domingo, 16 de agosto de 2009

E a saúde vai bem, obrigado!

Em 1966, a Copa do Mundo foi realizada na Inglaterra e eu trabalhava nessa ocasião na Revista O Cruzeiro. Mário de Moraes, repórter da revista, foi um dos escalados para fazer a cobertura desse evento. Mas, mal chegou na Inglaterra, Mário de Moraes pegou uma gripe muita séria, muito próxima de uma pneumonia. Diante da gravidade, conseguiu ser atendido por um médico, inglês, no Hotel em que estava hospedado. O médico, que o atendeu, passou uma receita prescrevendo alguns remédios e disse que ela poderia ser aviada em qualquer farmácia do bairro. A receita foi aviada e para espanto do Mário de Moraes não teve de pagar dinheiro algum. Tanto o médico como os remédios eram gratuitos. A Saúde na Inglaterra era socializada.
Estou lembrando desse fato, porque assisti a um documentário na TV, feito por um jornalista americano – infelizmente não me lembro do nome dele – que fez o famoso "Tiros em Columbine" dessa vez abordando o Sistema de Saúde americano com o de outros paises, onde ele pergunta porque a Saúde nos EUA é tão cara e, ao mesmo tempo tão cruel ao ponto de, se um paciente hospitalizado não tiver um plano de Saúde ou não tiver dinheiro para cobrir as despezas, é posto na rua sem mais ou menos e porque em países da Europa como a Inglaterra e a França a Saúde é gratuita. No Canadá a Saúde também é socializada. Na sua pesquisa, com várias pessoas que usaram essa gratuidade comprovando auxílio do governo, chegou a um cidadão britânico, que tentou explicar o porque dessa gratuidade, na verdade, uma socialização da medicina posta em prática num país de economia capitalista. Disse ele:
–" Logo após a segunda guerra, em 1948, com a Inglaterra arrazada economicamente, além, de destruida as suas cidades, como Londres, pelos bombardeios aéreos alemães, com mais de 40 mil civis mortos, veio a pergunta. Se o país tem dinheiro para gastar em material bélico,porque não aplicar esse mesmo dinheiro em Saúde gratuita para todo o cidadão ingles? O que veio responder a essa pergunta foi o sistema político: a Democracia". Continuando:
– "Porque a Democracia? Porque na democracia existe o voto e do voto os políticos tem medo. Com isso os governos passaram a ter medo do povo e não ao contrário ; o povo ter medo do governoe.
Esmeraldo, esqueci de citar logo acima, que Cuba também tem Saúde gratuita para o seu povo.
Na Inglaterra, o jornalista entrevistou um médico, que trabalhava em um desses Hospitais atendendo de graça os seus pacientes, recebendo do governo, salário em torno de 8 mil euros. Casado com um filho, dono de apartamento de 4 quartos, com dois carros, sendo um deles da marca Audi, se dizendo muito contente com a situação.
Pode não ser o Paraíso, mas está bem próximo de chegar lá. Afinal, nada é perfeito neste mundo, dizem, de Deus.
Bem, esses dois países Inglaterra e França, tem pelo menos 2 mil anos de existência varridos por guerras, fome, pestes, febres, tempestades arrazadoras e o que mais se possa pensar. Resistiram a tudo e a todos. Criaram uma civilização voltada para viver dentro de padrões dignos e saudáveis na procura de um ideal de vida em que todos pudessem receber esses benefícios.
E aí Esmeraldo, esse povo brasileiro chegará um dia a ter, ao menos, uma Saúde boa e gratuita?
Inverno de 2009
deBarros
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3 comentários:

Gonça disse...

Pode ser, caro Barros, mas nao vai ser fácil o Brasil chegar lá. E a responsabilidade é dos políticos, do proprio povo que usa mal a arma do voto, e das grandes pressões dos privilegiados que vivem à custa do estado. Nos últimos dias, li duas coisas interessantes em um jornal. Criticou o governo por ter comprado um grande estoque de Tamiflu para distribuição gratuita (o que está acontecendo, segundo o próprio jornal, basta levaa ao posto receitas assinadas por médico responsável). No raciocínio elitista do editorial da publicação, o Tamiflu deveria estar nas farmácias à disposição de que tem dinheiro para comprar, essa seria a prioridade. O governo não deveria fazer estoque. Esse mesmo jornal, na maior cara de pau, diz hoje que problema do Brasil é que não investiu em educação. Deve contar isso para quem tem de 20 ano pra baixo porque os mais velhos lembram que esse mesmo grupo de comunicação, que apoiou a ditadura com vibrante entusiasmo, ajudou a demolir vários projetos de eduçação pública, que chamava de "comunistas", e combateu escolas de tempo integral e profissionalizantes que considerava consumidoras de muito recursos e um "luxo" para pobres. Combateu os Cieps como se fossem uma organização criminosa. Essa mesma associação de mídia comercial e grupos empresariais, com o poder de lobby junto aos políticos, acabou com a escola pública e com o que restava da saúde pública. Estão aí os planos ganhando milhões e já tendo filas em hospitais privados tal como se fossem hospitais públicos. E a indústria das faculdades e colégios de fachada também faturando milhões. Tem solução? Não sei.
E é bom embrar que a Margaret Thatcher, a deusa do mercado-que-tudo-pode, acabou com esses sistema de saúde britânico que você elogia. Funciona melhor que o nosso, sim. Mas não o mesmo. É gratuito apenas para emergências, ou seja, caso de vida ou morte (atropelamnento ou vítimas de desastres e acidentes), curar calo no pé, pra dar glicose em imigrante de porre, queda de cabelo e hemorróida aguda, o resto... está por conta dos planos de saúde. Pagou, curou. Não tem grana, dançou.

Carlos Pedro disse...

Teu amigo brasileiro deu sorte. Mas acho que isso foi há muito tempo. Hoje a Inglaterra fuzila brasileiros, como o Jean Charles, e trata outros como terrorista e manda voltar do aeroporto. Acabou a moleza.

A.B.Dias disse...

A saúde no Brasil é calamidade. Mas não basta mirar no exemplos lá de fora. É preciso mudar aqui dentro e isso, só no voto.