por Eli Halfoun
Não basta apenas discutir
a importância política e histórica das recentes manifestações. A voz do povo
nas ruas nos deixou vários ensinamentos e de saída confirmou o velho ditado de
que “o povo unido jamais será vencido”. Pode ser que esse grito heróico e
importante não tenha ecoado fundo nos ouvidos e corações de quem tem o dever de
fazer o país caminhar pra frente em busca de mais e maiores interesses sociais,
que esses sim é que determinam a grandeza de um país justo e bem resolvido. É
quase certo de que nem tudo o que se pediu nas ruas seja atendido e resolvido,
mas de qualquer maneira ficará para sempre em todos nós a certeza de que podemos
e precisamos gritar sempre. E nome de todas as pessoas.
As manifestações mostraram
também que embora dividido por estados o país sabe unir-se quando se faz
necessário e cantar a uma só voz por uma melhor vida para todos. Vândalos à
parte agora temos a certeza de que podemos ser cada vez mais solidários e fazer
conquistas coletivas. A grande lição das manifestações é aprender de que não é
suficiente lutar apenas por interesses individuais. Cada um de nós é
independente, mas se buscarmos o bem comum cada grito individual será o grito
maior e mais ouvido de todos. Somos um todo e só assim e coletivamente é
possível vencer obstáculos e buscar ações que beneficiem no plural e não apenas
no singular como muita gente ainda faz.
Em meio aos milhares de
jovens que se agruparam em todos os estados era possível encontrar alguns
manifestantes mais velhos e essa é também uma lição importante: a de que não
importa a idade jamais devemos perder a esperança. Os velhos gritaram como
jovens e se fizeram jovens para lutar e vencer. Ninguém nunca estará tão velho
e ultrapassado para luta. Muito menos para perder a fundamental esperança nas
pessoas e na vida. Essa é a maior de todas as manifestações: a que sai não só
da garganta, mas sim e principalmente de todos os corações. Cientificamente o
coração envelhece, mas mesmo enfrentando problemas estará sempre jovem se
estiver pulsando no ritmo do presente, mas e também em nome do futuro.
Os jovens foram sem dúvida
fundamentais nas manifestações e mostraram que podemos acreditar intensamente
na juventude e, portanto, no futuro. A verdade é que até as manifestações a
juventude continuava desacreditada mesmo depois da mobilização dos caras pintadas
que levou ao impeachment do então presidente Fernando Collor. Até as recentes
manifestações era comum ouvir dizer que “os jovens de hoje são alienados” e que
“os jovens não gostam de política” ou ainda “os jovens não gostam de ler”.
Essas eram afirmações que faziam parte de um folclore injusto em torno da nossa
atuante juventude.
A história desse país e do
mundo está repleta de participações de jovens, mas agora com as recentes
manifestações nossa saudável e atuante juventude voltou a nos mostrar que é
confiável. A juventude brasileira é nota dez. É hora de descobrir o verdadeiro
jovem que temos em casa.
Com as manifestações ficou
a certeza de que daqui pra frente ouviremos muito menos afirmações que não
correspondem plenamente à participação dos jovens em qualquer coisa. A garotada
deu uma lição e mesmo quem estava nas manifestações sem saber exatamente porque
experimentou um belo exercício de democracia e aprendeu que a verdadeira
revolução democrática e de vida se exerce com a voz do povo. A voz dos jovens. É
com eles que os mais velhos devem continuar gritando sempre em nome da
esperança. Esperança em tudo e para todos. (Eli Halfoun)
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