A primeira vez que vi o Novo Mundo foi em junho de 1962, quando eu e um colega – depois de uma viagem de dois dias de Curitiba ao Rio de carona numa vistosa Bentley – fomos praticamente desovados na porta do hotel, entre os dois severos leões, pelo não menos severo diretor teatral Gianni Ratto: “Bom, rapazes, deixo vocês aqui, agora vou subir para Santa Teresa.”
Eram tempos de Jango, tínhamos participado de um efervescente festival de CPCs em Curitiba.
Naquele momento, eu mal podia imaginar que, em menos de três anos, estaria trabalhando na
Manchete e, depois da mudança de Frei Caneca para o Russell, participaria também ativamente dos “trabalhos” no Novo Mundo, nosso Posto Avançado Etílico.
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Em foto recente, Ana Lúcia Bizinover, Martins, o lendário barman do Novo Mundo, e Roberto Muggiati. |
Nos últimos cinco anos, frequentei assiduamente o bar no mezanino do hotel, onde rolaram belos shows do “pianista da casa”, Osmar Milito: numa fase anterior com meu mestre de saxofone Mauro Senise, mais recentemente com a carismática cantora Indiana Noma.
Momentos mágicos de jazz e bossa nova.
Enfim, mais um gigante que não resistiu à crise. Mais uma marca carioca que se apaga...
2 comentários:
As terças e Quintas de boa musica do Osmar Milito farão falta. Não há tantos espaços na cidade. Leila,Indiana, todos, arrumem outro pouso
Ali perto outro ícone carioca está em ruínas, o Hotel Glória vítima dos delírios e das denúncias e suspeitas de empresário sob investigação. Vizinhos dizem que o que restou do prédio do Glória será transformado para ser vendido como apartamentos. Tudo ali era importante e histórico, móveis, luminárias, lustres,objetos, foi tudo desmembrado e muita arquitetura destruída. O poder público é responsável ao permitir que aventureiros façam isso. Mas o que esperar dos governantes corruptos que avalizaram o desastre? Vamos esperar que o comprador do Novo Mundo valorize pelo menos a memória que está adquirindo.
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