Há quem prefira um Brasil "cordial", omisso e submisso. De uns tempos para cá, sociólogos de consultorias e antropólogos da Casa Grande dizem que o Brasil está dividido, rachado. E acham lamentável que a "outra metade" se manifeste.
Ora, desde que a caravela apontou no Sul da Bahia, o país está dividido. E porque não? Temos todos os motivos, incluindo uma das piores distribuições de renda do mundo, o preconceito, a corrupção, um Congresso ocupado por empresários e fazendeiros, uma mídia dominante atrelada ao topo da pirâmide. O "Brasil dividido" e o racha amplificado pelas redes sociais tem utilidades. Uma delas, tirar do armário a direita hidrófoba. A divisão permite que cada um saiba com quem está lidando. É a era da transparência comunitária, captou?
O caso do jornalista Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, alvo de condução coercitiva por ordem do juiz Sergio Moro, foi mais um desses episódios plenos da didática que lançam um facho de luz nas trevas políticas. De um lado, vieram críticas e deboches de jornalistas pendurados no main system. Do outro, organizações de classe, nacionais e internacionais, divulgaram notas classificando o caso como uma grave ameaça à liberdade de expressão.
A comentarista Eliane Cantanhêde publicou o post acima e recebeu muitas críticas. Entre outras coisas, por desconhecer a Constituição. Eduardo Guimarães, que foi defendido pela maioria da classe, até da grande imprensa, teve sua função jornalística reconhecida pela Fenaj e pelos Repórteres Sem Fronteira. É jornalista. Mas, mesmo que não fosse, o sigilo de fonte não é prerrogativa de jornalista mas de qualquer cidadão. Advogados, por exemplo. Juristas informam aos navegantes que o sigilo pode proteger médicos, executivos de corporações com ações em bolsas de valores, juízes, diplomatas ou qualquer pessoa, quando for necessário ao exercício profissional.
Muitos internautas rebateram a Cantanhêde. Houve até quem colocasse em dúvida sua condição de jornalista com base na famosa e folclórica entrevista coletiva-privê de Temer para o Roda Viva, da qual participou ao lado de outras figuras da "estatuaria de presépio", como diria Nelson Rodrigues, e que virou uma espécie de "case" de deslumbramento e submissão com nível de chá de panela travestido de "jornalismo". Eduardo Guimarães também respondeu ao post que o chamava de "aventureiro". Mas a melhor resposta acabou vindo de onde ela não esperava: o próprio juiz Sérgio Moro recuou e decidiu não mais investigar o jornalista Eduardo Guimarães. E a Cantânhede ficou literalmente pendurada na brocha sem a escada que esperava manter.
A arrogância virou mico.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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3 comentários:
Perdeu a noção. Essa pessoa pode criticar alguém? Fala sério
Esse caso é preocupante. Achei estranho a tradicional ABI não se posicionar quanto ao caso do jornalista. Mais ainda porque a ABI tem assinado notas em casos parecidos ao lado de entidas dos patrões. Algo acontece e parece posição politica. Imperdoável também que a entidade não se manifeste sobre a terceirização e o impacto da nova lei no jornalismo profissional. Lamentável.
O sucesso e o posto que ocupa, muitas das vezes, sobe à cabeça de profissionais que se tornam famosos da noite para o dia. Essa fama, como ela veio, ela vai embora, principalmente nessa profissão de jornalismo. Um erro qualquer na informação pode custar muito caro a esse profissional que ficou "famoso " assim de repente.
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