sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O que fizeram com a voz de Marlon Brando?

deBarros
Imaginea você assistindo ao filme "O último tango em Paris", na televisão e na primeira cena com Marlon Brando ele aparece falando em português com sotaque paraibano.
Roberto de Niro, no papel em que faz o Dom Corleone jovem, no filme "O poderoso chefão", fala com sotaque gaucho. Nesse filme, Roberto de Niro interpreta as cenas falando um inglês misturado com italiano.
Já imaginou Al Paccino, nesse mesmo filme, interpretando o filho mais moço de Dom Corleone, falando com sotaque baiano?
Angelina Joly, no filme "Lara Croft", aparece falando carioquês, cheio de chiados, você não iria aguentar. Não é verdade?
Estou citando esses artistas, que emprestam as características das suas vozes aos papéis que representam. A voz do artista faz parte da arte de representar. A voz é também a personalidade do ator. Nas cenas mais dramáticas, o tom da voz é fundamental para exprimir a tragédia que é representada no momento. Cada ator sabe muito bem usar o dom da sua fala para tornar mais reais as cenas que interpreta.
Mas para dar emprego a artistas brasileiros que não conseguem se firmar como artistas, estão fazendo deles dubladores, agora em quase todos os filmes que rodam na Net, tirando uma das características mais marcantes dos atores cinematográficos, que é a sua voz.
É impossível ver um filme com Marlon Brando sem a sua voz original.
Essa tendência tem caráter político ou é em razão de um nacionalismo barato sem nenhuma razão de ser?

3 comentários:

eli halfoun disse...

Barros,
concordo que a voz original é uma marca registrada do ator,mas filmes dublados não são coisa doBrasil:no mundointeiro é assim.Aqui além de ser uma fonte de emprego para atores e atrizes (dublasdores também são artistas) a dublagem é uma maneira de permitir acesso a todo opúblico,. Afinal,esse é um Brasil de,infelizmente, ainda muitos anlfabetos. Como também acho filmde dublado ruim procuro sempre o original (com legenda)nas locadoras.

Gonça disse...

debarros, como diz o Eli, é muito mais comum no mundo inteiro a dublagem do que a legendagem. Nos Estados Unidos, apenas cinemas de arte exibem filmes estrangeiros com legendas. O problema é que legendar hoje com programas de computador é bem mais barato do que dublar, mesmo com as distribuidoras pagando salários baixos a dubladores. Talvez venham daí problemas de qualidade da dublagem em muitos casos, remuneração baixa, correria para não pagar muito tempo de aluguel de estúdio, falta de tempo para ensaio etc. Filmes dublados também alcançam os deficientes visuais, não apenas aqueles que perderam a visão, mas muitos que não enxergam ou não conseguem acompanhar legendas. Na verdade, a tv a cabo e os Dvds à venda hoje oferecem as duas opções de um mesmo filme ao público.

debarros disse...

Gonça meu caro, a sua preocupação com os deficientes visuais me sensibiliza, mas e os deficientes auditivos? Se esqueceu deles?
Ocorre meu caro, que o brasileiro não tem uma boa dicção, mesmo os atores que deveriam pela própria natureza da profissão, procurar melhorar a sua dicção não o fazem e aí ficam as frases mais dramáticas parecendo decorebas de alunos do ginasial. As mulheres então são as piores dubladoras
O ator brasileiro se forma em teatro, cinema sem nunca ter frequentado uma escola dramática.
São muito pouco os atores que frequentaram escolas de representação.
Isaac Bardavid e eu fomos companheiros de sala no Liceu de Niterói. Desde essa época, Isaac Bardavid trazia no sangue, a arte de representar. Me lembro até hoje, que depois de assistirmos o filme "O ladrão de Bagdá" estrelado pelo ator americano Douglas Fairbanks Junior, Bardavid saiu do cinema imitando o ator, saltitando no meio fio das calçadas, gritando:
"Sinbad, the Saylor"!
Não é atoa que Isaac, na minha opinião, é um dos melhores atores brasileiros e pra sobreviver se tornou, também na minha opinião, um dos melhores dubladores do cinema.
Eu conseguia, apesar da postação diferenciada de voz que BArdavid fazia para cada personagem que assumia, identificar a sua voz.
Houve uma ocasião que nas dublagens quase não se ouvia as vozes dos dublados e quando se ouvia era uma chiação que incomodava.
Perguntei ao Bardavid a razão daquela chiação e o som abafado das vozes. Ele me respondeu que foi uma nova orientação do novo chefe do departamento da dublagem que tinha recomendado esse novo estilo.
Como pode ver, nada, neste país, é feito obedecendo a um estudo sério de como se fazer determinados trabalhos.Tudo é feito no ouvido e toca o bonde que no fim vai dar certo.
Não foi assim nesses oito últimos anos, que se administrou um país de orelhada?