quarta-feira, 22 de julho de 2015

Há 50 anos, a Grécia foi injustiçada por uma "lady". E nesse caso Angela Merkel não teve culpa

Há 50 anos, a Grécia era pobre mas limpinha, como se diz. A dama do chucrute Angela Merkel ainda não havia quebrado o orgulho do país. Mesmo assim, a terra de Sócrates, não o jogador, levou uma goleada imposta por capitalistas. O vilão daquela época não foi o FMI. Coube a Hollywood derrotar Atenas. Lançado em fins de 1964, "Zorba, o Grego" estava indicado para sete Oscars, em 1965, nas categorias principais. Mas a academia deve ter considerado pobre aquele filme em cenário idem e com personagens nada glamourosos segundo a ótica da capital do cinema, ainda mais em um ano em que a indústria havia investido milhões de dólares em uma luxuosa superprodução. Zorba foi massacrado por "My Fair Lady", que ficou com os Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor (George Cukor), Melhor Ator (Rex Harrison), Melhor Fotografia Colorida, Melhor Figurino, Melhor Direção de Arte Colorida, Melhor Edição de Som e Melhor Trilha Sonora.
Se Anthony Quinn não foi vencedor, apesar de uma atuação antológica, Irene Pappas também não foi lembrada. A Melhor Atriz foi Julie Andrews, pelo filme "Mary Poppins", que derrotou Audrey Hepburn indicada por "My Fair Lady". Para não sair de mãos vazias, "Zorba" foi premiado por Melhor Atriz Coadjuvante (Lila Kedrova), Melhor Fotografia em Preto e Melhor Direção de Arte Preto e Branco. A canção-tema de "Zorba", assinada pelo compositor grego Mikis Theodorakis e igualmente ignorada pelo Oscar, virou sucesso nas paradas mundiais. Talvez você seja capaz de cantarolar a música que pontuou a dança típica syrtaki na famosa sequência de Anthony Quinn e Alan Bates, mas dificilmente lembrará a canção vencedora em 1965, que foi "Mary Poppins".
Há 50 anos, como hoje, o orgulho grego foi quebrado por ladies ocidentais. Apesar disso, "Zorba", um grego nada sofisticado, uma espécie de irresistível "malandro" helênico, entrou para a história do cinema. Reveja a cena da syrtaki, clique AQUI.


3 comentários:

Vera disse...

Tempo de bons filmes. Massacrado pela distribuidoras monopolistas americanas, o cinema europeu raramente chega aos cinemas brasileiros. Ainda bem que hoje temos alternativas na internet para ver os filmes. Me lembro que até os anos 70, vi muitos filme italianos e franceses. Sumiram tanta que dá a impressão que o cinema acabou nesses países, o que não é verdade. Apenas são boicotados no Brasil.

J.A.Barros disse...

Foi uma surpresa de ver Alan Bates, ator inglês, trabalhando com Anthony Quinn. Allan ainda bem jovem atuando com Anthony Qyinn ja amaduredicido

J.A.Barros disse...

Os filmes franceses, seguindo a "nouvelle vague " eram arrastados e lentos. Os filmes italianos eram bons e o tema abordado era sempre o quotidiano e a cultura italiana. Os melhores filmes, como são até hoje, eram os ingleses, com seu estilo pernóstico
e indiferente aos fatos da vida com seu comportamento. Agora os filmes americanos, – que de fato inventaram o cinema – eram e são até hoje dinâmicos e de qualidade técnica excelente e com o surgimento de grandes artistas. A sua abordagem ao oeste americano criou uma fórmula que deu certo e até hoje esses filmes – quando executados por produção e direção além de artistas competentes –serão sempre sucesso de bilheteria.
Quanto aos filmes nacionais atuais e menos recentes não os assisto porque falta principalmente neles a técnica de cinema executada por técnicos e máquinas de excelente qualidade. Até hoje o cinema nacional não conseguiu harmonizar o som sincronizando a fala do artista – o movimento de seus lábios – com som que sai as telas. Gostava mais das chanchadas de Oscarito e grande Otelo, Eliana, José Lewgoy.