As revistas, especialmente, estão exagerando no uso do photoshop para corrigir, retocar, modificar, expurgar elementos da cena ou introduzir outros. Já há exemplos em todo o mundo de fotos alteradas digitalmente por motivos políticos, comerciais, religiosos, estéticos, de marketing e para preservar reputações. A história diz que Stalin fazia isso, cortava de imagens históricas amigos que, depois da pose, viraram inimigos. Só que naquela época, o retoque era manual, feito por um especialista. Tudo era mais lento e menos disseminado. Hoje, qualquer pessoa manipula imagens como quiser. Há programas para isso instalados até em celulares. Como gadget recreativo, tudo bem. Mas alterar fotos, vídeo e áudio com tanta facilidade não compromete a credibilidade essencial para o jornalismo? Para ficar em exemplos mais leves. Uma revista de beleza, por exemplo, que fala sobre a dieta de uma celebridade, oferece receitas às suas leitoras, ouve especialistas e manda lá na capa uma chamada sobre uma determinada estrela usou o método milagrosos e perdeu dez quilos em um mês e meio.
Para ilustrar isso, tá lá a foto da atriz em forma após tanto esforço? Não, mais ou menos, a tal foto também passou por uma "dieta" no photoshop, algumas curvas foram suavizadas, um toque aqui, uma lipoaspiração digital ali, um polimento acolá, pronto, aí está a deusa que vai inspirar a pobre leitora a passar fome. Vai ser duro seguir qualquer dieta sem um photoshop no fim da maratona. Não é enganação? Mesmo sem relacionar necessariamente a foto com dietas sensacionais, revistas de celebridades, suplementos dos jornais e publicações masculinas são pródigos em corrigir pequenos furinhos, celulites, estrias, diminuir curvas de barrigas e anular os efeitos da lei da gravidade em estrelas que seriam belas mesmo não digitalizadas. Já um jornal de Miami confessou recentemente que manipulou duas fotos que mostravam policiais fardados agindo com se ignorassem a presença de um grupo de prostitutas. Só após ser desmascarado, o jornal pediu desculpas e admitiu que a imagem era ficção: os policiais não estavam naquele local naquela hora. Foram "transplantados" de outra foto. No Brasil, uma revista semanal publicou uma foto do governador José Serra quando este passava diante de um grupo de manifestantes mas apagou uma faixa com os dizeres "fora Serra". Nem precisou de muita perícia, a manipulação foi facilmente comprovada na comparação com a foto original, adquirida pela revista de uma agência de notícias. Há muito a frase "uma imagem vale mil palavras", antes proferida à exaustão, já não é tão absoluta. A equação agora é simples: ou o jornalismo põe um pouco do que lhe resta de ética no photoshop, respeita os fatos e a realidade ou vai virar reality show. Na reprodução acima, um episódio recente. Uma revista americana admitiu que fez "pequenas alterações" em uma foto da cantora Kelly Clarkson mas negou que a intenção tenha sido deixá-la mais magra. Compare as duas imagens recentes da mesma moça e tire suas conclusões.
2 comentários:
Boa tarde turma do Panis. Claro que com os recursos atuais o abuso é demais. Uns retoques aqui e outros acolá caem bem.
Mas quando a gente exagera, ouve por aí:
-"Puxa vc fotografa bem heim?!" Tradução: Tem certeza que era mesmo vocês.
Com a mexidinha aí da moça da foto, eu não queria mais aparecer ao vivo. heheheheh Lambança.
Bom fim de semana e beijos .
A equação agora é simples: ou o jornalismo põe um pouco do que lhe resta de ética no photoshop, respeita os fatos e a realidade ou vai virar reality show.
Perfeita a sua colocação.
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