José Esmeraldo Gonçalves
A morte de José Maria Marin no último domingo, aos 93 anos, não será capaz de reabilitá-lo. Em um primeiro momento, a Agência Brasil anunciou morte do sujeito, não deixou de destacar no seu currículo uma prisão por corrupção, mas não citou a participação de Marin na campanha sórdida que o incentivou a prisão e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975.
Vamos primeiro à ficha criminal internacional do sujeito por fraude e corrupção. Depois de presidir a CBF entre 2012 entre 2015 ele foi detido pelo FBI, na Suíça (durante uma viagem à sede da FIFA). Era acusado de lavagem de dinheiro e recebimento de propina. Extraditado para os Estados Unidos foi julgado e condenado à prisão. Em 2020 foi libertado por motivos "humanitários".
O oposto de "humanitária" foi sua participação na morte de Vladimir Herzog. Deputado Estadual pela Arena, Marin foi adepto inflamado da ditadura. Era amigo do torturador Sérgio Fleury e crítico feroz de Vlado, então editor-chefe da TV Cultura. Em discursos na Assembléia ele apelava às forças policiais a agirem contra o "comunista" Herzog. Em um dos pronunciamentos, Marin exigia uma "providência" para que a "tranquilidade voltasse a reinar" em São Paulo. Pouco mais de duas semanas após tal discurso, Vlado foi preso, torturado e assassinado.
A história conta que o jornalista foi procurado na TV Cultura e, no dia seguinte, compareceu espontaneamente à Rua Tutóia, sede da OBAN, o temido braço repressivo da ditadura em SP. Não mais saiu de lá. Sofreu bárbaras sessões de tortura, acabou morto por choques elétricos. Os policiais montaram uma farsa para simular o suicídio do jornalista, mas a verdade veio à tona. José Maria Marin seguiu impune na vida, foi governador de São Paulo de 1978 a 1983 e presidente da CBF de 2012 até 2015, quando o FBI o engaioulou pelo menos temporariamente. Na CBF seu maior feito foi afanar uma medalha do time campeão da Copa São Paulo de Futebol. Ele deveria entregar a homenagem ao jogador Matheus, do Corinthians. A cena foi flagrada pela Band. Um típico momento José Maria Marin.
P.S - Para saber mais, acesse a Pública
https://apublica.org/2013/02/qual-papel-chefao-futebol-brasileiro-assassinato-de-herzog/
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