* Amanhã fecha-se a janela de transferência que possibilitaria a negociação de Neymar para o Barcelona. Dificilmente haverá uma reviravolta. O jogado deverá voltar ao elenco do clube francês mesmo a contragosto. Neymar acumula recordes: foi protagonista da transferência mais cara do futebol - 222 milhões de euros para sair do mesmo Barcelona -, da mais fracassada (seu rendimento no PSG com os vários afastamentos por contusões que o levaram a não participar de jogos decisivos, não justificou a transação), sofreu bullying em rede mundial de TV (quando Mbappé tentou impedir o brasileiro de entrar na foto com os demais jogadores do PSG para a pose com o Troféu dos Campões) e passou pelo vexame de oferecer 20 milhões de euros do próprio bolso para reforçar a última proposta do Barcelona ao PSG. Neymar, na verdade, sabe que se tiver que permanecer no PSG terá a difícil tarefa de reconquistar a torcida e o próprio ambiente no time.
* Carlos Vereza, cheerleader do bolsonarismo, reclama da "patrulha". Coitado. Daqui a 50 anos alguém vai fazer um filme sobre ele corrigindo perseguição "injusta". Vide Simonal. Regina Duarte também bolsonarista e também "patrulhada" deverá render outro filme-reabilitação bancado pela direita futurista.
* A Academia Brasileira de Cinema anunciou o filme "Vida Invisível", de Karim Ainouz como representante do Brasil para concorrer a uma das cinco vagas de produções internacionais que disputarão o Oscar de Melhor Filme Internacional (antes chamado "Melhor Filme em Língua Estrangeira). O filme de Karim Ainouz recebeu cinco votos enquanto "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho, foi indicado por quatro jurados. Os perdedores tentaram indicar um filme que passasse uma mensagem política mais forte. Os vencedores da disputa preferiram eleger um filme que, na visão deles, está mais próximo do gosto dos eleitores do Oscar. Nos últimos anos tem sido assim: jurados condicionam a escolha a uma espécie de loteria para acertar o "estilo" preferido de Hollywood. Não tem dado certo. A última vez que o Brasil ficou entre os cinco concorrentes foi há 20 anos, com "Central do Brasil".
* A nova cirurgia de Bolsonaro, supostamente marcada para a semana que vem, desperta rumores nas redes sociais. o sujeito deverá ficar dez dias afastado. A dúvida é se a cirurgia justificará sua ausência na abertura solene de novo período de trabalhos da ONU. Tradicionalmente, presidentes brasileiros discursam durante a sessão inaugural. Com o tema das queimadas na Amazônia será abordado pela ONU, as redes sociais desconfiam que Bolsonaro vai dar no pé. Uma novela a acompanhar nos próximos dias.
* O evangélico Bolsonaro foi ao "Templo do Salomão", em São Paulo, receber benção do "bispo" Macedo. Até aí, "saravá mi si fio". O problema é que sobrou para a imprensa. O oligarca dono da Record, que tem sido privilegiada no quesito verbas publicitárias do governo federal, chamou de "inferno da mídia" o tipo de cobertura que é feita sobre o governo. Macedo ainda declarou que falava com autoridade porque não era ele quem estava ali, mas o próprio Espírito Santo. Enquanto isso, bispos católicos que criticam a destruição da Amazônia são ameaçados como "inimigos da pátria".
domingo, 1 de setembro de 2019
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
Rapazes poderosos - ...E a Lava Jata pautava o "jornalismo investigativo"
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| A charge de Jaguar reproduzida da Edição Comemorativa dos 40 anos do Pasquim/2008 |
A força-tarefa sempre negou a ilegalidade que agora é desmascarada.
A charge de Jaguar reproduzida ao lado foi publicada em 2008 na edição comemorativa dos 40 anos do Pasquim. É premonitória.
Parte do jornalismo investigativo brasileiro, ou, pelo menos a forma como a mídia conservadora o vê, sai queimado a partir da revelação dos diálogos da Lava Jato. Pelo que foi revelado até agora - a mídia ainda terá mais participações especiais em futuros chats - várias matérias apresentadas como fruto da apuração de repórteres investigativos tinha nada de "investigação", eram apenas repasses de informações manobradas pelos procuradores. A mídia aparece como uma alegre marionete de interesses dos porões curitibanos, certamente coincidentes com as próprias intenções políticas e empresariais dos veículos que atendiam à estratégia do putsch do MPF.
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| Reproduções The Intercpt Brasil |
A força-tarefa de Curitiba é a pauteira e o jornalista contatado (no caso acima, teve a identidade preservada) aparenta subserviência e parece vibrar de emoção ao receber o "presente".
Tristes sintomas da deterioração ética da mídia conservadora.
A falta de um zíper ameaça ritual de boa sorte dos cosmonautas russos
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| Reprodução Daily Mail |
O gesto, na verdade uma superstição, está em risco. A Rússia lançará uma nova estação espacial - a Federação - para substituir as naves Soyuz em uso desde os anos 1960.
Veículo novo, traje novo. E assim os novo macacões espacias apresentados ontem em Moscou tornarão impossível o acesso ao elemento essencial para o ritual.
Os cosmonautas se articulam para pedir ao designer que altere o traje e permitir o xixi da boa sorte.
Em tempo: nada mudará para as mulheres astronautas que nunca puderam seguir o ritual de Gagarin que, em 1961, desceu do ônibus para fazer xixi antes de subir na Vostok 1. A notícia está no Daily Mail.
Veja fotografou Queiroz. Fica faltando agora uma nova hashtag: "Fala Queiroz!". Mas o caso não tem prazo para sair do freezer
Veja fez paparazzo do Fabrício Queiroz. Ele está em São Paulo, segundo a revista, vai regularmente ao Hospital Albert Einstein, onde faria tratamento contra um câncer no intestino. Embora a pergunta "Cadê Queiroz" tenha se popularizado, o pivô de movimentação financeira suspeita - o escândalo da "rachadinha", que viveu 15 minutos de fama e foi esquecido - que envolve figuras do clã Bolsonaro não é procurado pela PF e muito menos pelo MP. A matéria é de observação, não há declaração do suspeito e o texto reconta o caso atualmente congelado em muitos graus abaixo de zero. Embora convocados, Queiroz, mulher, filhas e Flávio Bolsonaro não compareceram ao MP que, apesar disso, não denunciou o grupo pela recusa em depor.
De qualquer forma, Veja responde: aí está Queiroz. Falta agora viralizar uma nova hashtag: "Fala Queiroz!"
Hidroaviões do G7 começam a apagar queimadas na Amazônia. Menos no Brasil. Bolsonaro ainda não autorizou voos
Hidroaviões financiados pelo G7 já estão em ação contra queimadas decolando do Paraguai. Outras aeronaves partirão nos próximos dias em operação coordenada pelo Chile.
O Brasil, por enquanto, está fora da rota dos hidroaviões.
Bolsonaro ainda não autorizou voos bancados pela ajuda do G7 sobre a Amazônia brasileira, precisamente a maior parte e a mais atingida pela devastação das queimadas. A notícia está no site da Rádio França Internacional.
Ontem, a CNN, em reportagem especial, mostrou que brigadas de incêndio brasileiras trabalham sem equipamentos adequados. Em uma das cenas, homens tentam conter as chamas batendo com vassouras na periferia da mata.
O Brasil, por enquanto, está fora da rota dos hidroaviões.
Bolsonaro ainda não autorizou voos bancados pela ajuda do G7 sobre a Amazônia brasileira, precisamente a maior parte e a mais atingida pela devastação das queimadas. A notícia está no site da Rádio França Internacional.
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| CNN/Reprodução |
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
É moratória! Parte da mídia brasileira fez malabarismos para não usar essa palavrinha na cobertura das trapalhadas econômicas de Maurício Macri
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| O Globo fez ginástica rítmica editorial para evitar a palavra moratória e buscou múltiplas opções: "Renegociar", "revisão de prazos", "reescalonamento dos vencimentos" etc. |
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| A Folha não é peronista mas foi honesta. Definiu a extensão de prazo para pagamento com a palavra exata: moratória. |
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| O Diário de Pernambuco evitou sofismas, a palavrinha de origem grega que não combina nem um pouco com jornalismo sério. É moratória. |
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| O Valor, embora especializado em economia, não deu tanto destaque à crise argentina na primeira página e também chama a suspensão de pagamentos apenas de "renegociação". |
Segundo o Houaiss, a definição de moratória é:
- Dilação do prazo de quitação de uma dívida, concedida pelo credor ao devedor para que este possa cumprir a obrigação além do dia do vencimento, disposição legal que prevê a suspensão dos pagamentos devidos a credores internacionais, quando um país se encontra em circunstâncias excepcionais, como guerra, grande calamidade, grave crise econômica etc.
Que fique claro que moratória não é só dar calote.
O jornalismo criativo, por parte dos grupos editoriais neoliberais que saudaram a política econômica de Maurício Macri, dirigente alinhado com as exigências do mercado financeiro, fez todas as ginásticas vocabulares possíveis para evitar a palavra moratória. Às vésperas das eleições na Argentina, com as pesquisas dando o adversário de Macri, Alberto Fernandez, na frente, os apoiadores do atual presidente estão nervosos. A própria oposição argentina espera jogo sujo nas semanas que restam para as urnas, a exemplo do que aconteceu no Brasil desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff. Sinais não faltam. O FMI, adepto da sustentação de Macri, concedeu-lhe o maior financiamento que a organização já liberou na história. O governo brasileiro já declarou que ajudará no que puder. Trump idem. A direita continental fará qualquer coisa para reeleger Macri.
Mas, no caso do anúncio da moratória, os credores com dólares no fogo não quiseram saber da versão com o botóx político de parte da mídia brasileira: Wall Street, mais realista, vê os títulos argentinos derretendo no mercado.
ATUALIZAÇÃO EM 30/7/2019
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| Trecho do editorial do Globo em 30/7/2019: 48 horas para perceber que a Argentina está em moratória. |
Em editorial publicado nesta data O Globo cedeu ao óbvio e finalmente usou a palavra moratória relacionada à crise argentina. Aparentemente, o autor do editorial não leu o jornal do dia anterior. Se o tivesse feito veria que entre os "burocratas" citados acima (trecho do editorial) estava o próprio jornal que gastou palavras para fugir do fato: Argentina entrou em moratória. Também hoje, a agência de risco S&P informa que rebaixou a nota da Argentina de Mauricio Macri para "calote seletivo". Globo inaugura uma nova forma de ver moratórias: "é questão semântica". Eu, hein?
Amazônia: a política do fogo
Nove entre dez matérias sobre as queimadas na Amazônia destacam que "os incêndios sempre existiram".
É verdade, mas isso não os legitima, claro.
Esquecem de dizer que jamais houve queimadas na intensidade atual e com poder tão grande de devastação. Entre outros motivos está o fato de que até uma década atrás parte expressiva das queimadas era realizada por pequenos ou médios agricultores ou pecuaristas em menores áreas. Atualmente, a maioria dos incêndios é corporativa, por trás estão grandes empresas do agronegócio detentoras de latifúndios em expansão em áreas de florestas nativas. Da mesma forma, embora passivos, nenhum governo ou autoridade teve antes ousadia de apoiar em declarações, medidas e estímulo, a destruição da Amazônia. Bolsonaro, sim. E não está sozinho. Como se viu: governadores do Norte estão fechado com o incendiário na devastação da floresta, consideram o fogo algo sazonal, querem mineração sem restrições e garimpos adoidados, mesmo sabendo que não conseguem combater nem mesmo a mercurização mortal dos rios amazônicos. .
É verdade, mas isso não os legitima, claro.
Esquecem de dizer que jamais houve queimadas na intensidade atual e com poder tão grande de devastação. Entre outros motivos está o fato de que até uma década atrás parte expressiva das queimadas era realizada por pequenos ou médios agricultores ou pecuaristas em menores áreas. Atualmente, a maioria dos incêndios é corporativa, por trás estão grandes empresas do agronegócio detentoras de latifúndios em expansão em áreas de florestas nativas. Da mesma forma, embora passivos, nenhum governo ou autoridade teve antes ousadia de apoiar em declarações, medidas e estímulo, a destruição da Amazônia. Bolsonaro, sim. E não está sozinho. Como se viu: governadores do Norte estão fechado com o incendiário na devastação da floresta, consideram o fogo algo sazonal, querem mineração sem restrições e garimpos adoidados, mesmo sabendo que não conseguem combater nem mesmo a mercurização mortal dos rios amazônicos. .
Mídia: ofensiva para liberação do cigarro eletrônico...
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| Publicado em O Globo, 28/8/2019 |
Nos Estados Unidos, onde é epidemia, o gadget de nicotina viciante já registra mortes e é proibido ou alvo de restrições em vários estados.
Em uma década, o número de brasileiros fumantes de cigarros comuns caiu em 40%. Os cigarros eletrônicos e vaporizadores ameaçam exatamente essa campanha exitosa. A indústria parece apostar que o atual governo é mais leniente em relação às pressões. O ministro da Justiça Sergio Moro já defendeu aliviar impostos sobre cigarros com o exótico argumento de assim enfrentar melhor contrabando que vem do Paraguai. Ora, contrabando se combate, não se premia uma das partes envolvidas. A Anvisa promove audiências públicas para debater a liberação ou a manutenção da proibição. Além de acenar com "investimentos", o lobby usa um argumento cínico: se o mercado ilegal já existe, melhor liberar.
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Prêmio Vladimir Herzog homenageará Glenn Greenwald e Patrícia Campos Mello, jornalistas ameaçados pelas milícias da ultra direita
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| Patrícia Campos Mello (em foto de Felipe Campos Mello/Divulgação) e Glenn Greenwald (Foto: de David Santos/My NewsDesk/Divulgação) |
receberão o Homenagem Especial.
Patrícia Campos Mello é repórter especial e colunista da Folha de S. Paulo e recentemente recebeu ameaças das milícias bolsonaristas ao denunciar crimes eleitorais ocorridos durante a campanha do candidato à presidência. Glenn Greenwald atua à frente do Intercept Brasil, que vem divulgando mensagens estarrecedoras trocadas por uma facção de procuradores da Lava Jato. Greenwald também vem sendo ameaçado por elementos da ultra direita.
A 41ª edição do Prêmio Vladimir Herzog destará Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio e Produção jornalística em multimídia, ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos. A divulgação dos finalistas acontecerá no dia 27 de setembro.
Mais Informações no site do Prêmio Vladimir Herzog AQUI
Fotomemória da redação: Marina Wodtke e Juvenil de Souza no Rio Guaíba
Em 1981, a repórter Marina Wodtke, da sucursal de Porto Alegre, e o fotógrafo Juvenil de Souza percorreram o Guaíba e suas margens e desvendaram para a Manchete a vida em torno do rio - que é, para muitos, um lago - um símbolo gaúcho. Quase 40 anos depois, o Guaíba sofre como os demais rios brasileiros. A região metropolitana capta a água para beber no mesmo lugar onde lança seus dejetos. Com no caso da Baía da Guanabara e do Tietê, projetos para despoluição adormecem em gavetas enquanto o Guaíba se esvaí. A reportagem de Marina e Juvenil é hoje documento de uma época.
domingo, 25 de agosto de 2019
Fotografia: Cartier-Bresson e Robert Capa registram a libertação de Paris. Foi no dia de hoje, há 75 anos
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| Barricadas na Rue de Castiglione/ Foto de Henri Cartier-Bresson (link abaixo) |
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| Partisans em combate. Foto de Robert Capa - International Center of Photography/Magnum Photos (link abaixo) |
No dia 25 de agosto de 1944, há 75 anos, Paris foi libertada dos nazistas. Seis dias antes, a Resistência Francesa criara focos de combate às guarnições alemãs em vários bairros da capital. E no dia 24, os partisans receberam apoio das forças regulares - os espanhóis remanescentes das forças republicanas que haviam lutado na Guerra Civil Espanhola incorporados à Companhia Nueve do Regimento do Chade foram os primeiros a entrar na capital francesa - seguidos do Exército da França Livre e da 4ª Divisão de Infantaria americana.
Os aliados estavam às portas de Paris mas seus comandantes lidavam com problemas de logística e ainda relutavam em tomar a cidade naquela semana. A ação dos partisans precipitou a invasão final. De Gaulle só entrou em Paris quando os parisienses já lutavam havia seis dias nas ruas e parques. No total, na chamada Batalha de Paris, morreram cerca de mil partisans e 600 civis, além de 130 soldados regulares e 3 mil soldados alemães. A cidade estava sob os coturnos nazistas desde junho de 1940.
Enquanto Paris lutava pelo menos dois grandes fotógrafos testemunhavam os combates: Cartier-Bresson e Robert Capa.
Capa, que entrou na capital de carona em um tanque da Companhia Nueve, recordou no seu livro de memórias "Ligeiramente fora de foco":
“O caminho para Paris estava aberto, e todo parisiense estava na rua para tocar o primeiro tanque, beijar o primeiro homem, cantar e chorar. Nunca houve tantos que eram tão felizes tão cedo ”, escreveu ele. Senti que essa entrada em Paris havia sido feita especialmente para mim. Em um tanque feito por americanos que me aceitaram, cavalgando com os republicanos espanhóis com quem eu havia lutado contra o fascismo há muitos anos, eu estava retornando a Paris - a bela cidade onde aprendi a comer, a beber, a amar ... ”
Para celebrar os 75 anos da libertação de Paris, o site da Agência Magnum editou um álbum com fotos dos dois profissionais que marcaram a história do fotojornalismo.
VEJA NA MAGNUM, AQUI
Fotomemória da redação: o único repórter na história da Manchete que se tornou milionário...
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| Foto/Reprodução |
Em 1978, Manchete fez uma matéria sobre a despoluição do Tâmisa. O rio que corta Londres estava contaminado por esgoto, lixo e dejetos industriais. Ecologistas brincavam que o material dragado daria para construir uma bomba atômica de tão variado que era quimicamente. Governantes de São Paulo imaginavam fazer a mesma coisa no Tietê que até hoje é uma cloaca.
O fotógrafo escalado foi Chico Nascimento e o repórter era Paulo Coelho, o escritor que só lançaria seu primeiro best-seller dez anos depois, em 1988. "O Alquimista", extraordinário sucesso mundial até hoje na lista dos mais vendidos em alguns países lançou o escritor para a fama e fortuna. A história registra que Paulo Coelho é o único repórter da Manchete que se tornou milionário. Mas aí foi mérito pessoal do mago, óbvio, não do caixa da Bloch.
Em 1998, os caminhos do escritor se cruzaram novamente com a Bloch. A Rede Manchete então agonizante lançou a novela Brida, baseada no romance homônimo. Não deu sorte, ficou no ar por apenas dois meses e foi a última novela da Rede Manchete antes de desligar os tubos em 1999.
sábado, 24 de agosto de 2019
Mídia - O fogo amazônico demorou a chegar à mesa dos editores...
No dia 10 de agosto, fazendeiros celebraram no sudoeste do Pará o "Dia do Fogo". Foi o gatilho para milhares de focos da maior queimada que a Amazônia já sofreu. Cinco dias antes, o jornal paraense Folha do Progresso noticiou que fazendeiros organizavam a "comemoração". O jornal afirmava que o grupo se sentia "estimulado" pelo discurso de Bolsonaro. As queimadas efetivamente começaram em intensidade inédita e a Amazônia queimou quase em silêncio por mais de uma semana. No dia 19 de agosto, São Paulo escureceu, fotos da cena apocalíptica foram publicadas em jornais de vários países, e a mídia conservadora brasileira despertou. O gravíssimo crime ambiental saiu do campo de decisão dos editores e se espalhou pelo mundo.
| A Época estacionou no sequestro na Ponte Rio-Niterói, bem longe da Amazônia. Mas a versão digital está cobrindo bem as consequências das queimadas. |
Jornalismo alucinógeno - A Veja está devendo mais uma matéria com o "ecoterrorista" Anhangá. E se o líder da "Sociedade Secreta Silvestre for o responsável pelas queimadas na Amazônia?
O mundo espera ansiosamente mais uma matéria exclusiva da Veja com o "ecoterrorista" Anhangá, que recentemente foi capa da revista em uma das mais alucinógenas proezas do "jornalismo investigativo" da publicação.
O perigoso vilão de história em quadrinhos localizado na deep web pela Veja - e por mais ninguém - pertenceria a uma organização chamada "Sociedade Secreta Silvestre" e deve saber quem espalha fogo na Amazônia. Isso se não for ele próprio, até porque o "ecoterrorista" assumiu haver incendiado carros no Ibama na região.
Segundo a Veja, o meliante atua no braço brasileiro da ITT (Indivíduos que Tendem ao Selvagem). E sabemos que quem "tende ao selvagem" é capaz de tudo.
Corre, Veja, está perdendo o Prêmio Pulitzer do ano!
O perigoso vilão de história em quadrinhos localizado na deep web pela Veja - e por mais ninguém - pertenceria a uma organização chamada "Sociedade Secreta Silvestre" e deve saber quem espalha fogo na Amazônia. Isso se não for ele próprio, até porque o "ecoterrorista" assumiu haver incendiado carros no Ibama na região.
Segundo a Veja, o meliante atua no braço brasileiro da ITT (Indivíduos que Tendem ao Selvagem). E sabemos que quem "tende ao selvagem" é capaz de tudo.
Corre, Veja, está perdendo o Prêmio Pulitzer do ano!
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
Das cinzas da Amazônia...
* O mundo quer saber como os brasileiros foram capazes de eleger anomalias boçais para governar o país. É preciso explicar aos gringos que Bolsonaro teve cerca de 57,8 milhões de votos, Haddad recebeu 47.038.963 milhões. Acontece que 21,3% se abstiveram, 5,8% anularam o voto e 1,7% teclaram em branco. Bolsonaro foi eleito por uma minoria de desorientados: teve exatos 57.797.466 contra um total de 89.508.828 de votos em Haddad, brancos, nulos e abstenções. Ou seja, Europa, não generalize, por favor. A maioria dos brasileiros está igualmente indignada com a destruição da Amazônia.
* A coluna de Merval Pereira no Globo, hoje, sobre o fogo na Amazônia, poderia perfeitamente ser assinada por Jair Bolsonaro. Merval cita Pequim e Tóquio como exemplos de cidades poluídas com "chuva negra", o que é uma forma de banalizar os efeitos da devastação da Amazônia. Tática aliás, muito usada por Bolsonaro, quando alega que a Europa também destruiu suas florestas. São argumentos do tipo "lá fora também é assim". Merval afirma que Bolsonaro está certo ao dizer que uma reunião do G7 para tratar das queimadas "evoca mentalidade colonialista". Merval faz acrobacias com estatísticas para afirmar que as queimadas estão próximas da média dos últimos 15 anos. Diz que embora no Amazonas e Rondônia os incêndios tenham aumentado, diminuíram no Mato Grosso e Pará. Esquece de dizer que o estado do Amazonas é o maior do país em extensão territorial e é todo ocupado pela floresta amazônica. Merval diz que "o governo brasileiro não se mostra tão avesso à proteção ambiental. O jornalista ignora o desmonte da fiscalização, coisa que nem o governo esconde, o corte de verbas e a ameaça às reservas e a rejeição a verbas internacionais para conservação da floresta. Nada disso é "retórica". Para não passar vergonha total, o colunista encaixa algumas críticas sob aspectos inegáveis do desastre. Mas se até Bolsonaro está apontando fazendeiros como "culpados" e agora chama as queimadas de "criminosas" não é nada demais. O saldo geral do artigo é governista. Carlos Bolsonaro também deve ter gostado.
* Possibilidades de sanções e boicote comercial ao Brasil estão na mesa há vários meses. O governo Bolsonaro criou essa ameaça. Só agora deu medinho nos ruralistas. Pode ser tarde. Supermercados europeus começam a rejeitar produtos brasileiros, a Finlândia estuda proibir importação de carne brasileira. O divulgação dramática do fogo sobre a Amazônia terá grande impacto entre os consumidores. Se a crise persistir, resistirão os produtos com selos que atestem que sua produção não implicou em destruição de florestas.
* Mas a crise se agravará se a reação do Brasil for apenas chamar líderes de outros países de "idiotas".
* Retórica também não vai ajudar. O mundo exige medidas efetivas contra os criminosos incendiários. O jogo foi jogado.
* A coluna de Merval Pereira no Globo, hoje, sobre o fogo na Amazônia, poderia perfeitamente ser assinada por Jair Bolsonaro. Merval cita Pequim e Tóquio como exemplos de cidades poluídas com "chuva negra", o que é uma forma de banalizar os efeitos da devastação da Amazônia. Tática aliás, muito usada por Bolsonaro, quando alega que a Europa também destruiu suas florestas. São argumentos do tipo "lá fora também é assim". Merval afirma que Bolsonaro está certo ao dizer que uma reunião do G7 para tratar das queimadas "evoca mentalidade colonialista". Merval faz acrobacias com estatísticas para afirmar que as queimadas estão próximas da média dos últimos 15 anos. Diz que embora no Amazonas e Rondônia os incêndios tenham aumentado, diminuíram no Mato Grosso e Pará. Esquece de dizer que o estado do Amazonas é o maior do país em extensão territorial e é todo ocupado pela floresta amazônica. Merval diz que "o governo brasileiro não se mostra tão avesso à proteção ambiental. O jornalista ignora o desmonte da fiscalização, coisa que nem o governo esconde, o corte de verbas e a ameaça às reservas e a rejeição a verbas internacionais para conservação da floresta. Nada disso é "retórica". Para não passar vergonha total, o colunista encaixa algumas críticas sob aspectos inegáveis do desastre. Mas se até Bolsonaro está apontando fazendeiros como "culpados" e agora chama as queimadas de "criminosas" não é nada demais. O saldo geral do artigo é governista. Carlos Bolsonaro também deve ter gostado.
* Possibilidades de sanções e boicote comercial ao Brasil estão na mesa há vários meses. O governo Bolsonaro criou essa ameaça. Só agora deu medinho nos ruralistas. Pode ser tarde. Supermercados europeus começam a rejeitar produtos brasileiros, a Finlândia estuda proibir importação de carne brasileira. O divulgação dramática do fogo sobre a Amazônia terá grande impacto entre os consumidores. Se a crise persistir, resistirão os produtos com selos que atestem que sua produção não implicou em destruição de florestas.
* Mas a crise se agravará se a reação do Brasil for apenas chamar líderes de outros países de "idiotas".
* Retórica também não vai ajudar. O mundo exige medidas efetivas contra os criminosos incendiários. O jogo foi jogado.
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Fotomemória da redação: Júlio Bartolo e Vic Parisi em Barretos
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
A dona da imagem
por Ed Sá
Nunca as celebridades foram tão donas da própria imagem. As revistas que resistem ou sites de celebridades praticamente se limitam a capturar no Instagram as fotos que em passado recente tinham que produzir com "exclusividade".
Uma frase irreverente da modelo Aline Riscado, a musa das campanhas da cerveja Itaipava, define o empoderamento, para usar uma palavra que está saindo de moda, que as redes sociais atribuem.
Ela postou a foto acima acompanhada de um declaração de princípios que não deixa dúvida.
BNDES Airways: a esquadrilha da alegria... Executivos voam alto mas quem aperta o cinto éo contribuinte...
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| Reprodução/Embraer |
Cada vez que figuras como Luciano Huck, João Dória ou executivos das Lojas Americanas, da MRV, Eurofarma, Lojas Riachuelo, John Deere Brasil, JBS, Confederação Nacional dos Trasportes, Fiat e dezenas de empresários ocultos sobre siglas de pessoas jurídicas entram nos seus jatinhos o contribuinte ajuda a acionar as turbinas da fantástica frota da alegria.
Curiosamente, a maioria dos jatinhos comprados a juros amigos e subsidiados pela "viúva" é tripulada por neoliberais que defendem o "Estado mínimo" ou "Estado nenhum". Outro curiosamente: essa linha de financiamento, chamada BNDES/Finame, foi criada no governo Lula, do qual os principais agraciados são ferrenhos adversários, com o objetivo de favorecer a indústria nacional na compra de bens, máquinas e equipamentos produzidos no Brasil, como instrumento para reduzir os efeitos da crise global. No caso, eram jatinhos fabricados pela Embraer, hoje absorvida pela Boeing, especialmente o cobiçado Phenom.
Deu nisso.
O BNDES divulgou a lista dos agraciados com financiamento a juros subsidiados para compra de aviões de luxo. São 134 contratos voadores no valor de R$ 1,921 bilhão. O custo em subsídios, vale dizer, a contribuição do povo brasileiro para a esquadrilha, vai a R$ 693 milhões. Vai ver que é por isso que um dos beneficiados usa a marca "Vida Boa". Os nomes acima vazaram da lista, embora a relação do BNDES cite a razão jurídica de empresas. Falta saber o que os CNPJ escondem: "bispos", jogadores de futebol, cantores e cantoras sertanejos, magnatas da mídia, "reis" do varejo, políticos abonados? Ainda tem muita cerração sobre os hangares dos jatinhos.
E Charles Bukowski virou personagem de sequestro no Rio de Janeiro...
As tragédias cariocas moram nos detalhes e sempre surpreendem.
Pouco antes de ser fuzilado por um atirador de elite, durante o sequestro de um ônibus lotado na Ponte Rio-Niterói, William Augusto da Silva jogou uma mochila na direção dos policias que cercavam o veículo.
Verificou-se que além de uma faca, um teaser, uma arma de brinquedo e a garrafa pet com gasolina com que ameaçou os passageiros, o sequestrador portava uma 'arma" literária de alto impacto: o livro "O capitão saiu para o almoço e os marinheiro tomaram conta do navio", de Charles Bukowski.
A obra é póstuma, foi lançada em 1998 e reúne anotações do diário do escritor. Em meio à narrativa de encontros com outsiders desesperançados, Bukowski reflete sobre a miséria humana e lamenta ter de conviver com "essa espécie insípida e tediosa". Ele mesmo provou dessa miséria, sofreu abusos do pai autoritário, foi expulso de casa, bebeu em excesso enquanto sobrevivia como faxineiro, carteiro, motorista de caminhão e o que mais o tirasse da fila de desempregados.
O último livro de Bukowski foi recebido pelos resenhadores como o seu "último canto desesperado". O escritor carregou seu drama por 79 anos. William se consumiu em apenas 20 anos. Não por acaso, se de fato foi lido, Bukowski pontuou o desespero final do sequestrador.
No decorrer das negociações com a polícia, William se expôs tanto ao aparecer fora do ônibus que parecia se oferecer como alvo. Despediu-se com um gesto obsceno e desafiador. O que remete a uma frase do escritor: "o horror é uma gentileza".
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