O Plano Real de Itamar Franco

O ex-presidente e atual senador Itamar Franco pediu um aparte durante discurso da ruralista Kátia Abreu, do Demo, para reivindicar os direitos autorais do Plano Real, que foi criado no seu governo. Verdade histórica. Aliás, Itamar, com aquele jeitão de mineiro, foi um dos poucos a dar uma célebre rasteiro no arrogante ACM. E, para isso, conta a história, usou a imprensa. Foi quando o barão baiano ameaçou o governo da época com uma famosa pasta carregada de documentos supostamente comprometedores. Com amplo acesso à mídia conservadora, ACM esbravejava e balançava a pasta diante de jornalistas. O suposto conteúdo do pacote era incerto. Itamar resolveu então convidar ACM a ir ao Planalto. O baiano foi ao palácio certo de que teria uma conversa a portas fechada na qual a versão de cada um ao sair é sempre mais importante, e favorável às respectivas partes, do que o conteudo da conversa. Uma jogada política de fachada. Itamar recebeu ACM, cumprimentou-o como bom anfitrião e convidou o político a passar para uma sala vizinha onde conversariam e o ex-ministro da ditadura finalmente falaria sobre o supostamente grave conteudo da famosa pasta. Ao entrar na sala, o "painho, deparou-se, surpreso, com dezenas de jornalistas convidados por Itamar. A conversa não seria privada mas pública, muito pública. A pasta não foi aberta, a suposta "bomba" não existiu, e a reunião esvaziou-se em comentários, intenções e leves cobranças. Dizem que ACM, que depois se envolveu em escândalos como o da fraude do painel de votação, jamais perdoou Itamar pelo vexame.