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segunda-feira, 24 de junho de 2024

Fotomemória da redação: Há 40 anos Erasmo Carlos deu um close nela e não foi "cancelado"



Roberta Close e Erasmo Carlos em 1984. A foto da capa
da Manchete foi assinada por Vantoen P. Jr., que...


também fez a página dupla interna.

por Ed Sá

Em junho de 1984, Erasmo Carlos e Roberta Close gravaram em em Ipanema o clipe da música "Close", um grande sucesso naquele ano. Praia lotada, multidão em volta, os dois circularam impunes em meio à curiosidade da massa. O Brasil daquele ano talvez fosse mais cordial, embora preconceituoso. Pelo menos, Roberta não foi biblicamente apedrejada nas ruas pela guarda da moral e dos valores e Erasmo não foi cancelado pelos bons costumes. Ela "fez a praia inteira levantar numa apoteose a beira-mar", como escreveu Erasmo. 

Hoje, não sei, as milícias religiosas talvez partissem para a briga. Há 40 anos Erasmo ousou homenagear a primeira sex symbol transsexual da nação e a sua música foi um dos maiores sucessos do ano. Roberta Close, aliás, foi capa da Manchete várias vezes e, em nenhum momento, um deputado qualquer subiu à tribuna para mandar as "ovelhas" incendiarem as bancas. O Brasil mudou pra pior, Erasmo (ele mesmo uma figura cordial) não está mais aqui e Roberta Close completará 60 anos em dezembro. Casada com o empresário suíço Roland Granacher, ela mudou-se para Zurique em 1990 e declarou em entrevistas que não voltaria a morar no Brasil. Motivo: o preconceito, hoje mais agressivo e imprevisível.  

P.S - Coube à página Fotos Históricas Plus, do Facebook (https://www.facebook.com/fotoshistoricasplus) relembrar esse encontro típico dos anos 1980 que virou capa de Manchete e repercute neste post assinado pelo incansável Ed Sá.   

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Nos tempos da Frei Caneca: O Rei e o paletó do Ledo Ivo • Por Roberto Muggiati


Na reprodução, Roberto e Erasmo Carlos posam para a fotógrafa Eveline Muskat, da Manchete, em frente ao antigo Cine Bruni Flamengo, que estreava o filme Help, dos Beatles, em 1965. 

Novembro de 1965: O segundo filme dos Beatles, Help, estreava no Rio e eu estreava na Manchete. Depois de uma tranquila carreira na Gazeta do Povo, iniciada aos 16 anos na minha Curitiba natal, e de dois vitoriosos anos no Centre de Formation des Journalistes em Paris e três anos no Serviço Brasileiro da BBC em Londres, eu me via na estaca zero da profissão e num outro país: o Brasil da ditadura militar. Nada mais hostil a mim, descendente de velhos anarquistas italianos. 

Na Manchete, um estranho no ninho, fui encaixado na categoria de repórter especial porque falava várias línguas. Mas nada disso importava. Naquela casa de loucos, a ordem era o caos. Foi assim que, à hora do almoço num dia do fechamento da revista, recebi a incumbência de entrevistar Roberto Carlos sobre o novo filme dos Beatles. Como chegar ao Rei, que começava a se tornar uma figura inacessível? Naquele justo momento ele estava gravando seu programa na Rádio Guanabara, num arranha-céu da Cinelândia ao lado do Teatro Municipal. Tive de romper a barreira de uma turba de tietes (já não as chamavam mais de macacas de auditório) até chegar ao Rei. Ao contrário do que eu temia – e com uma simplicidade plebeia – topou me acompanhar até o Cine Bruni, na Praia do Flamengo, onde passava Help. Erasmo Carlos, seu parceiro no programa Jovem Guarda, da Record, que estreou em agosto daquele ano, também tripulava o conversível. A tarimbada fotógrafa Eveline Muskat sabia que tipo de imagem emplacava página dupla na revista e ordenou a RC que ficasse de pé no seu carrão conversível, com os braços abertos para a marquise ao fundo da foto com as letras garrafais HELP • SOCORRO • OS BEATLES. 

Ledo Ivo 

Agora era só voltar à redação e “bater” a matéria na velha Remington. Tarefa aparentemente fácil, se não envolvesse os novos deuses da canção, no caso o Rei em pessoa. Pouco tempo depois, Chico Buarque estourava com A Banda e a Manchete encomendou um perfil literário do jovem “cantautor” ao poeta Ledo Ivo, renomado tradutor de Rimbaud (autor de Le Bateau Ivre, que os invejosos da redação chamavam de Le Bateau Ivo.). 

Inseri o nome do Ledo Ivo porque ele é praticamente o personagem principal dessa história. Repórteres de elite como ele e outro poeta, Homero Homem, costumavam chegar à redação por volta das onze horas, tomar uns cafezinhos, jogar conversa fora e subir para o almoço no oitavo andar às treze horas. Não havia ar condicionado em Frei Caneca e ventiladores com pás enormes como hélices de avião, tentavam em vão aliviar o calor. Ao chegar, os jornalistas imediatamente se desfaziam dos seus paletós, que colocavam em cabides num closet à entrada da redação, Quando parti esbaforido atrás de Roberto Carlos, peguei às pressas meu paletó de tropical cinza e o vesti atabalhoadamente enquanto embarcava no carro da reportagem que nos levaria na caça ao Rei. Só nos corredores da Rádio Guanabara, ao levar a mão ao bolso em busca do meu caderninho de notas, me dei conta de que tinha pegado o paletó errado. O tropical cinza superpitex ejetou uma polpuda e surrada carteira de couro preta, com todos os documentos, dinheiros, talões de cheque e fotos de família a que tinha direito. Numa das fotos, Ledo e Leda, o casal. Apavorei. 

Ô cara azarado! Eu tinha de pegar logo o paletó do Ledo Ivo! Alagoano com fama de mau de humor e bom de peixeira, autor do romance Ninho de cobras... Aquela gafe certamente iria dar pano pra manga no meio jornalístico, entraria sem dúvida para o anedotário dos focas. 

De volta à redação, senti um sopro de esperança: os comensais ainda não haviam voltado. Adolpho Bloch caprichava nas suas cozinhas e dizia que “a Manchete era um grande restaurante que, por acaso, imprimia revistas...” Recoloquei cuidadosamente o paletó da discórdia no seu cabide e respirei aliviado. Ledo Ivo entrou para a Academia Brasileira de Letras – seu grande sonho – na sua 9ª tentativa, em 1986. Imortal, morreu em Sevilha aos 88 anos, em 2012, sem nunca ter chegado a saber das aventuras em que o seu paletó havia se metido meio século antes naquela conturbada hora do almoço em Frei Caneca.


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Dos arquivos de Guina Ramos - Erasmo Carlos nas esquinas de Ipanema em 1978...


Erasmo Carlos, Ipanema, 1978. Foto de Guina Araújo Ramos.

Reprodução da matéria da Fatos & Fotos. Erasmo lançava a música "Pelas esquinas de Ipanema". 

O blog Bonecos da História, editado pelo fotojornalista e escritor Guina Araújo Ramos, publica hoje antigas fotos de Erasmo Carlos. Em uma delas, o cantor posa na Visconde de Pirajá, em Ipanema.

Seguindo os passos da canção "Pelas Esquinas de Ipanema", com trechos que relatam uma caminhada pelo bairro (Caminhar… caminhar… caminhar/Pelas esquinas/Caminhar… caminhar… caminhar/Pipi-dogs, lanchonetes/Jet-sets e ressacas/ Best sellers, discothéques/Bus-stop e pivetes/Copertone e blue jeans/ Big shots e Jobins etc) Guina retratou o Tremendão para uma matéria da Fatos & Fotos, em 1978, ano de lançamento daquele LP.

Bonecos da História revisitou seus arquivos motivado pela presença de Erasmo Carlos na mídia, hoje, 40 anos depois. O cantor, que comemora 77 anos no dia 6 de junho, está lançando um novo álbum - "Amor é isso". E também está nos cinemas: estreou ontem o filme "Paraíso Perdido", dirigido por Monique Gardenberg, com Marjorie Estiano, Seu Jorge, Humberto Carrão, Hermila Guedes e Júlio Andrade, onde Erasmo faz o papel do dono da boate Paraíso Perdido.

Veja a matéria completa no Bonecos da História, clique AQUI 

domingo, 8 de novembro de 2009

Orlando Abrunhosa: o autor da foto da capa do livro do Erasmo Carlos



por Gonça
O fotógrafo Orlando Abrunhosa, que fez brilhante carreira na Manchete, onde cobriu Copas e Olimpíadas, é também autor de centenas de capas de disco, especialmente aquelas, quase posters, que ilustravam os  antigos LPs. Abrunhosa era solicitado por nomes como Chico Buarque, Gonzagão, Maria Bethania e muitos outros. Um deles, era Erasmo Carlos, que acaba de lançar o livro Minha Fama de Mau (Objetiva). Pois a foto que ilustra a capa da biografia do Tremendão é assinada por Orlando Abrunhosa, que é também um dos autores do livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata). No lançamento, no Rio, na semana passada, Erasmo abraçou o grande Orlandinho, como os amigos o chamam, e brincou com os jovens fotógrafos presentes: "Olha aí, rapaziada, se vocês um dia forem como o Orlandinho serão bons prá caralho".