match com a extrema direita. Durante o regime bolsonarista,  Faria Limer vestiu a camiseta fascista. Apoiou a política econômica que paralisou o país, deixou rombos como o dos precatórios, tombos no crescimento e apoiou o derivativo ideológica das pautas de costume e todas as medidas contra os trabalhadores, contra a Previdência ea favor de tudo o que concentrou renda. Mais fascista do que isso só se a Faria Limer se mudasse para Forli. O golpe que o mercado articula junto aí Congresso é impedir que Lula nomeie em setembro o próximo presidente do Banco Central. A "autonomia" só interessa às facções especulativa se
o presidente for de extrema direita.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Deu no New York Times: Foto de Serra Pelada, de Sebastião Salgado, está entre as 25 imagens que definem a Era Moderna

 


Reprodução New York Times

O jornal estadunidense informa que as 25 imagens que definem a Era Moderna desde 1955 foram escolhidas por uma equipe de especialistas. O brasileiro Sebastião Salgado figura ao lado de nomes como Alberto Korda (o famoso close de Che Guevara está entre as imagens selecionadas), Robert Frank, Gordon Parks, Diane Arbus, Malcolm Browne, Richard Drew, entre outros.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Fotomemória Chico Buarque 80 anos: em 1969, um momento feliz no exílio em Roma


Talvez o blog já tenha publicado, em algum momento, essa foto. De qualquer modo, vi que este post do Facebook faz menção à revista Fatos& Fotos, aí envio. Registrando que Chico Buarque fará 80 anos no próximo dia 18 de junho recupero esse momento da vida dele, há 55 anos (Nilton Muniz de Oliveira)

* Boa lembrança. O blog agradece a colaboração. Essa matéria exclusiva da Fatos & Fotos teve texto do próprio Chico Buarque e fotos de Alécio de Andrade, um dos maiores fotógrafos brasileiros. Na época, 1969, ele trabalhava na sucursal das revistas da Bloch em Paris.

No link abaixo vai o acesso à reportagem completa. 



https://paniscumovum.blogspot.com/2019/01/memorias-da-redacao-ha-50-anos-chico.html