sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Memória da redação: Há 50 anos, a cobertura do sequestro do embaixador americano pelos guerrilheiros da ALN

Charles Burke Elbrick na Fatos & Fotos, Setembro de 1969

A página dupla de abertura da reportagem. 

O Fusca dos sequestradores fechou o Cadillac de Charles Elbrick na rua Marques, em Botafogo. 

Outro Fusca , um táxi, devolveu Elbrick três dias depois à rua São Clemente, onde morava. 

Operação militar para prisão dos guerrilheiros. E a casa onde Elbrick foi mantido em cativeiro,
na Rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido. 
Na Base Aérea do Galeão, treze dos 15 presos políticos libertados, entre os quais Luiz Travassos, Vladimir Palmeira, José Dirceu, Flávio Tavares, Maria Augusta Ribeiro, Outros dois embarcaram em Recife, Gregório Bezerra e Mário Zanconato. 

Gregório Bezerra, que sofria bárbaras torturas na prisão, chega ao México. 

A edição 451 da Fatos & Fotos trazia na capa o embaixador americano Charles Elbrick fotografado no momento em que chegava em casa na Rua São Clemente, no Rio, depois de passar 75 horas em poder de guerrilheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Ele havia sido sequestrado na noite de 4 de setembro de 1969. Foi libertado após a ditadura concordar com as duas exigências dos sequestradores: divulgar na imprensa um manifesto que justificava a ação e soltar 15 presos políticos que eram vítimas de torturas diárias e levá-los ao exílio do México.

Fatos & Fotos cobriu o passo a passo da ação da ALN realizada por um grupo de 15 guerrilheiros entre os quais Manoel Cyrillo, Cid Queiroz Benjamin, Vera Magalhães, Franklin Martins, Fernando Gabeira e Joaquim Câmara Ferreira.

O prédio da Manchete, em 1969. No canteiro em frente, no interior de uma escultura de Bruno Giorgi (à esq. do Fusca vermelho) os guerrilheiros deixaram
bilhete com instruções para as negociações. 

O embaixador foi devolvido ileso, à exceção da coronhada que sofreu, razão do band-aid que exibia na foto. Infelizmente, como era comum na época, o crédito da intensa cobertura da Fatos & Fotos foi registrado à "Equipe", não é possível identificar repórteres e fotógrafos envolvidos. A Bloch foi, ainda, uma coadjuvante involuntária da notícia: um dos bilhetes dirigido às autoridades contendo as instruções para a devolução do embaixador tão logo as exigências fossem aceitas foi deixado no canteiro em frente ao Edifício Manchete, na Rua do Russell, então recém-inaugurado.

2 comentários:

J.A.Barros disse...


Tenho muita admiração e respeito pela coragem desses rapazes, que sozinhos, sem apoio financeiro e sem apoio de qualquer atividade estrangeira, mergulharam fundo na sua luta contra o regime militar implantado neste brasil a partir de 1964. Lutando e sendo presos , torturados e muitos mortos nas celas das prisões do governo militar. Hoje, anistiados seguem as suas vidas que foram interrompidas pelo ideal de viverem num país livre e democrático. Seus nomes não devem nunca serem esquecidas. Eles, lutaram morreram para que, nós brasileiros, hoje vivesse–mos num país democrático, cumpridor de suas leis e felizes.

Wedner disse...

O Brasil de volta a uma era dramática precisa de novos heróis que defendam a democracia em perigo