quinta-feira, 14 de março de 2019

Internet contra o crime - Elementar, meu caro nerd


por Ed Sá 

O Globo de hoje publica uma boa matéria (de Gabriela Goulart e Lucas Altino) sobre o desdobramento das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

É sobre o rastreamento de emails, históricos de navegação, sites, aplicativos, arquivos na nuvem e análise de localização e movimentação de celulares dos suspeitos Ronnie Lessa e Élicio Queiroz. A investigação feita pelo Núcleo de Busca Eletrônica da Delegacia de Homicídios levanta uma vasta quantidade de pistas virtuais.

Ao comprometer a privacidade dos usuários, todos nós, a tecnologia também joga uma rede digital implacável sobre os criminosos. Além da internet, a malha de câmeras urbanas associada aos softs de reconhecimento facial pode criar armadilhas para o crime. No mesmo Globo, a repórter Vera Araújo mostra como a imagem de uma câmera levou a polícia a identificar um dos acusados, Ronnie Lessa, através de uma tatuagem que apareceu em uma fração de segundos.

Esse tipo de pista digital encurrala suspeitos, mas, indiretamente, fará algumas vítimas improváveis: os autores de livros policiais.

Obras clássicas do gênero levam o leitor, devagar e sutilmente, a seguir pistas que só se revelam aos detetives que têm aguçado senso de observação. O personagem Sherlock Holmes era capaz de dizer em que parque londrino um suspeito passou apenas ao ver a coloração da lama em botas. Usava a lógica dedutiva.  Agora, com um smartphone e alguns cliques na nuvem e uma investida no Google Maps, qualquer nerd pode revelar em segundos muito mais do que isso.

Escritores policiais terão que apurar a técnica? Talvez, mas por falar em técnica, sempre haverá honrosas e clássicas exceções. Os livros de George Simenon, por exemplo, nem sempre investigam se o acusado é culpado, preferem levar o leitor, por páginas e páginas, a se perguntar do que o acusado é culpado.

De qualquer maneira, os novos autores não poderão ignorar que a busca eletrônica vai dispensar muitas das voltas que o romance policial dá. Que o digam os suspeitos do assassinato de Marielle e Anderson. Resta saber se o mandante da execução também deixou suas pistas no vasto universo digital.

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Através dos serviços eletrônicos, as redes sociais, pode–se chegar aos autores, ou melhor, aos executores de crimes, que dificilmente seriam descobertos sem o auxílio das redes sociais. A muleta para se pesquisar crimes aparentemente insolúveis são muitas e até pelos celulares pode–se chegar ao autor do crime ou aos autores. Para se chegar aos executores leva–se algum tempo, mas fatalmente se chegará a eles O mais difícil será chegar aos mandantes ou mandante do crime e mais uma vez através das redes sociais,
se chegará, porque em algum momento os mandantes deixarão uma pequena pista que através das redes sociais se descobrirá esse pequeno erro e os mandantes ou mandante será será preso