quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Artistas e intelectuais divulgam manifesto contra o impeachment

 “Carta ao Brasil"
"Artistas, intelectuais, pessoas ligadas à cultura que vivemos direta e indiretamente sob um regime de ditadura militar; que sofremos censura, restrições e variadas formas de opressão; que dedicamos nossos esforços de forma obstinada, junto a outros setores da sociedade, para reestabelecer o Estado de Direito, não aceitaremos qualquer retrocesso nas conquistas históricas que obtivemos.
Independente de opiniões políticas, filiação ou preferências, a democracia representativa não admite retrocessos. A institucionalidade e a observância do preceito de que o Presidente da República somente poderá ser destituído do seu cargo mediante o cometimento de crime de responsabilidade é condição para a manutenção desse processo democrático.
Consideramos inadmissível que o país perca as conquistas resultantes da luta de muitos que aí estão, ou já se foram. E não admitiremos, nem aceitaremos passivamente qualquer prática que não respeite integralmente este preceito.
8 de dezembro de 2015
Afonso Borges, produtor cultural, Altamiro Borges, jornalista, André Klotzel, cineasta, André Iki Siqueira, escritor e documentarista, André Vainer, arquiteto, Anibal Massaini, produtor de cinema
Antônio Grassi, ator, Antônio Pitanga, ator, Antonio Prata, escritor, Arrigo Barnabé, compositor
Audálio Dantas, jornalista e escritor, Bete Mendes, atriz, Beto Rodrigues, cineasta, Betty Faria, atriz
Camila Pitanga, atriz, Carolina Benevides, produtora de cinema, César Callegari, sociólogo
Chico Buarque, compositor, cantor, escritor, Claudio Amaral Peixoto, diretor de arte e cenografia
Cláudio Kahns, cineasta, Clélia Bessa, produtora de cinema, Conceição Lemes, jornalista, Dacio Malta, jornalista, Daniela Thomas, cineasta, Dira Paes, atriz, Eduardo Lurnel, produtor cultural
Eliane Caffé, cineasta, Emir Sader, sociólogo, Eric Nepomuceno, escritor, Felipe Nepomuceno, documentarista, Fernando Morais, jornalista e escritor, Francisco (Ícaro Martins), cineasta, Gabriel Priolli,jornalista, Galeno Amorim, jornalista, Giba Assis Brasil, cineasta, Guiomar de Grammont, escritora e professora universitária, Hildegard Angel, jornalista, Ingra Liberato, atriz, Isa Grinspum Ferraz, cineasta, Ivo Herzog, diretor do Instituto Vladimir Herzog, Izaías Almada, escritor
João Paulo Soares, jornalista, José de Abreu, ator, Jose Joffily, cineasta, José Miguel Wisnik, músico
José Paulo Moutinho Filho, advogado, Jose Roberto Torero, escritor, Letícia Sabatella, atriz
Lincoln Secco, professor da USP, Lira Neto, escritor, Lírio Ferreira cineasta, Lucas Figueiredo, jornalista e escritor, Lucy Barreto, produtora de cinema, Luís Fernando Emediato, editor, Luiz Carlos Barreto, produtor de cinema, Marcelo Carvalho Ferraz, arquiteto, Marcelo Santiago, cineasta
Marcos Altberg, cineasta, Marema Valadão, poeta, Maria Rita Kehl, psicanalista
Marília Alvim, cineasta, Marina Maluf, historiadora, Marta Alencar Carvana, produtora, Martha Vianna, ceramista, Maurice Capovila, cineasta, Miguel Faria, cineasta, Murilo Salles, cineasta, Padre Ricardo Rezende, diretor da ONG Humanos Direitos, Paula Barreto, produtora de cinema, Paulo Betti, ator, Paulo Cesar Caju, jornalista, Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de direitos humanos, Paulo Thiago, cineasta, Pedro Farkas, cineasta, Renato Tapajós, cineasta, Roberto Farias, cineasta
Roberto Gervitz, cineasta, Roberto Lima, dramaturgo e gestor cultural, Roberto Muylaert, jornalista
Romulo Marinho, produtor de cinema, Rosemberg Cariri, cineasta, Sebastião Velasco e Cruz, cientista político, Sergio Muniz, cineasta, Solange Farkas, curadora,Tata Amaral, cineasta”

Nota Oficial da FENAJ: DEMOCRACIA É VALOR INALIENÁVEL

"A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) dirige-se à população brasileira para manifestar sua preocupação com os rumos que a crise política assume e para defender a democracia, duramente conquistada no passado recente da história nacional.
A FENAJ alerta para o perigo do casuísmo autoritário que setores da sociedade, sem espírito público, promovem ao propor o impeachment presidencial, com características de golpe aberto. Também lamenta que, mais uma vez, parlamentares eleitos pelo voto da população traiam seus eleitores ao apelarem à ruptura democrática para se contrapor ao resultado da eleição presidencial de 2014.
O argumento jurídico apresentado para o afastamento da presidente Dilma não se sustenta nem esconde a volúpia pelo poder a qualquer custo, manifestada pelos conservadores, desde a eleição que derrotou Aécio Neves e seu projeto neoliberal. Igualmente, são inaceitáveis as manobras políticas realizadas e que envergonham o Parlamento brasileiro.
Entidade máxima de representação dos jornalistas brasileiros, a FENAJ condena veementemente setores da mídia nacional por conspirarem contra a democracia, produzindo um clima de medo e terror e, a exemplo de 1964, propondo explicitamente o afastamento da presidente da República, Dilma Rousseff.
Jornalistas brasileiros deram seu sangue e sua vida pela democracia; centenas vêm sofrendo represália e afastamento de seus trabalhos ao longo das últimas décadas, por defenderem a responsabilidade e a ética no Jornalismo.
Neste momento em que a democracia e os verdadeiros interesses da população brasileira estão novamente ameaçados, a FENAJ conclama os jornalistas brasileiros a cumprir seu dever de informar a sociedade e denunciar toda e qualquer tentativa de mascarar a realidade.
Os jornalistas brasileiros não devem se curvar a eventuais pressões de empresários autoritários ou inescrupulosos. Ao contrário, devem honrar o compromisso primeiro do Jornalismo, que é a busca da verdade.
A FENAJ conclama também as demais entidades do movimento sindical dos trabalhadores e dos movimentos sociais, academia, partidos políticos e todos os cidadãos e cidadãs brasileiros a defender, até as últimas consequências, a democracia. A sociedade brasileira, se preciso for, vai às ruas para dizer: não permitimos retrocessos à margem da legalidade e da moralidade; não aceitamos golpe!"


Derrota repercute nas telas: filme sobre lutador José Aldo teria lançamento adiado...

José Loreto vive José Aldo no filme "Mais forte que o mundo". 
por Clara S. Britto
Ao derrotar de maneira surpreendente o lutador José Aldo, o irlandês Conor McGregor não mandou à lona apenas o brasileiro. Por uma dramática coincidência, o filme que conta a vida do ex-campeão peso pena do UFC também levou um soco midiático. Segundo o colunista Flávio Ricco, a Downtown Filmes e a Paris Filmes adiaram a estreia de "Mais forte que o mundo - a história de José Aldo", que, antes da derrota, estava prevista para 14 de janeiro.
Sabe-se, agora, que estreará ainda em 2016, mas data confirmada. O filme, que, segundo os produtores, narra uma história de superação e conquistas de dez anos que independem da última luta, tem no elenco José Loreto (que interpreta José Aldo), Milhem Cortaz, Felipe Titto, Robson Nunes, Rômulo Neto, Cléo Pires, Thaila Ayala, Claudia Ohana e Paloma Bernardi. Os produtores teriam se acautelado contra a suposta queda de popularidade de José Aldo, demonstrada nas redes sociais, o que poderia ter consequências na bilheteria do filme. As distribuidoras não comentaram o assunto. José Aldo terá direito a uma revanche, mas essa luta pode demorar e depende de decisão dos dirigentes do UFC. O filme, provavelmente, será lançado antes dessa oportunidade de o brasileiro superar as repercussões da derrota.
VEJA O TRAILER NO FILME 'MAIS FORTE QUE O MUNDO", CLIQUE AQUI

Deu na Folha e no Globo: devagar e quase parando o passado bate à porta do PSDB... Será?



Juiza de São Paulo derruba WhatsApp com uma canetada e corta a comunicação de 100 milhões de brasileiros. Decisão repercute no mundo

Post de Zuckerberg elogia os brasileiros como aliados na criação de uma internet aberta
e diz que o WhatsApp trabalha para reverter a medida. 
por Clara S. Britto
A Justiça de São Paulo obrigou as operadoras de telefonia celular de todo o país a bloquear o WhatsApp por 48 horas. Segundo a OAB (RS), a decisão é inconstitucional. Uma juiza aplicou a medida drástica porque o Facebook, dono do aplicativo de mensagens, não teria fornecido informações solicitadas pelo Ministério Público de São Paulo sobre uma investigação criminal sigilosa.
O aspecto medieval do caso é que o MP e a primeira instância possam prejudicar milhões de pessoas. Um juiz do Piauí já tentou censura semelhante mas a decisão caiu em instância superior.
Dono do WhatApp, Mark Zuckerberg comentou a ação nefasta, critica o decisão e diz que o Facebook está tentando reverter medida. Ele pede ao brasileiros que se mobilizem contra o ato.
O fato é que o aplicativo apenas tenta preservar dados pessoais. Saiba que que amanhã a vítima do juiz e do MP paulista pode ser qualquer cidadão. Diz-se que o caso envolveria uma facção de bandidos de SP. Seria a "boa causa" que justificaria a censura monumental? Não vale. A justiça que foi rigorosa contra os usuário do aplicativo não demonstraria o mesmo rigor (não falo do juiz em questão) quando libera criminosos à base de progressões de pena, habeas, dia das Mães, dos Pais, Natal etc.
Autoritarismo não tem endereço, é como bala perdida.
E, por último, uma luz na escuridão: na internet, com saudável rebeldia, circulam dicas para fazer o aplicativo funcionar.

ATUALIZAÇÃO (às 12h30)- O WhatsApp deve voltar em algumas horas. O desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu uma liminar que determina a reativação do aplicativo. As operadoras receberão ordem judicial para desbloquear com urgência o WhatsApp. 

Nas ruas, contra o golpe
















Manifestações em 25 estados mostraram ontem que o golpe será combatido nas ruas. Milhares de pessoas protestaram contra as ameaças à democracia e ao mandato de uma presidente eleita em voto direto. Nas imagens acima, do Rio, São Paulo e Brasília, movimentos sociais, sindicatos, entidades da sociedade civil, jovens, idosos, negros e brancos, estudantes e trabalhadores dão o recado das ruas. Fotos de Fábio Rodrigues Pozzebon/Ag. Brasil; Thomaz Silva/Ag.Brasil; Lula Marques/Agência PT; Oswaldo Cornetti/Fotos Públicas; Paulo Pinto/Agência PT.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Papai Noel é flagrado ao receber propina e é indiciado por maus tratos a renas e por escravizar duendes...

A "Transparência Brasil" enquadra Papai Noel por "desvio de presentes". Para focalizar um dos grandes problemas do país, a corrupção endêmica e multipartidária, a ONG participa de uma comercial do Estúdio Criativo Señores que compromete o Bom Velhinho ao torná-lo alvo de uma dessas operações de caça a certos funcionários de estatais, servidores públicos e empresários e políticos de mão leve. O filme adota um formato de reportagem e reproduz cenas semelhantes àquelas que acompanham os escândalos. Das duas uma: ou o Papai Noel pede direito de resposta ou vai virar um ficha-suja. O Velhinho foi flagrado recebendo propina e acabou indiciado em maus tratos a animais, exploração de trabalho escravo de duedes e responsabilizado por não responder cartas de crianças. No elenco do bem-humorado e irônico comercial, Paulo Guilarducci é "Papai Noel", Tatiana Tomé faz a "apresentadora", Fernando de Paula (Fernando de Paula), Alexandre Jábali (Delegado) e Devio Moraes (Deputado).

VEJA REPORTAGEM SOBRE A PRISÃO DO PAPAI NOEL, CLIQUE AQUI

Novela "Os Dez Mandamentos" não fez milagre, segundo o SBT...

A novela "Os Dez Mandamentos", Record, incomodou a concorrência em audiência, teve vitórias pontuais, mas na média final não bateu a Globo nem o SBT, que manteve o segundo lugar. Daí, a emissora de Silvio Santos resolveu ironizar a TV do bispo em anúncio publicado no jornal Meio&Mensagem. Com bom humor, a peça usa as tábuas de Moisés para criar um novo "mandamento".

Campanha salarial: TRT decide em favor dos jornalistas de rádio e TV do Rio de Janeiro

* Justiça garante reposição da inflação com 1% de aumento real nos salários
* Piso do segmento é de R$ 2.432,72 para jornadas de cinco horas
* PLR e demais cláusulas econômicas terão reajuste de 7,13%
* Decisão pode destravar negociações no segmento de jornais e revistas

Vencemos! Os jornalistas de rádio e TV do Rio terão reajuste salarial de 7,13% com mais 1% de aumento real e não poderão trabalhar recebendo menos que R$ 2.432,72 para jornadas de cinco horas, decidiu nesta terça-feira (15/12) a Câmara de Dissídios do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A decisão foi tomada por unanimidade pelos sete desembargadores e vale imediatamente após a publicação em Diário Oficial. Ainda cabe recurso, mas as empresas que não se adequarem estarão infringindo decisão judicial.
Além do reajuste com aumento real e o reconhecimento do piso da lei, os jornalistas do segmento de rádio e TV terão ainda reposição de 7,13% em todas as demais cláusulas econômicas, como a Participação de Lucros e Resultados/Abono e os auxílios de transporte e alimentação.
Ao acolher o pedido de dissídio do Sindicato feito à revelia dos patrões, os desembargadores entenderam, a partir das provas apresentadas e de parecer do Ministério Público do Trabalho, que as empresas criaram obstáculos à livre negociação – utilizando inclusive, práticas antissindicais. Após a decisão pelo julgamento do dissídio, os magistrados seguiram o entendimento da relatora do processo, que acolheu as propostas da Procuradoria do Trabalho e garantiu a vitória aos trabalhadores.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

João Roberto Kelly conta em livro suas memórias e narra histórias engraçadas, curiosas e arrebatadoras da noite carioca




“Onde está Zezé? Será que está vivo?” Essa é a pergunta que o compositor e pianista João Roberto Kelly não sabe responder. Mas nesta quarta-feira, 16 de dezembro, no Bar Garota de Copacabana, se estiver vivo, quem sabe, Zezé poderá rever o autor da marchinha que o homenageou no carnaval de 1964, “Cabeleira do Zezé, (parceria com Roberto Faissal) que estourou na voz de Jorge Goulart e teve (e tem) centenas de gravações no Brasil e no mundo ao longo de mais de 50 anos.
Neste provável reencontro, a partir das 18h30min, com a presença do Cordão da Bola Preta, que tocará seu imenso repertório de marchinhas de sucesso, Kelly lançará, ao lado de seu parceiro e coautor, André Weller, o livro “Cabeleira do Zezé e outras histórias” (Editora Vitale). O autor vai aproveitar a ocasião para lançar a inédita “Eu quero dinheiro”. "É o contrário da música do Tim Maia, (“Não quero dinheiro”)", brinca ele já imaginando a turma cantando o refrão: “Ô,ô,ô, eu quero dinheiro, meu dinheiro acabou”.
“O livro, que não é biográfico, mas de memórias, é uma continuação do curta “No Balanço do Kelly” (2010), dirigido e roteirizado pelo meu amigo e parceiro André Weller, e seu lançamento será um grande happening”, comenta o sempre animado João Roberto Kelly, também chamado de Kellynho pelos amigos, que do alto de seus 77 anos mantém o vigor dos tempos em que foi apresentador de TV de programas, como “Noites Cariocas” e “Musikelly” na TV Rio, a convite de Walter Clark.
Vastamente ilustrado com fotos de vários períodos da vida de Kelly, o livro é composto de pequenas crônicas divididas por subtemas como: “Infância; Primeiros passos; Na televisão; Marchinhas; Engravatado (período em que foi presidente da Riotur); Personagens e Atualidade. A orelha tem assinatura dupla e de peso: de Ruy Castro e do pesquisador musical Rodrigo Faour. “Nos anos 60 e 70, a música de João Roberto Kelly podia ser ouvida o ano inteiro e em toda a parte: televisão, rádio, disco, boate, teatro de revista e baile de carnaval”, escreve Ruy na parte superior da orelha. Logo abaixo, Faour ratifica: “Suas músicas são deliciosas, nos rejuvenescem e nos fazem acreditar piamente que ser brasileiro (e carioca) ainda é motivo de orgulho”.  E na contracapa arrasa quarteirão, quem escreve e relembra histórias ao lado de Kelly é seu irmãozinho José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos maiores nomes da TV brasileira: “Uma noite, no bar Rond Point, tomei um uísque rápido e fui para São Paulo, deixando o Kelly com o Antonio Maria e uma das namoradas (eram muitas) do Kelly. Na época, os malditos celulares ainda não haviam chegado. Na manhã seguinte, o telefone tocou na minha casa. Era o Kelly: “Boni, o Antonio Maria morreu. Saiu logo depois de você. Não se sentia bem e foi dormir. Morreu no hotel”. "Enquanto eu viajava de volta, o João Roberto Kelly criou um emocionante programa de televisão para homenagear o velho Maria. Kelly é um príncipe. Sou seu admirador incondicional”, finaliza Boni.
Coautor do livro de memórias do artista, o cineasta André Weller define o que os leitores poderão encontrar ao longo das 163 páginas da obra: “São casos curtos, concisos e saborosos como são as letras econômicas das suas composições de carnaval. Impossível não vislumbrar um sorriso atrás deste livro. Experimente saber o que aconteceu num motel na avenida Brasil com dona Zica e Emilinha. Ou quando um estudante de direito (Kelly) levava vedetes a tiracolo à faculdade”.
“A Cabeleira do Zezé e outras histórias” (R$ 47,00), que está à venda nas principais livrarias e pelo site www.vitale.com.br, é diversão garantida.
O Bar Garota de Copacabana fica na Avenida Atlântica, 3744, Copacabana, Rio de Janeiro. Entrada franca.
Dia 16/12/2015, a partir das 19h, com presença do Cordão da Bola Preta.

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 Fonte: Assessoria de Imprensa Irmãos Vitale/ George Berkeley Patinõ


Em game lançado pelo Washington Post o eleitor pode deixar cair a cabeça de Donald Trump do alto de um edifício. Diversão garantida


O jornal Washington Post criou games para celulares inspirados nos pré-candidatos à presidência dos Estados Unidos. No jogo, você pode evitar ou, se quiser, deixar acontecer que a folclórica mas perigosa figura de cotorno neo-hitlerista de Donald Trump arrebente a cabeça. O cenário do game é de empreendimentos imobiliários, ramo do pré-candidato republicano, com uma surreal cabeça flutuante despencando em meio a edifícios e levando junto, claro, a demência do republicano.

Demitidos de O Dia e Meia Hora fazem protesto na porta da redação, no Centro do Rio de Janeiro

Jornalistas demitidos este ano da Ejesa – que publica ‘O Dia’ e o ‘Meia Hora’ e que recentemente fechou o ‘Brasil Econômico’ – fizeram ato público, hoje, diante do prédio da redação, na Lapa, para denunciar o descumprimento das leis trabalhistas pelos donos da empresa, os portugueses Nuno Vasconcellos e Maria Alexandra Mascarenhas. Com apoio do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, os ex-funcionários deram depoimentos sobre o que receberam em troca de décadas de dedicação à empresa: o calote de suas verbas rescisórias e de mais de um ano de depósitos atrasados do FGTS. Muitos estão passando por situações vexatórias, com o nome em listas de entidade de proteção ao crédito e dificuldades para as despesas básicas do dia a dia.
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Notícias de Resende

Por ROBERTO MUGGIATI
Um documento raro: este é o famoso "olho" que carimbava as sugestões de matérias temporariamente arquivadas ou colocadas na "geladeira" após as reuniões de pauta da revista Manchete. Eram assuntos que ganhavam o rótulo "ficar de olho". O símbolo implacável foi  clonado de um "olho" do quadro Guernica, de Picasso. Foto: Acervo Muggiati.

Apesar do nome pomposo em latim, este Panis existe para compartilharmos o pão nosso de cada dia das boas memórias e das amizades que desfrutamos nos anos da Bloch, apesar de vivermos a maior parte do tempo naquilo que, num texto do século passado, batizei de “o inferno das redações”.
O Panis Cum Ovum se tornou também um farol na noite escura dos relacionamentos que se esfacelaram com o fim da Bloch. Outro dia, soubemos da morte de uma figura querida, o Gastão René Friedman, vulgo UFO. E, quem deu a triste notícia foi o João Resende, outra figura querida, alegrando-nos com a boa notícia de que está vivo e passa bem em Minas Gerais. Em suas próprias palavras:
“Me aposentei na Funarte (ex-Embrafilme, ex-Fundação do Cinema) há uns 15 anos, como redator da Assessoria de Imprensa. Agora coço o saco aqui em Juiz, com meus cachorros. Retornei à cidade meio que por inércia, Juiz de Fora é muuuito feia, embora ‘prática’ para se viver. O Rio ficou inviável...”
O João fala em cachorros, mas, se não me falha a memória, quando o conheci ele tinha um destes minipinchers ou chihuahuas que contrabandeava para dentro da redação numa bolsa de ginástica. Não era inglês, mas era excêntrico (o Resende, não o cachorro), talvez por conta da sua mineirice. Que ele volta e meia invocava. Certa vez, candidatou-se a um posto na Rádio Canadá, país onde morava sua irmã, quando o Jaquito resolveu promovê-lo da noite para o dia. A Manchete tinha perdido o titular de uma sucursal importante – não sei se Nova York ou Salvador da Bahia – e Jaquito adentrou a redação com a ordem:
– Resende, vai fazer as malas, amanhã você viaja para assumir a sucursal de X!...
– Uai, sô, Jaquito! Eu sou mineiro. Com mineiro a coisa não é assim, tão atropelada. . .
Talvez por isso ele tenha recebido outra ordem do Jaquito, tempos depois:
– Pode esvaziar as gavetas. . .
Em meados de 1975, quando Adolpho Bloch tirou o Justino Martins da direção da Manchete e me botou no lugar do “Índio”, que ele não conseguia engolir, assumi o cargo mais prestigioso e mais perigoso de toda a empresa. Para fazer uma boa revista que esgotasse nas bancas toda semana eu contava com a figura fundamental do chefe de reportagem, na época o João Luiz de Albuquerque. João Luiz formava com dois fieis escudeiros – João Resende e Suzana Tebet – a troika que se contrapunha ao trio Karamabloch: Adolpho, Oscar e Jaquito. (Para os não-iniciados, nascido em Kiev, Adolpho sempre foi ligado aos assuntos russos e era fascinado pela troika que comandava o Kremlin, na verdade um troika de araque, porque quem mandava mesmo era o Leonid Brejnev, assim como quem mandava na Bloch era só o Adolpho.)
De um diretor novo exigiam-se novas atitudes. Na verdade, todo mundo queria mandar na Manchete e plantar suas matérias na importante revista. Logo me impuseram uma reunião de pauta “monstro” – um pleno ampliado – em que editores de todas as revistas da Bloch davam palpite. O editor da Agricultura de Hoje sugeria uma reportagem sobre a febre aftosa; o da Tendência, outras sobre “insumos”; e por aí vai. Como diretor da Manchete, eu era obrigado a me pronunciar sobre cada sugestão de matéria. João Luiz, João Rezende e Suzana Tebet anotavam tudo. Às matérias brochantes – que não venderiam revista nemporumca (para adotar um palavrão cifrado do Ney Bianchi) – eu dizia, com a maior solenidade: “Interessante, vamos ficar de olho...” Acabava a reunião com 60 a 70% das sugestões destinadas ao insondável olho do Muggiati.
João Luiz, Resende e Suzana, mais do que as reportagens em si, adoravam o jogo que cercava todo o andamento da coisa, adoravam monitorar o follow-up, eram também fascinados por artigos de papelaria, compravam os últimos fichários de acrílico, pranchetas transparentes de cores ácidas (uma influência retardada da revolução psicodélica no universo burocrático) e inventaram então um carimbo para chancelar todas aquelas sugestões mandadas para “o olho”. João Luiz deu uma de gênio e arrancou o olho da Guernica do Picasso e o transformou em carimbo. Guardo até hoje a matriz em ferro pregada num pedaço de madeira e o próprio carimbo de borracha, dos tempos em que se usava aquela almofada de tinta. Há pouco, por motivos sentimentais, mandei fazer um destes carimbos modernos (o meu é Made in Taiwan) com o olho da Guernica, que transformei em meu ex-libris, principalmente porque o quadro de Picasso foi pintado no ano em que nasci, 1937, e porque é o primeiro quadro-reportagem da História, e casa com o título do meu livro de memórias (brevemente, nas melhores livrarias) A vida é uma reportagem.
João Resende é uma figura que daria um daqueles perfis da Seleções do Reader’s Digest intitulado “Meu tipo inesquecível”. Fazia uma dupla dinâmica com o Jorge Aquino Filho, do clã dos Aquino de São João da Barra, produtores do famoso Conhaque de Alcatrão. Não me contenho e transcrevo esta história do Patriarca:
“Tudo começou em 1908, quando Joaquim Thomaz de Aquino Filho iniciou a produção da bebida que, até então, se chamava Cognac de Alcatrão da Noruega. Rapidamente, o atual Conhaque de Alcatrão São João da Barra - feito de destilado de cana e extrato de alcatrão - ganhou popularidade, virando tradição nacional e adquirindo a fama de "Conhaque do Milagre". O criador do "santo remédio" foi pai de 23 filhos com a primeira mulher e ainda teve outros dois, no segundo casamento.”
Como o Patriarca, o Conhaque de Alcatrão também deu filhotes, entre eles a cachaça Praianinha e a vodca Kovak. Como um dos primeiros clientes de Gráficos Bloch, que imprimia seus rótulos, e depois anunciante forte da Manchete, colocou muitos herdeiros para trabalhar como jornalista na Bloch. Ruth de Aquino, por exemplo, que se tornaria a primeira mulher diretora de jornal no Brasil (O Dia, do Rio).
Assim, Jorge de Aquino Filho foi trabalhar como repórter na Manchete. Uma das crianças sobreviventes do terrível incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói, em 1961 (500 morreram), Aquino era gordo, por conta de sequelas das queimaduras que sofreu.Usava sempre calça jeans e um daqueles blusões claros com fechamento de zíper que chamavam de slacks.
João Resende era muito desligado, só sabia que precisava abastecer seu carro com álcool quando o carro parava, por absoluta falta de combustível. Providencialmente, o Aquino forrava sempre o porta-malas do carro do Resende com meia dúzia de vodcas Kovac. Era só abrir a tampa do tanque e desovar dois litros que a máquina pegava de pronto e levava até o posto mais próximo.
Resende martirizou-se a escrever durante um ano uma matéria genial que só ele desencavara, não sei de onde, talvez de suas aulas de planador em Juiz de Fora. Sim, planador, sabem o que é? Um avião sem motor. Só o João Resende, mesmo. . . A matéria tinha a ver com um plano secreto dos nazistas para invadir o Brasil com uma frota de zepelins, ou coisa parecida. Um belo dia, com toda a solenidade que o evento exigia (só faltou o champanhe), João Resende deitou sobre a mesa do editor a decantada matéria: “Evém zepelim,” começava, no melhor estilo mineiro à Guimarães Rosa. Sequer lembro também se a matéria chegou a ser publicada.
Ave, Resende, apareça por aqui, vamos rachar um panis. . . de queijo. . .

Jornal Irish Examiner culpa a urucubaca da camisa do Flamengo pelas derrotas de José Aldo e Ronda Rousey. Os dois posaram com o "fatídico manto"

O Irish Examiner descobriu a causa das derrotas de José Aldo e de Ronda Rousey, ambas fragorosas. Os dois posaram com a camisa do Flamengo antes de protagonizarem vexames no octógono. O jornal sugere ao campeão irlandês Connor Mc Gregor, que acertou um soco demolidor no rosto do brasileiro, que fique longe da camisa rubro-negra; "Nada de bom vem daí", sentenciou. Leia no Irish Examiner, clique AQUI 

Serena Williams, a Esportista do Ano


Vencedora em três títulos de Grand Slam, apenas em 2015, a Serena Williams, já apontada como a maior tenista de todos os tempos - ganhou 21 torneios, em simples - , foi eleita Esportista do Ano pela revista Sports Illustrated.

James Dean e a maldição da Porsche

Por ROBERTO MUGGIATI

James Dean ao lado do Silver Porsche 550 Spyder, o "Bastardinho".. 

James Dean com o mecânico Rolf Wutherich, que sobreviveu ao acidente. 

O "Bastardinho" destruído, em 30 de setembro de 1955.

O Ford 1950, de Donald Turnupseed, que se chocou com o Porsche. 
Falei da Porsche de Janis, agora vou falar da Porsche de James Dean – o carro que ele batizou de “Little Bastard” (“Bastardinho”) e que o levou para a morte há 60 anos. A Porsche prateada Spyder era um modelo raro: só existiam 90 exemplares em 1955. Dean vinha se celebrizando como piloto de provas com carros-esporte e dirigia muito bem: não é verdade que viajava em velocidade excessiva quando sofreu o acidente fatal numa estrada da Califórnia. Foi o outro motorista, um caipira chamado Donald Turnupseed, quem atravessou  seu  Ford 1950 na frente do Spyder.
O Porsche de Dean não teve a mesma sorte do Porsche de Janis, arrematado por 1,7 milhões de dólares num leilão em Nova York na semana passada. Ele simplesmente sumiu do mapa. Antes, andou causando algumas confusões que lhe deram a fama de objeto maldito. Depois do desastre, George Barris – um mestre na customização de carros – comprou os destroços por 2.500 dólares. Quando a carcaça distorcida chegou à garagem de Barris, o Porsche deslizou e caiu sobre um dos mecânicos que o descarregavam, quebrando suas pernas.
Barris começou a desconfiar do carro, mas suas piores suspeitas foram confirmadas numa corrida no autódromo de Pomona em outubro de 1956 – um ano depois da morte de Dean. Dois médicos corriam em carros com partes do “Bastardinho”. Troy McHenry, que tivera o motor do Porsche transplantado em seu carro, morreu ao perder o controle da direção e bater numa árvore. William Eschrid capotou e sofreu ferimentos graves. Sobreviveu para contar que o carro travou subitamente quando ele fazia uma curva.
A influência maligna do carro continuou depois da corrida. Um garoto que tentava roubar o volante do Porsche escorregou e sofreu um corte profundo no braço. Com relutância, Barris vendeu dois pneus do carro a outro jovem. Uma semana depois, o homem quase morreu num acidente quando os dois pneus estouraram ao mesmo tempo.
Está parecendo aquele carro do filme baseado no livro de Stephen King, Christine, o carro assassino, não acham? Pois a novela continua. Barris tentou regenerar o Porsche azarado e dar-lhe um destino mais nobre. Alugou o veículo destroçado para uma turnê patrocinada pela Patrulha Rodoviária da Califórnia, a fim de alertar para a segurança nas estradas. Em poucos dias, a garagem que abrigava o Spyder foi totalmente destruída num incêndio: de todos os carros lá guardados, sobrou apenas o “Bastardinho”. Calma, minha gente, tem mais: quando foi exibido em Sacramento, o carro caiu da sua vitrina e quebrou os quadris de um adolescente; George Barkuis, motorista que dirigia um caminhão-reboque levando o Porsche, morreu num acidente de estrada, esmagado pelo “Bastardinho”.
Ferdinand Porsche no seu Lohner Porsche

O atentado ao Arquiduque Franz Ferdinand, assassinado a bordo
de uma...


... limusine Graf Stift, que teria fornecido peças para os primeiros Porsches

As desgraças provocadas pelo Porsche só acabaram em 1960. Depois de se exibir numa mostra em Miami, Flórida, os destroços do Spyder seguiram de caminhão para Los Angeles e sumiram numa curva do tempo até hoje não encontrada. Nunca mais se soube nada do “Bastardinho”.
Especialistas em fantasmagoria automotiva elaboraram uma curiosa tese para explicar a malignidade do Porsche. Os primeiros modelos da marca Porsche, fabricados em 1939, teriam usado partes do ferro velho do carro em que o Arquiduque Franz Ferdinand foi assassinado com a mulher em Sarajevo em 1914, episódio que deu origem à Primeira Guerra Mundial. O próprio Ferdinand Porsche – designer do Volkswagen e do Porsche – quando prestou serviço militar, em 1902, foi motorista do Arquiduque do Império Austro-Húngaro. Porsche, Franz Ferdinand (hoje é nome de banda de rock escocesa), James Dean – afinidades eletivas, ligações perigosas que levam muita a gente a acreditar que as máquinas tenham alma, e às vezes possam ser mortalmente malignas.
Sources:
AMC's Hollywood Ghost Stories television special


domingo, 13 de dezembro de 2015

Janis in Rio, 1970

Janis Joplin na Praia da Macumba. Foto antológica de Ricky Ferreira. 
Janis Joplin na Avenida, Rio, Carnaval de 1970. Foto Manchete

Janis Joplin durante coletiva de imprensa no Copacabana Palace, matéria publicada na Manchete. Ricky está logo atrás de JJ. Foto de Nilton Ricardo
Topless na Praia da Macumba, o barato do Fogo Paulista e a Mercedes-Benz que Deus negou: aí Pearl comprou um Porsche


Por ROBERTO MUGGIATI

Meados de janeiro de 1971, uma experiência transcendental: Janis Joplin canta a cappella Mercedes-Benz: “Oh, Lord, won’t you buy me a Mercedes Benz?/My friends all drive Porsches, I must make amends./Worked hard all my lifetime/no help from my friends/So oh Lord, won’t buy me a Mercedes-Benz?”
É uma noite abafada e estou num apartamento de frente para o bloco de pedra do Cantagalo. Nosso anfitrião recebeu, dias depois do lançamento, em 11 de janeiro, o último LP (póstumo) de Janis Joplin, Pearl. Na verdade, Mercedes-Benz foi a última faixa que ela gravou, três dias antes de morrer de uma overdose de heroína num motel de Los Angeles, em 4 de outubro de 1970.
Janis viveu seus dois últimos verões nesse ano: primeiro no Brasil, depois nos Estados Unidos. Ela saltou de paraquedas no Rio em pleno Carnaval, foi ver as escolas de samba na Avenida (então Presidente Vargas), hospedou-se no Copacabana Palace (logo a expulsaram por nadar nua na piscina), conheceu o Rio roqueiro de Serguei e do Big Boy e fez topless na Praia da Macumba, onde foi flagrada por seu cicerone carioca, o fotógrafo Ricky Ferreira. 
Quando Janis morreu, a Manchete publicou com exclusividade aquelas fotos da roqueira descontraída, na praia, entornando uma garrafa inteira de Fogo Paulista, um goró suicida: licor de ervas aromáticas com ingredientes naturais de plantas selecionadas e mel de abelhas. Graduação alcoólica de 36%vol, conteúdo 960ml. Nosso chefe de reportagem João Luís Albuquerque correu atrás do Ricky e garantiu a exclusividade das fotos para a revista carro-chefe da Bloch.
Tive acesso à audição privilegiada de Pearl através do Ricky Ferreira, justamente, que se tornou meu amigo depois da publicação de suas fotos em Manchete. O detentor do cobiçado LP era um amigo do Ricky, o Mauro, um hare krishna muito doido e muito rico, de bata, cabeça raspada, mantras e tudo mais.
A essa altura o rock começou a mexer com minha vida. Em 1968, publiquei meu primeiro livro, Mao e a China, uma declaração de amor ao comunismo chinês e à revolução cultural. Uma semana depois, o AI-5 desabou sobre nossas cabeças e não se podia mais escrever sobre política. Foi então que me voltei para a contracultura, uma nova arma para combater o Sistema. O rock era a voz principal da contracultura. Deixei de lado o jazz e voltei-me para o som e a fúria de Rolling Stones, Beatles, Dylan e The Who. 
Quando Jimi Hendrix morreu, duas semanas antes de Janis Joplin, escrevi a matéria principal da Manchete. Começava assim: 
“WHAAAAMMMMMM –BOOOMMM –SSSHHHH-BLAMMMM-RAT-AT-TAT-RAT-AT-AT-WHIIIIZZZZZ-BOOOMMMMMM – São bombas explodindo, granadas e napalm, rajadas de metralhadoras, em meio ao silvo dos jatos e ao ronco dos helicópteros. O ano é 1969, mas o Vietnã está a milhares de quilômetros de distância. Aqui, nas suaves colinas de Woodstock, trinta mil jovens entorpecidos pelo sono e cansaço acordam em sobressalto, num barulheira demencial, sem saber o que está acontecendo. É Jimi Hendrix interpretando o hino americano, Star-Spangled Banner – o ato final daqueles ‘três dias de paz e amor’ que marcaram toda uma geração.”

Carlos Heitor Cony me conhecia pouco, gostou do texto e me convidou para chefe de redação do Ele&Ela, que ele dirigia. Eu tinha passado um ano da direção da Fatos&Fotos, a Gata Borralheira das revistas da Bloch, e estava meio no limbo das redações. A ida para o Ele&Ela foi providencial. Uma revista masculina que, graças à ditadura, não podia publicar nus – só mulheres bonitas em biquinões – então o texto inteligente e sofisticado era a saída. Lá estavam o crítico de arte Flávio de Aquino, o crítico de cinema Paulo Perdigão, o crítico literário Mário Pontes. E, é claro, melhores do que as mulheres estampadas em nossas páginas, a dupla de secretárias do Cony, eficientíssimas: a longilínea loura escandinava Mia e a dengosa Lúcia, de cabelos morenos. Para quem tinha o pique de fechar jornais, ou revistas semanais (eu vinha da Manchete, da Veja e da Fatos&Fotos), uma revista mensal era uma moleza. Sobrava tempo para escrever outras coisas. Foi ali que Cony escreveu o que ele considera sua obra maior, o transgressor Pilatos. Foi ali que, a partir de um artigo sobre a relação do rock com as drogas, a perigosa viagem do som, eu escrevi Rock: o grito e o mito/A música pop como forma de comunicação e contracultura. Mário Pontes, na mesa ao lado, que com Rosemary Muraro era editor da Vozes, comprou imediatamente a ideia. Rock: o grito e o mito saiu em 1973, teve quatro edições, as duas últimas atualizadas em 1981, foi publicado em 1975 em espanhol pela Siglo Veintiuno (Madri, Mexico, Buenos Aires, a editora de Borges e Cortazar), fez a cabeça dos jornalistas de música brasileiros e foi adotado por muitos cursos de comunicação pelo país afora.
O Porsche da Janis Joplim. Reprodução
Ah, sim, não deixemos a memória afogar o gancho jornalístico. Janis pediu a Deus um Mercedes-Benz, mas acabou comprando um Porsche usado por 3.500 dólares, que mandou pintar em cores psicodélicas. Agora, levado a leilão em Nova York, o Porsche de Janis foi arrematado por 1,7 milhão de dólares. Logo uma canção para denunciar o consumismo. . . . Mas o pathos de Janis suplicando volta à nossa lembrança, com o detalhe brutal de que foi sua última gravação, sozinha com sua voz, e com a passagem irônica em que conclama “Everybody” para fazer parte do coro – e esse “todo mundo” não se manifesta, está ausente, e ela prossegue, cantando sozinha até morrer.

ONU conta com sociedade civil para exigir que governos cumpram acordos climáticos

Movimentos civis fiscalizarão cumprimento de acordos climáticos. Foto IISD
“Vocês forneceram exemplos de novas formas de trabalho e soluções inovadoras que estão criando um mundo mais verde e sustentável”, disse chefe da ONU para organizações da sociedade civil.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou nesta quinta-feira (10) que conta com as organizações da sociedade civil para manter os governos comprometidos com os pontos que serão estabelecidos na Conferência do Clima (COP21) em Paris, França. Líderes mundiais devem adotar o compromisso para limitar o aquecimento global a 2ºC nesta sexta-feira (11).
“Uma das lições valiosas que eu aprendi como secretário-geral durante os últimos nove anos é que nenhum governo, nenhuma organização internacional, consegue fazer seu trabalho de forma adequada sem o compromisso ativo e o apoio da sociedade civil”, afirmou Ban.
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e presidente do Climate Reality Project, Al-Gore, apresentou uma petição assinada por 6,2 milhões de pessoas e uma declaração conjunta representando todos os grupos da sociedade civil na COP21. O documento afirmava que essas pessoas estão “exigindo um acordo forte que leve o mundo para longe da poluição do carbono e rapidamente em direção às soluções climáticas”.
A diretora assistente do Avaaz, um site global de incentivo a adesão de campanhas mundiais, Emma Ruby-Sachs, afirmou estar na Conferência representando mais de 3 milhões de pessoas que pedem por 100% de energia limpa até 2050. “Isso (a COP21) é mais do que o clima. Isso se trata de como resolvemos problemas globais”, afirmou.
Ban Ki-moon enfatizou o papel decisivo da sociedade civil para gerar ações relacionadas ao clima. “Vocês forneceram exemplos de novas formas de trabalho e soluções inovadoras que estão criando um mundo mais verde e sustentável. Eu convido vocês a continuarem a demandar mais de todos os governos”, declarou o chefe da ONU.
Fonte: ONU Brasil

No dia em que o AI-5 completa 47 anos, manifestantes pedem a volta da ditadura e o fechamento do Congresso


Em Brasília, hoje, faixa pede que Dilma "passe" a presidência para o Exército e que este feche o Congresso. Foto Lula Marques/Agência PT
Capa do Última Hora noticia o AI-5, editado em 13 de dezembro de 1968, que fechou o Congresso, como os manifestantes pedem, hoje, em um mesmo dia 13 de dezembro. Reprodução
por Flávio Sépia
No dia 13 de dezembro de 1968, a ditadura civil-militar instalada em 1964 apertava as algemas políticas do país. Os militares decretaram o  AI-5, fecharam o Congresso e soltaram agentes nas ruas para prender milhares de pessoas em todo o país. Entre os manifestantes que saíram às ruas, hoje, havia tanto quem defendesse Cunha, Temer, e quem pedisse a volta da ditadura. A data escolhida para o protesto marca apropriadamente os 47 anos do AI-5. Os atos deste domingo, segundo a própria mídia, tiveram adesão menor. O que significa que fazer passeata levantando a bandeira de Cunha não é fácil.

Deu no Daily Beast; já foi eleita "A Pior Pessoa de 2015". E sem direito a impeachment...

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Kayapós garantem: "Os governantes do Brasil estão doentes. Precisam fazer tratamento com pajelança"

A exibição do filme Para onde foram as andorinhas nesta sexta-feira, na Zona de Ação pelo Clima, no Centro 104, em Paris, contou com a participação de mais de 60 pessoas que ao final fizeram muitas perguntas aos indígenas do Xingu. O cacique kayapó Raoni Metuktire chegou de surpresa para prestigiar o evento
Na tarde desta sexta-feira (11), aconteceu o último evento organizado pelo ISA em Paris durante as negociações para um novo acordo climático global. Com mais de 60 pessoas para a projeção do filme Para onde foram as andorinhas?, feito em parceria com o Instituto Catitu, o evento foi na Zona de Ação para o Clima (ZAC), espaço da Coalizão Climática 21, da sociedade civil.
Tukupe Waura, que, junto com seu tio Yapatsiama, falou pela segunda vez ao público do ZAC sobre os impactos das mudanças climáticas no Parque Indígena do Xingu (MT), fez um alerta: “Nesse momento, os governantes do Brasil estão doentes. Precisam fazer tratamento com pajelança”.
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Deu no G1: redução de emissões propostas pelo Brasil entrou no texto final do acordo

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Pelo acordo, o Brasil tem que reduzir 37% das emissões de gases até 2025

A mesa da Conferência, em Le Bourget, Paris. Foto ONU

A brasileira Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente é chefe da delegação brasileira,...

...negociou pontos importantes do acordo. Fotos Paulo Araújo/MMA
por: Lucas Tolentino (enviado especial a Paris) 
O Brasil entrou para a ‘coalizão de alta ambição’, que busca compromissos mais ousados para conter o aumento da temperatura do planeta. Ao lado de potências como os Estados Unidos e a União Europeia, o País aderiu ao grupo que tenta aumentar a firmeza do acordo em pauta na 21ª Conferência das Partes (COP 21). A Cúpula ocorre até este fim de semana, em Paris, e tem o objetivo de selar um pacto capaz de frear o aquecimento global.
A adesão do Brasil ao grupo representa novo suspiro para o Acordo de Paris. Conhecido mundialmente pela eficiência na resolução de embates diplomáticos, o País foi aplaudido na COP 21 quando os integrantes da coalizão fizeram o anúncio. “Esse é um grupo político que tem o papel de diálogo entre aqueles que buscam a ambição”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, chefe da delegação brasileira. “Acreditamos em transparência.”
CIÊNCIA
A decisão foi alinhavada em reunião de Izabella Teixeira com o ministro de Relações Exteriores das Ilhas Marshall, Tony de Brum. Na questão climática, o País se junta a outras nações insulares como Tuvalu, ambas preocupadas com um possível desaparecimento caso o nível dos oceanos aumente em função do aquecimento global. Também fazem parte da coalizão de alta ambição latinoamericanos em desenvolvimento como México e Colômbia.
 O grupo defende, entre outros temas, a relevância de dados técnicos para embasar medidas governamentais relacionadas às mudanças do clima. Para Tony de Brum, a ciência tem de estar traduzida no pacto que 195 países tentam firmar na COP 21. “Não estamos nesta Conferência para chegar a um acordo mínimo”, afirmou o chanceler das Ilhas Marshall. “O texto tem de promover a descarbonização das economias.”
CONSENSO
Signatários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), os 195 países estão reunidos em Paris com o intuito de encontrar um consenso sobre o que podem fazer para evitar o aquecimento global. Às vésperas do fim das negociações, previstas para terminarem neste fim de semana, as nações fazem análises do texto atual do acordo, que congrega metas de corte de emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.
A previsão é que o Acordo de Paris comece a valer em 2020. A partir daí, os países que assinarem o protocolo terão de colocar em práticas as ações prometidas para cortar emissões. A meta apresentada pelo Brasil é reduzir 37% das emissões até 2025 e 43%, até 2030 – ambas em comparação aos níveis de 2005. Para isso, o País fará, entre outras coisas, o reflorestamento de 12 milhões de hectares e investirá nas fontes renováveis de energia.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) 

Obama, que preside o país campeão mundial de emissão de gases de efeito estufa, fala sobre o acordo ambiental

Após a assinatura do acordo sobre a redução da emissão de gases do efeito estufa, ontem, em Paris, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o compromisso firmado pelos países representa uma “virada” na luta para minimizar os efeitos das mudanças climáticas no planeta.
“O problema não está resolvido por causa do Acordo de Paris, mas agora foi definido um quadro objetivo sobre o que o mundo precisa fazer para resolver a crise climática”, disse Obama em pronunciamento na Casa Branca. Segundo ele, o acordo define o mecanismo e a “arquitetura” para que os países possam lidar com o problema de forma mais eficaz.
O presidente norte-americano definiu o acordo como “ambicioso e imperfeito”, mas disse que a assinatura mostrou que há esperança quando o mundo se une. O acordo vinculativo foi assinado por 195 países. “Hoje podemos estar mais seguros de que o planeta vai estar em melhor forma para a nova geração”, destacou.
Nos meses que antecederam a assinatura do acordo, Obama anunciou várias medidas internas, como a meta de redução em 32% da emissão de gases das usinas termoelétricas dos Estados Unidos até 2030. O tema encontra resistência nos setores empresarial e agrícola, além da oposição da bancada republicana, que hoje compõe a maioria do Congresso norte-americano.
Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no mundo na emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Fonte: Agência Brasil

COP21 incorpora propostas do Brasil

A presidente Dilma Rousseff disse ontem que o Acordo de Paris, aprovado na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), define uma nova fase da luta contra a mudança do clima. “O acordo é justo e ambicioso, fortalecendo o regime multilateral e atendendo aos legítimos anseios da comunidade internacional”, afirmou, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto. Para Dilma, o documento é o resultado de uma mobilização inédita dos governos, com o engajamento ativo da sociedade em todos os países. “Duradouro e juridicamente vinculante, o acordo também é ambicioso por procurar caminhos que limitem o aumento de temperatura neste século em até 2 graus Celsius, buscando atingir 1,5 grau Celsius”, comentou.
Dilma também destacou que os países desenvolvidos deverão financiar as ações de combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. O texto prevê a criação de um fundo anual de US$ 100 bilhões, financiado pelos países ricos, a partir de 2020: “O Acordo de Paris fomenta, também, a possibilidade de apoio voluntário entre países em desenvolvimento, o que permitirá que o Brasil continue a promover a cooperação Sul-Sul”.
O documento incorporou a proposta conjunta do Brasil e da União Europeia de mecanismo que promove investimentos privados em projetos de redução de emissões (MDL+). No conjunto das suas decisões, também incorporou o mecanismo de REDD+, que permite o reconhecimento e o pagamento por resultados das ações de combate ao desmatamento e degradação florestal, sendo fundamental portanto para a implementação das metas brasileiras de combate à mudança do clima, anunciadas em setembro de 2015”, completou.
Fonte Agência Brasil

sábado, 12 de dezembro de 2015

Da revista Brasileiros: "Manual do perfeito mideota" - Nas entrelinhas da imprensa

por Luciano Martins Costa (*)
O mundo de repente se tornou muito complexo? Não se preocupe: a maneira menos dolorosa de lidar com a complexidade da existência e com aquela angústia que ela provoca é assumir a condição de midiota. Portanto, é preciso verificar se você se classifica no rol dessas pessoas afortunadas para as quais o mundo é branco ou preto.
Seria maldade perguntar se você leu o livro originalmente intitulado “Being There”, publicado em 1970 pelo escritor Jerzy Kosinski. No ano seguinte, saiu uma edição brasileira que recebeu como título “O Videota”, o que facilita as coisas. Mas, para evitar o sacrifício de ter que ler um livro inteiro, informo que a versão cinematográfica pode ser baixada ou assistida online (dublada, para facilitar), no youtube ou vimeo.com. Busque pelo título: “Muito além do jardim”.
Em resumo, trata da história de um indivíduo maduro, órfão desde o nascimento, que passou a vida cuidando do jardim do homem que o acolheu. Nunca foi à escola, não aprendeu a ler ou escrever. Tudo que sabia era o que havia visto na televisão do seu quarto.
Um dia, o dono da casa morre e ele tem que sair para o mundo. O que se segue chama-se ironia: numa sociedade muito mais complexa do que o jardim que era seu universo, as opiniões simples e reducionistas que ele havia formado ao longo dessa existência alienada soam como explosões de sabedoria. Assim, ele vai subindo na escala social à base de metáforas absolutamente primárias sobre jardinagem e programas televisivos.
Alguma relação com as opiniões que você colhe na imprensa sobre política brasileira, economia e, principalmente, sobre corrupção?
Se a resposta for positiva, você tem grande chance de se identificar como um midiota. Aliás, no romance de Kosinski e no filme, o “videota” chama-se Chance, nome que em inglês, francês ou português pode ser traduzido como “oportunidade”.
Aqui está, portanto, sua chance de reduzir a angústia de viver numa sociedade onde a ascensão social de milhões de pessoas que viviam na pobreza produziu um alto grau de complexidade. Vamos combinar: a vida era muito mais simples quando a empregada usava o elevador de serviço, andava de ônibus, não precisava de férias e conhecia o seu lugar. E a gente nem precisava registrar o emprego dela. Quebrava um vaso, podia trocar o vaso e a empregada, sem maiores danos.
Também sabemos, você e eu, que esse negócio de preto, mulato, aquele povo do norte, fazendo compra no mesmo supermercado, comprando a mesma coisa que a gente, causa um certo desconforto. Esse mal-estar aumenta muito quando os encontramos na fila do aeroporto, ou a bordo daquele navio de cruzeiro, certo?
Tudo isso é causa de angústia e isso é compreensível: você não teve a chance de se preparar para essa mistura, porque passou a vida entre a mídia conservadora e o jardim do lar burguês.
A boa notícia é que você pode reduzir esse sofrimento simplesmente assumindo sua condição de midiota.
O diagnóstico é simples e pode ser feito por você mesmo. Por exemplo, você leu nos jornais que o desemprego de março superou o de fevereiro, e saiu por aí dizendo que o Brasil está à beira do abismo. Nem se pergunta quantos dias úteis tem fevereiro, se esse é um mês em que as pessoas esperam arrumar emprego etc.
Se você assumiu que o Brasil foi para a cucuia, parabéns: você é um midiota quase perfeito.
Mas se você tem um resquício de senso crítico e questiona se esse tipo de indicador é duvidoso, ainda pode comparar o desemprego do primeiro semestre deste ano com o do ano anterior. Pode chegar à mesma conclusão, ou seja, de que o Brasil foi pelo ralo.
No entanto, se passar pela sua cabeça que 2014 foi ano de Copa do Mundo e, portanto, muitos indicadores econômicos ficaram fora da curva, sinto muito: você está deixando o confortável mundo dos midiotas.
Veja bem: não se trata de ler ou não os jornais e as revistas semanais de informação que dominam o mercado, ou de assistir os telejornais todas as noites. Ser um midiota é uma questão de postura – você precisa receber esse noticiário pelo preço de face, ou seja, tem que absorver a mensagem sem aplicar sobre ela qualquer questionamento.
Não pode considerar, por exemplo, que um ano inteiro de noticiário negativo, apocalítico, acaba produzindo o que anuncia, porque afeta o ânimo de investidores, de empresários e dos trabalhadores.
Outra chance de fazer o diagnóstico: você vibrou com a manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para levar a votação a proposta do impeachment da presidente da República? Não se importou com a hipótese de que o solerte parlamentar pudesse estar desviando sua atenção das acusações que pesam sobre ele?
Depois disso, você passou a achar que o vice-presidente Michel Temer é um homem de muitas luzes, porque quase oficializou o rompimento do PMDB com a aliança governista, testando a perspectiva do impeachment?
Se a resposta for positiva em ambos os casos, você está no caminho da libertação: mais um pouco e será dispensado de emitir opiniões inteligentes sobre qualquer coisa.
Mas, se passar pela sua cabeça que até o advogado que assina o pedido de impeachment sabe que dificilmente o Supremo Tribunal Federal iria concordar com a quebra da ordem constitucional se não houve – como não há – denúncia de crime administrativo contra a presidente da República, sinto muito: ainda falta um bocado para você se considerar um perfeito midiota.
Como se vê, o Brasil se tornou muito complexo.
Mas não perca a esperança: continue lendo diariamente os principais jornais do País, não se esqueça de olhar as manchetes nas bancas, e não deixe de assistir aos telejornais e aqueles comentaristas cheio de sabedoria sobre tudo.
Um dia você acorda transformado num enorme inseto, e não vai ter que se preocupar com mais nada.

*Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas


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