Mostrando postagens com marcador barman martins. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador barman martins. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de março de 2019

Admirável Novo Mundo • Por Roberto Muggiati

A primeira vez que vi o Novo Mundo foi em junho de 1962, quando eu e um colega – depois de uma viagem de dois dias de Curitiba ao Rio de carona numa vistosa Bentley  – fomos praticamente desovados na porta do hotel, entre os dois severos leões, pelo não menos severo diretor teatral Gianni Ratto: “Bom, rapazes, deixo vocês aqui, agora vou subir para Santa Teresa.”

Eram tempos de Jango, tínhamos participado de um efervescente festival de CPCs em Curitiba.

Naquele momento, eu mal podia imaginar que, em menos de três anos, estaria trabalhando na Manchete e, depois da mudança de Frei Caneca para o Russell, participaria também ativamente dos “trabalhos” no Novo Mundo, nosso Posto Avançado Etílico.

Em foto recente, Ana Lúcia Bizinover, Martins,
o lendário barman
do Novo Mundo, e Roberto Muggiati.
Nos últimos cinco anos, frequentei assiduamente o bar no mezanino do hotel, onde rolaram belos shows do “pianista da casa”, Osmar Milito: numa fase anterior com meu mestre de saxofone Mauro Senise, mais recentemente com a carismática cantora Indiana Noma.

Momentos mágicos de jazz e bossa nova.

Enfim, mais um gigante que não resistiu à crise. Mais uma marca carioca que se apaga...

Rádio anuncia que Hotel Novo Mundo, que foi um posto avançado etílico das redações da Manchete, fechará as portas

Segundo a BandnewsFM, o Hotel Novo Mundo, um dos mais tradicionais do Rio, fechará as portas no próximo dia 23 de março. Inaugurado em 1950 para receber delegações e visitantes para a Copa, o hotel tornou-se uma espécie de puxadinho informal da Manchete.

Mais precisamente, o bar era o posto avançado etílico das redações da Bloch.

O anfitrião era o discreto barman Martins, que trabalha lá até hoje.

Quando apagar a luz e deixar o seu posto, Martins levará muitas histórias de várias gerações de jornalistas. Assim como o leão silencioso (*) que guarda a portaria, o barman mais longevo do Rio foi uma testemunha daquele universo paralelo à Manchete.

Os incontáveis bate-papos jogados fora e que ecoaram ou foram sussurrados naquele bar mereciam o título de patrimônio imaterial dos bastidores do jornalismo carioca.

Para a cidade, é uma referência histórica e cultural que passa o ponto.

(*) Sobre os leões (são dois) que vigiam a entrada: foram doados ao hotel em 1960 por uma entidade francesa e seriam obras do escultor francês Henri Alfred Jacquemart, do Século XIX, que tem várias esculturas em jardins e museus parisienses.