por Eli Halfoun
Bancar ou apenas anotar as apostas do jogo do bicho, a mais popular e acreditada brincadeira financeira do país, não é crime. É contravenção. Talvez seja essa sutiliza da lei que permite que continue um outro jogo: o do prende e solta a polícia e os contraventores, ou seja, a polícia prende, mas sem base legal é obrigada a soltar logo depois. É verdade que o jogo do bicho envolve muitas outras coisas e muitos crimes, esses sim passíveis de punições severas. É para acabar com esse prende e solta e com uma espécie de permissão extra-oficial para o exercício de outras atividades econômicas e criminosas que volta a ser discutida a legalização do jogo bicho e, portanto, dos bicheiros. De nada adiantará legalizar (já existe projeto nesse sentido) se o jogo do bicho continuar na mão dos banqueiros e não for comandado pelo estado. A legalização do jogo do bicho só terá sentido se a jogatina passar a ser coordenada por órgãos oficiais como acontece com as loterias. O estado já tem uma máquina perfeitamente preparada para assumir o lugar dos “banqueiros”. Evidente que afastando os banqueiros do comando do jogo, eles terão de bandear-se para outras atividades, o que pode colocar em cena com outros tipos de crimes e não simplesmente a contravenção que não pode ser punida. Se o governo vier mesmo a ser o novo comandante do jogo do bicho precisa entrar nesse zoológico consciente de que seu maior desafio será manter junto aos apostadores a credibilidade conquistada pelos banqueiros. O jogo do bicho ainda é o sonho mais acreditado do Brasil porque sempre valeu o que está escrito. E o que está escrito geralmente não vale muito para nossas autoridades. (Eli Halfoun)
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