quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Zumbis e replicantes

Antes que agosto se vá, este blog revira uma tumba. Foi em agosto de 1961. Esse aí dizia-se "o homem do tostão contra o milhão" e chegou ao poder prometendo "varrer a bandalheira". O povo acreditou e cantou o jingle nas ruas. "Varre, varre, varre, varre vassourinha / varre, varre a bandalheira / que o povo já tá cansado / de sofrer dessa maneira / Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!". Renunciou e criou as condições para o que veio depois: golpe militar, ditadura sangrenta, privilégios que viraram leis, corrupção etc... Outros chegaram ao poder, em fila. De lá para cá, o Brasil construiu um sofisticado sistema de castas que se aproveitam dos cofres públicos. Os políticos são péssimos mas vamos combinar que aí permanecem porque contam com apoios poderosos na imprensa, nos financiadores de campanhas, nas tais bancadas ruralistas, de bancos, de exportadores, de usineiros, do raio que o parta. Reforma política? Impossível. Quem vai mexer em time que está ganhando? As regras para as próximas eleições já estão definidas no Congresso. Políticos condenados, processados, até assassinos que ainda podem recorrer em alguma instância, estão limpos e imaculados e poderão pedir o seu voto sem problemas. Se um ou outro resolver se aposentar nos livramos deles? Não. Voltam como zumbis, são replicantes. Quando não eles, os filhos políticos a quem ensinam a manha. Volta e meia escolhem um para meter o pau. É do jogo dessa turma. Enquanto alguém vai para as primeiras páginas e para o "sacrifício", como "boi de piranha", nós nos distraimos e a manada passa alegremente. Em 1961, a crise que Jânio criou foi a cortina que protegeu a conspiração que preparava a ditadura. Vamos nessa. "Eh, eh, vida de gado, povo marcado, povo feliz". Assim falou Zé Ramalho. No detalhe, a capa da Fatos e Fotos que cobriu a renúncia de Jânio. Na época, a revista, embora editada e impressa no Rio, fingia que era de Brasília. No logotipo, reparem o detalhe da coluna do Alvorada, e na linha de data e local: Brasília, 28 de agosto de 1961... Era a homenagem que Adolpho Bloch, amigo de JK e um entusiasta da nova capital, prestava à cidade.

5 comentários:

Lourival de Caxias disse...

o brasil não se dá bem com esses manés de bigode

Eliane Furtado disse...

Gonça, tenho que fazer uma confissão. Era quase um bebê, bem pequenininha, muito mesmo(heheheheh) e meu pai me colocou uma vassourinha pendurada no vestido. Ai os pais...

Gonça disse...

Comigo o caso foi mais grave, Eliane, já era grandinho e meu pai me levou a um comício do Jânio, rsrsrsrs, traumas políticos desde cedo...

deBarros disse...

Gente, isso não é muito fácil de entender. Primeiro porque não é dificll iludir o povo. Na ocasião o eleitor vinha irritado com governos anteriores e o Jânio, que tinha feito uma administração supreendente na Prefeitura de São Paulo se entusiasmou com o "marketing" implantado pelo Jânio como candidato à Presidência da República, votou em massa – foram 6 milhões de votos – no marqueteiro elegendo-o Presidente do Brasil. Na verdade, foi o povo quem criou as condições para o caos que viria com a eleição do feiticeiro da Vila Mariana u Voi;a Maria.

deBarros disse...

Jânio, já numa cadeira de rodas, ainda tentava iludir o povo se passando por infeliz, atormentado pela vida, enfim perseguido pelas forças ocultas que o tiraram do poder. Na verdade ele não era infelz, não era perseguido pelas forças ocultas e depois de sua morte descobriu-se que tinha uma fortuna de quase 90 milhões de dólares. Se o Jânio na sua passagem relâmpago pelo poder acumulou essa gaita toda, imagina a fortuna daqueles que se mantem na crista da onda do poder até hoje!