deBarros
Olhei para os lados e não vi Maria. Voltei nos meus passos e não vi Maria. Perguntei a quem passava perto:
– Amigo, viu Maria na estrada? – Não, meu senhor. Não vi ninguém na estrada, muito menos Maria. Baixei meus ollhos e vi na terra vermelha a marca dos passos de Maria. Procurei segui-los e assim a ela me levar. Andei léguas. Passei por rios, cruzei montanhas. Campos sem fim atravessei. O sol se foi e veio a chuva caindo sobre a terra seca, renovando as plantas que emergiam do solo ansiando pela vida, buscando o ar, valentes, querendo alcancar o céu.
Mas, não vi Maria.
Passou a chuva e veio a neve cobrindo a terra com seu paletó branco trazendo o frio e o recolhimento. Fogueiras foram acessas que brilhavam no fundo das florestas trazendo calor para os perdidos na imensidão do branco. Corpos tremiam e se achegavam uns aos outros buscando o calor nas suas almas porque corpos se perderam no vento gelado que soprava e a tudo congelava.Continuei seguindo os passos de Maria marcados na terra sangrenta, castigada e violentada. Um dia veio o sol. A terra escura se abriu abrindo o seu espaço para os raios quentes que penetraram em suas entranhas, chegaram nos corpos rigídos e com seu calor acordaram essas vidas para um novo ciclo que chegava trazendo o riso e a alegria de um novo despertar.
Olhei para os lados e não vi Maria.
Voltei nos meus passos e não vi Maria.
Atrás do sol vieram as flores que encheram de beleza a terra sofrida e angustiada. Do botão se abriram pétalas em sorrisos para a vida que prometiam compartilhar. Vermelhas, as rosas encheram os campos e o seu perfume invadiu o ar deixando o viver mais alegre e mais consentido.
Nunca mais vi Maria.
um mini-conto escrito com muita sensibilidade. entre a aridez das notícias é uma pausa para o sentimento.
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