sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Deixem o Caê falar

por Gonça
Os jornais repercutem as declarações de Caetano Veloso, que chama o presidente Lula de analfabeto. Analfabetismo nem deveria ser palavra usada como "ofensa". Analfabetismo é um crime que os políticos que dirigiram este país, geralmente ricos e bem nascidos, cometeram contra os pobres. A Bahia, por exemplo, tem um dos mais baixos índices de escolaridade do país. E foi um estado dirigido por décadas por um clã que a família Veloso admira. ACM era chamado de "painho". Caetano, Bethania e outros tinham relacionamento amistoso com o "coronel", com a baianidade do "coronel", com o axé do "coronel". Caetano faz política, sempre fez e é o que faz agora. Está no seu direito. Pode ser criticado por baixar o nível do debate mas está no seu direito. Nas últimas campanhas, fez reuniões políticas em casa tentando atrair artistas para os candidatos do PSDB. De novo, está no seu direito. Por isso, não é surpresa que, a pretexto de defender a candidata criacionista, parta para o ataque. É do jogo. Caetano é um animal político. Tão político que, às vezes, se aproxima demais e perigosamente do governo. Recentemente, segundo denúncia da Folha de São Paulo, preparou uma turnê que, embora patrocinada por empresas privadas e considerada comercialmente viável, se beneficiou da Lei Rouanet, descolando assim um incentivo público. O procedimento não foi ilegal, já que a Lei Rouanet é criticada exatamente pela brecha que permite que o benefício seja utilizado para projetos de marketing. O problema é que Caetano, em público, é um dos críticos da Lei. O baiano se irritou porque foi acusado de estar recebendo uma "Bolsa Dendê". Deixem o Caetano falar. Ele já está em campanha política. Óí praí, tô certo "painho"?  

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os picaretas

Daria um bom título para um longa-metragem sobre os porões da privatização desenfreada promovida pelo pessoalzinho que aí está maluco para voltar. Por conta dos contratos elaborados pelo governo passado, os brasileiros pagam a mais por luz sem direito a reclamar. Um erro na metodologia de cálculo dos reajustes tarifários, presente desde a origem do contrato de concessão, em 1997, produziu distorção que transfere todos os anos, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), R$ 1 bilhão do bolso dos consumidores para o caixa das concessionárias. E ninguém vai preso. Dá-lhe Brasil. 

Remédios doentes

por Eli Halfoun
“Vai um remedinho aí?" – remedinhos de todos os tipos e para todos os fins são oferecidos (e, o que é pior, aceitos) como um delicioso bombom. Medicamentos são formulados quase que diariamente (tem sempre uma novidade, muitas vezes nem tão eficiente, no mercado) para enriquecer cada vez mais os laboratórios e para minimizar as mazelas de saúde que inevitavelmente enfrentamos durante a vida. Esse quase vício de tomar um comprimidinho para isso, outro para aquilo acaba transformando-se em sério risco com a auto-medicação, que é também consequência da falta de orientação médica para a maior parcela da população que sem ter onde buscar uma consulta e um atendimento eficaz aceita o conselho quase sempre milagroso dos vizinhos, dos parentes e até de quem mal conhece. Assim se expõe a um nada saudável risco que pode estar até no mais popular dos comprimidos como, por exemplo, a aspirina. Recente pesquisa realizada na Inglaterra garante que a tão popular e consumida aspirina pode causar sangramentos internos sérios e não previne como ainda se acredita doenças cardiovasculares. A pesquisa realizada com base em estudo britânico publicado recentemente em respeitada revista médica recomenda que os médicos revejam a prescrição de aspirina como preventivo para asa doenças do coração. Pesquisas e estudos com medicamentos conhecidos são anunciados diariamente, sempre com uma suposta novidade deixando a medicina. Nenhuma pesquisa impede inicialmente a auto-medicação - essa sim e também uma doença gravíssima.

Livro com entrevistas da Playboy



A edição brasileira da revista Playboy comemora 35 anos. Para marcar a data, lança em livro as 28 melhores entrevistas publicadas. São 300 páginas de bate-papos com artistas, políticos, atletas e escritores. Entre estes, Ayrton Senna, Xuxa, Lula, Juca de Oliveira. As entrevistas são assinadas por Zuenir Ventura, Ruy Castro e Juca Kfouri, entre outros. Além desse livro, Playboy vai lançar, até o fim deste ano, mais duas publicações comemorativas: uma de fotografia e outra de humor.

Os falsos profetas

por J.A.Barros
E assim, vai se criando um novo mito, uma nova lenda. Não é verdade que o mundo passou a respeitar, mais, o Brasil depois das viagens – eu até diria de passeios – que aquele que não se pode dizer o nome, tem feito, e para isso mandou construir um avião de luxo para fazer essas viagens com todo o conforto que um pau-de-arara nunca dará.
Como o brasileiro não consegue ter memória já se esqueceu, que todo esse respeito pelo Brasil foi construido no governo anterior, que foi muito criticado e ironizado pelo atual presidente deste país, justamente pelas muitas viagens feitas pelo mundo afora por seu predecessor.
Ora, não desconhecemos a curiosidade dos paises europeus pelos paises do terceiro mundo por acharem os seus habitantes criaturas exóticas, sem nenhuma cultura e se uma dessas criaturas, consegue de operário que era ser presidente de um país, mais exótica ela se torna.
Um dia, um país europeu elegeu um operário seu presidente: Lech Walessa, que não conseguiu ser releito e desapareceu nas brumas das terras polonesas, Na verdade Lech Walessa aliado ao Papa João XXIII, conseguiu – esse foi o seu grande mérito – derrotar o comunismo soviético pondo abaixo o Muro da Vergonha que separava s duas alemanhas oriental e ocidental.
Bem, mas isso é uma história muito grande para ser contada em poucas linhas e muito pouco espaço. Mas, não vamos nos iludir com um falso profeta que debaixo de uma arrogância constrangedora para nós, brasileiros, o vamos eleger um deus – sem Estádios – das ruas sem donos de um país que ainda não conseguiu se construir como, verdadeiramente, País.

Saia justa: deu na Folha que existe uma Bolsa-Maitê

Está na Folha de hoje, coluna de Mônica Bergamo: o governo de São Paulo suspendeu duas - eu disse duas - pensões pagas à atriz Maitê Proença. Total: 13 mil reais por mês. Essa espécie de Bolsa-Maitê foi, segundo a Folha, herdada dos seus pais, funcionários do Estado. O governo estadual, diz a nota, alega que Maitê escreveu em recente biografia que viveu com um empresário por 12 anos, o que caracterizaria união estável e é justificativa legal para suspender as pensões. Sem dúvida, um bom assunto para os debates antenados do programa Saia Justa. A propósito, diz-se, mas eu não provo, que outra badalada atriz global tem um bom "cabide" em uma instituição do Rio, nomeada pelo cunhado... Brasil, ziu, ziu, ziu

Passaralho na janela

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Editora Desiderata)
Como em toda empresa, havia momentos, na Bloch, em que o temível "passaralho", que no jargão dos jornalistas é o "caralho voador" que prenuncia demissões, atacava as redações indiscriminadamente. O símbolo do momento das demissões era como o "homem das neves", sabia-se que existia mas ninguém jamais o vira. Em uma dessas temporadas de "passaralho", Alberto Carvalho, ex-secretário de redação da Manchete, esculpiu em isopor um imenso "caralho" com todos os penduricalhos e uma ameaçadora cabeça pintada de vermelho, e pendurou-o do lado de fora do prédio, pela janela. Lentamente, foi baixando a "alegoria" do oitavo para o sétimo andar. Foi só a primeira redatora desavisada olhar para a janela e deparar-se com aquele gigantesco símbolo fálico para todo o andar das revistas femininas entrar em polvorosa. Mas, dizem as más línguas, passado o susto sobrou uma certa admiração pelas avantajadas medidas do "passaralho".

O gol contra de Pelé

por Eli Halfoun
Com a bola nos pés Pelé, o atleta do século (de todos os séculos) e definitivo Rei do futebol (não haverá outro como ele), podia e fazer (e fazia) de tudo encantando o mundo com mais do que o seu futebol, a magia com a bola. Era um desses bailarinos fantásticos para os quais o espaço, em campo ou no palco, não tem limites. Pelé conquistou tudo, mas não deixou morrer os ainda sonhos quase infantis de Edson Arantes do Nascimento. Um desses sonhos é cantar. Até já fez isso ao lado de Elis Regina (não poderia haver parceira melhor) quando gravou em 1980 o compacto Tabelinha. O menino Edson, que também experimentou ser ator (foi um desastre) não desistiu do sonho de soltar a voz: está decidido a transformar esse sonho em realidade – uma realidade que, convenhamos, pode ser um pesadelo para os nossos ouvidos – se bem que tem tanto profissional cantando mal por aí que até e infelizmente nos acostumamos com essa também terrível poluição sonora. Pelé, ou melhor, Edson acaba de compor uma música sobre a cidade de São Paulo. Até passava se fosse apenas isso, mas ele quer mais e ameaça gravar um CD inteirinho no ano que vem. Tudo bem que continue perseguindo o velho sonho de ser cantor, mas corre o sério risco der permitir que o cantor Edson acabe manchando a irretocável imagem do atleta Pelé.

A vida está no lixo

por Eli Halfoun
A vida é um lixo. É isso o que literalmente podem dizer 40 mil catadores que sobrevivem buscando em verdadeiras montanhas de sujeira o fundamental básico pão nosso de cada dia. Os catadores, que na verdade nem lixeiros são, se espalham pelas ruas, que também andam um lixo, e pelos 42 postos do serviço de coleta seletiva implantado no total de nossos 160 bairros, o que significa que estão deixando 116 bairros sem esse importante trabalho. Ninguém vai ser catador de lixo por prazer: a escolha é imposta pela absoluta falta de empregos que o país tanto necessita. É um risco diário conviver diariamente com todo tipo de imundice e, portanto, expostos a todo tipo de doenças infecciosas, o que acaba aumentando a demanda nos hospitais públicos que, convenhamos, também andam um lixo.

Podemos dizer ainda que a vida de todas as classes sociais está no lixo. É através de tudo o que é jogado fora que pode ser traçado um de perfil econômico dos habitantes da cidade: é possível saber como uma pessoa vive quando se conhece o que ela joga fora, no lixo. Jogamos na lixeira muitas coisas que ainda podem úteis para os que nada tem para jogar fora. É material que pode perfeitamente ser recuperado de alguma forma. reciclagem é importante porque reciclagem é renovação e renovação é fundamental para que a vida não fique estagnada e se transforme em uma sempre chatíssima rotina. Aliás, esse é um trabalho social que Estado e Município fazer criando galpões de, por exemplo, eletrodomésticos, roupas enfim, tudo o que ainda possa perfeitamente atender a chamada classe menos favorecida.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Brevê presidencial

por Eli Halfoun
Os críticos do presidente Lula (e ele tem muitos apesar de sua imensa popularidade) estão implicando agora com as viagens presidenciais e dizem que Lula já pode tirar brevê: até o final do ano totalizará 81 dias fora do Brasil período, escalonado, é verdade, em que visitou 30 países, quatro a mais das visitas contabilizadas no ano passado quando ficou 70 dias fora do Brasil. Nos próximos dias 15 e 16 o presidente viaja outra vez para participar do encontro Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que será realizado em Roma, Itália. Em dezembro outra viagem dessa vez para Estoril, Portugal, onde acontecerá a Cúpula Ibero-Americana. O que não se pode negar é que Lula só viaja muito porque fez o Brasil ser respeitado e admirado no mundo.
* Como esse país nunca foi

A vida não é um eterno fim de semana: o pôr do sol da Voluntários, com todo o respeito, visto da janela do escritório


Dinheiro, pra que dinheiro?

por Eli Halfoun
A idéia é a de que o dinheirão de impostos que o trabalhador brasileiro paga exageradamente seja aplicado em saúde,educação e outras prioridades, mas não é exatamente o que acontece. Tem, como sempre, muito dinheiro sendo gasto inutilmente. Anote aí: a Presidência da República investiu R$ 73 mil na compra de 1.782 sapatos masculinos pretos em couro legítimo, com forro interno e palmilha antitranspirante, que evita chulé, mas não evita o fedor da sujeira política. Mais R$ 4,3 mil foram utilizados na compra de 18 coturnos pretos de couro. A farra com o nosso suado dinheirinho não se limita a Presidência da República: o Senado também entrou na dança gastando R$7,3 mil na compra de coroas de flores nobres, além de R$ 281 mil com a empresa responsável por serviços de condução e de manutenção de veículos da casa. A Câmara não poderia, é claro, ficar fora dessa festa e aplicou R$ 3,2 mil em serviços de lavagem de cortinas, forros e carpetes de seus imóveis funcionais, além de R$ 2,3 mil na compra de 30 carrinhos de mão. Deve ser para carregar o salário e o por fora...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A vez da Praia do Diabo/Arpoador

Título e foto: Gonça

Dia de folga, mais Ipanema no Paniscumovum

Título e foto: Gonça.

Memória do paniscumovum: há um ano, nesta data, era lançado o livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou - editora Desiderata




Aconteceu na Manchete: a capa, o concorrido lançamento na noite de 3 de novembro de 2008, na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, e alguns dos 16 autores da coletâneas (fotos Alex Ferro); O grupo, de volta ao prédio da rua do Russell, onde funcionou a Bloch Editores (foto de J.Egberto); e Carlos Heitor Cony, um dos autores, revê, através da porta principal, o hall da extinta Bloch Editores (foto de Jussara Razzé)

Deu no Globo: Caetano chama Woody Allen de "careta" e provoca polêmica. Roberto Muggiati responde

Matéria de Arnaldo Bloch e Rodrigo Fonseca no Segundo Caderno de hoje joga lenha na fogueira das  polêmicas opiniões de Cateno Veloso sobre Woody Allen. Segundo o baiano, o diretor é "um cineasta pequeno", "chegado a uma decoração creme por trás de roupa bege"(!!!), "muito hetero" (será esta a nova definição de machista?). O Globo ouviu, entre outros, Roberto Muggiati (tema de post logo abaixo sobre o curso 100 Anos de Jazz). "Woody pequeno? Sim, é baixinho, como muita gente boa. Careta? Não pode haver coisa mais careta do que esta polêmica arretada. Allen não perderia tempo com uma besteira destas: deve estar muito ocupado fazendo um novo filme ou tocando jazz em sua clarineta", diz Muggiati.

A propósito, para quem prefere tirar a dúvida na tela, o CCBB abre hoje, no Rio, mostra dos filmes de Woody Allen com a estréia do inédito "Tudo pode dar certo" ("Whatever works").

As novas cores do turismo

Por Eli Halfoun
Demorou, mas finalmente o Rio está abrindo os olhos para a importância do turismo gay, que já é uma realidade em vários países. Na recente parada gay (a 14ª) que coloriu a praia de Copacabana com as cores do arco-íris o prefeito Eduardo Paes anunciou a criação de uma coordenadoria de governo só para tratar das causas homossexuais a fim de garantir direitos e combater preconceitos e violência. “O Rio – diz o prefeito – é uma cidade aberta à diversidade. Economicamente o turismo gay é muito importante”. Torcendo o nariz os mais preconceituosos certamente dirão que a Prefeitura tem mais o que fazer. Tem sim, e por isso mesmo não pode se dar ao luxo de abrir mão da arrecadação que o turismo gay pode proporcionar a essa cidade maravilhosa que como diz o empresário Gilles Lascar (dono da boate gay Le Boy) “tem um clima perfeito, uma noite superinteressante, homens bonitos.” Incentivar o turismo GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) também é uma das preocupações da Associação Brasileira de Turismo. Não é para menos já que como diz o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc “as duas causas que mais avançam no mundo são a ambiental e a dos direitos civis e nós não seremos um planeta saudável com poluição e com preconceito”.
O Brasil da próxima Copa do Mundo e da Olimpíada não pode abrir mão de seu potencial turístico para atrair o público gay que mete a mão no bolso para gastar – e gastar bem. Não é obrigatório simpatizar, mas é obrigatório não desprezar as pessoas por sua opção sexual e afetiva. Economicamente o mercado não pode mais dispensar esse grande público consumidor, que se hoje é mais aceito e compreendido, em um passado não muito distante era obrigado a viver em guetos e marginalizado. Historicamente o Rio é uma cidade gay e o grande ponto de encontro era o antigo Largo do Rocio, hoje Praça da República. Nos anos 50 criou-se a bolsa de Copacabana em frente ao Copacabana Palace. Por conta das absurdas perseguições os grupos gays eram itinerantes: nos anos 60 e 70 fizeram da galeria Alaska, em Copacabana, seu ponto de encontro e foram caminhando até criar a bolsa de Ipanema (também conhecida como penteadeira) em volta da Rua Farme de Amoedo. Ainda vistos e recebidos com preconceito os gays conquistam cada vez mais espaço e são em todos os segmentos profissionais de grande talento e um público que não se pode simplesmente desconhecer desprezar. Principalmente quando se fala em turismo.
P.S – O Globo de hoje noticia que o Rio foi eleito o Melhor Destino Gay em eleição promovida pelo Logo, um canal da MTV destinado ao público homossexual.

Curso sobre 100 anos de Jazz, por Roberto Muggiati


Início: dia 9 de novembro Inscrições pelo tel. (21) 2286-3299 ou pelo site
http://www.polodepensamento.com.br/
O objetivo do curso é apresentar o nascimento do jazz, o panorama de seus estilos, sua evolução e sua ligação com a cultura do século 20, mostrando a influência que vem exercendo sobre artistas e intelectuais ao longo dos seus 100 anos de história.
- 4 aulas às segundas-feiras, das 19h30 às 21h30
9 de novembro
O que é jazz? Blue note: a célula-mater. A matéria-prima do jazz: standards, blues etc. (Ilustração musical do cd What‘s Jazz - uma aula magistral do maestro Leonard Bernstein).
16 de novembro
A história do jazz: como e onde surgiu. Componentes sociais e geopolíticos que deram início ao gênero musical. As primeiras manifestações do jazz e suas características.
23 de novembro
Um panorama de estilos: o jazz tradicional e suas primeiras gravações. As Big Bands; a revolução do bebop; os anos 1950/ 1960/ 1970; a Bossa Nova; a ascensão da fusion; a volta de Miles Davis; as novas divas e os novos Sinatras.
30 de novembro
O erudito descobre o jazz: Ernest Ansermet e Sidney Bechet. O jungle sound de Duke Ellington e a arte africana. Jazz e dança: do Cotton Club a Hollywood. Anos 1960: a Igreja de St. John Coltrane. A imagem do jazz no século 21.

Roberto Muggiati é jornalista e escritor. Autor dos livros O que é jazz, Blues: da lama à fama e Improvisando Soluções: O Jazz como exemplo para alcançar o sucesso, entre outros. Trabalhou na BBC em Londres, período em que viu e ouviu de perto gigantes como Duke Ellington, Thelonious Monk, Miles Davis, Chet Baker, Bud Powell, Bill Evans, Gerry Mulligan e Dexter Gordon.
POP-Pólo de Pensamento Contemporâneo
Rua Conde Afonso Celso, 103 - Jardim Botânico - CEP 22461-060
Tel. (21) 2286-3299 e 2286-3682
O POP - Polo de Pensamento Contemporâneo é um espaço de estudos, discussão e convívio, onde se realizam cursos, oficinas, palestras e eventos culturais. 

Televisão é uma piada



por Eli Halfoun Assistir televisão não é a melhor opção para uma tarde de domingo, mas é sem dúvida a mais procurada por um grande público que por falta de condições financeiras não tem como sair de casa. As opções de programação oferecidas pela televisão não são das melhores. Ainda assim não se pode negar que O Domingão do Faustão cumpre direitinho o objetivo de ser não mais do que apenas um passatempo dominical. O programa até tem aberto oportunidades para jovens talentos musicais geralmente condenados a tocar (ou fazer barulho) em uma garagem que é, aliás, o título do quadro. Outra proposta de Fausto Silva é a de revelar o novo humor do Brasil (o velho é sem dúvida o de Brasília) através do quadro “Quem chega lá”. Só pode ser humor a maneira de apresentar os candidatos: Faustão solta a voz e apresenta o concorrente do novo humor do Brasil dizendo que fulano tem muitos anos de carreira e se apresenta no teatro em clubes e em casas noturnas. É a primeira piada: como é que alguém pode ser novo depois de tantos anos de carreira nas costa?

(Foto: reprodução TV Globo)

Lata nova, vinho velho

Por Eli Halfoun
Quem experimenta, estuda e pesquisa vinho (todo mundo acha que entende do assunto, mas são poucos os que realmente sabem das coisas) não deve andar nada entusiasmado com essa idéia de desengarrafar o vinho e transferi-lo para umas frias latinhas de alumínio como já fizeram (e descaracterizaram) com a cerveja. O bom vinho, que sempre teve nos variados tipos de garrafas e nos rótulos dois de seus muitos prazeres está sendo enlatado, como se fosse uma sardinha ou salsicha qualquer. O primeiro (tomara que seja o único) é o tinto frisante Vino & Fashion (não poderia haver nome mais inapropriado para um vinho) que começou a ser comercializado inicialmente na Itália e está desembarcando por aqui importado pela Solex Brasil. A novidade foi “criada” pela Pico Maccario uma das mais renomadas vinícolas italianas. O Vino & Fashion é feito com a uvavitinifera lambrusco cultivada somente no interior da Itália. Os primeiros enlatados são tintos, mas os irmãos Vitalino e Pico Maccario, proprietários da vinícola, prometem lançar também latas de vinho branco. Os franceses devem estar com ódio.

Um dia, uma gata (que não queria papo)

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Em setembro de 1995, para marcar os 50 anos da Segunda Guerra Mundial, o escritor e repórter Joel Silveira, na flor dos seus 77 anos de vida e do alto dos seus sessenta anos de atividade jornalística, publicou um livro inspirado na série de reportagens sobre o tema realizada para a Manchete, de Munique 1938 a Nuremberg 1948, além de Hiroshima, claro, e Nagasaki também. E, como prêmio conferido a ele por ele mesmo, foi-se de mala e cuia em um pulinho até a Europa ver como a "Velha Senhora" estava. Ia rever Paris, Milão, Florença, Veneza e adjacências, inclusive os Harry's e todos os bares de sua intensa carreira etílica. E foi em uma mesa de bar que bateu uma saudade, essa dor tropical, no peito do velho escritor. E Joel quis falar com sua gata de estimação, por telefone. Uma gata gorda e devassa, pelo menos na ótica do seu amigo Carlos Heitor Cony. Pois do outro lado da linha tinham respondido que a gata não queria papo. "Então aperta a barriga dela, quero ouvir pelo menos o miado!" Apertaram um pouquinho, ela miou. Pronto. Então ele pediu mais um para o moço do bar. Sem gelo. Cowboy. "Duplo."

Qual é mesmo a cor do talento?

por Eli Halfoun
Existe preconceito racial no Brasil? – essa é uma pergunta feita constantemente e para a qual a resposta é da boca pra fora um sonoro e hipócrita não. Mas não é o que o dia a dia nos mostra: estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o perfil do empregado que as empresas procuram é de homens (63%) e brancos (58%), números que descartam friamente os negros. Se não é preconceito é o que? Outra manifestação preconceituosa é a que destina cotas para estudantes negros nas universidades. Não estão, como se finge acreditar, beneficiando os negros: estão passando a mão na cabeça deles para disfarçar as restrições que enfrentam diariamente. Vejamos: o branco é mais bem colocado socialmente, mas isso não o faz um aluno mais preparado do que um estudante negro que mete a cara nos livros porque sabe que para poder continuar estudando é obrigado a ser um aluno exemplar. Assim mesmo enfrenta, como também mostra a pesquisa, maiores dificuldades para conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
O estudo do Ipea revela que embora 9,134 milhões de pessoas tenham procurado (em 2007) emprego no país apenas 1,673 milhões estão aptas para ocupar as vagas disponíveis, mas o estudo não especifica a cor da pele dos que estão ou não estão aptos. Não é exatamente a aptidão que pesa mais na hora da escolha final. A cor da pele tranca com cadeados de preconceito as portas do mercado de trabalho aos negros.
Assim uma enorme fatia do povo é empurrada para trabalhos informais, que são “atividades de sobrevivência de populações marginalizadas no mercado de trabalho” gerando assim maior número de ambulantes e de “quebra galhos”, ou seja, de milhões de trabalhadores movimentando a economia informal.
O número de empregos formais gerados no Brasil precisaria ser 473% maior do que as 1.592 milhões ofertas. A conta simples: faltam mais de oito milhões de empregos para o sonho de criar 10 milhões de novas frentes de trabalho. Resumindo: a falta de empregos afeta os brancos e os negros, mas as poucas vagas limitam ainda mais a possibilidade do negro trabalhar com carteira e direitos trabalhistas. Estão tirando dos negros (e dos pobres) todos os direitos. Com preconceito enrustido fica pior. As coisas precisam ficar claras para todas as raças. Todas as pessoas.

Cachaça especial

por Eli Halfoun
É dia disso, dia daquilo. Tem dia pra tudo no Brasil que ganhará mais uma, digamos, data festiva: 13 de setembro passará a ser o Dia Nacional da Cachaça, data aprovada pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara. A escolha do dia 13 do dia 13 de setembro é histórica: foi em 13 de setembro de 1661 que aconteceu uma revolta popular contra a colônia portuguesa que proibiu a comercialização do produto. O Brasil quer que a cachaça seja reconhecida internacionalmente como uma bebida autenticamente brasileira até porque é uma das preferências nacionais, o que leva a crer que não demora muito será criado também o Dia Nacional da Bunda que como se sabe é outra das preferências nacionais.

* Nesse quesito as brasileiras são imbatíveis

domingo, 1 de novembro de 2009

Proibido dirigir

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Um competente redator da Manchete não abria mão de passar no bar do Hotel Novo Mundo ao fim do expediente para alguns drinques de happy hour. Só que não eram apenas dois, três ou quatro uísques... Bem mais tarde, algumas doses acima do resto da humanidade, ele deixava o bar e ia pegar o carro estacionado na frente do hotel. No caminho, cruzava com o guarda de trânsito que ficava na esquina. O guarda, gente boa que deu plantão ali por décadas, já conhecia a turma e logo percebia suspeitos passos trocados. Imediatamente, impedia que o redator dirigisse e embarcava o rapaz em um táxi. "Pega o carro amanhã", recomendava. No dia seguinte, repetia-se a cena. O redator tomava alguns uísques a mais e o carro ficava mais uma noite ao relento. Essa rotina, às vezes, durava uma semana. A solução era mulher do redador vir resgatar o Fusca antes que a maresia - bons tempos em que o Rio não tinha tantos e tão ativos ladrões - corroesse o carango.

Todo cuidado é pouco

por Eli Halfoun
É inacreditável e inconcebível, mas está na primeira página da edição do Jornal do Brasil de domingo 1/11: os acidentes domésticos já são a principal causa de morte entre as crianças e a mais constante é o afogamento, responsável pela maioria dos casos registrados na faixa de 0 a 4 anos. Acidentes são acidentes e embora aconteçam alheios à nossa vontade podem ser perfeitamente evitados, o que significa dizer que todo cuidado é pouco, especialmente com as indefesas crianças. A mortalidade na infância teve uma grande queda, o que permitirá ao Brasil alcançar (até que enfim) em quatro anos uma das metas do Milênio da ONU. Ainda assim as mortes provocadas pelas chamadas causas externas, entre as quais está a violência, cresceram (ta na cara) e afetam faixas etárias cada vez mais precoces. A morte de crianças não deve ser um recorde do qual o Brasil possa orgulhar-se, ainda mais quando muitas delas ocorrem por afogamentos em simples bacias domésticas, como ocorreu há dias com uma menina de 4 anos, em Ribeirão Preto, São Paulo. Fica claro e na superfície que é preciso estar mais atento com nossas crianças. E isso começa dentro de casa.

Levanta, sacode a poeira

por Eli Halfoun
Certamente foi com um misto de decepção e tristeza que a torcida brasileira recebeu a notícia de que a atleta Daiane dos Santos foi flagrada no teste antidoping. Mesmo que consiga provar (o que certamente acontecerá) sua inocência a carreira de Daiane, que encantou o mundo com seus saltos e nossa música (emocionante ouvir “Brasileirinho” ao final de cada salto) ficará com uma cicatriz definitiva, que a partir de agora inclui a descrença da torcida e sem dúvida enfraquece o mérito de suas conquistas e esforço. Daiane não estava competindo, portanto, não visava obter qualquer vantagem quando utilizou o medicamento que a reprovou no teste antidoping. Ainda assim haverá em torno dela e por muito tempo uma mistura de orgulho e desconfiança.
Não há dúvidas de que Daiane não utilizou o medicamento “dedo-duro” por conta própria, embora a perigosa auto-medicação seja comum no Brasil. Uma atleta do porte de Daiane não correria o risco de automedicar-se: foi orientada por um médico. Nesse caso se faz necessário orientar os médicos, todos os médicos, sobre medicamentos que podem funcionar com um paciente qualquer, mas são prejudiciais para um atleta. Daiane superará o drama (sim,é um drama para uma atleta ver, mesmo que apenas temporariamente, sua dedicação condenada). Com saltos e movimentos precisos Daiane dos Santos terá de mostrar que é uma atleta acima de qualquer suspeita. E mostrará.

Um grito coletivo

por Eli Halfoun
Socorro - essa foi a única palavra (ou teria sido um grito) que a bonita e talentosa atriz Bia Seidl usou em recente entrevista (dessas rapidinhas que tentam mostrar o perfil de uma celebridade através de gostos e comportamento) para definir o Rio de Janeiro. Não poderia ser mais apropriado e definitivo. O Rio continua lindo, mas anda precisando com urgência de uma cirurgia plástica (não basta maquiagem) reparadora nos buracos que passaram a fazer parte da paisagem, nos hospitais ineficientes, nas escolas incompetentes, no transporte insuficiente. Em tudo. Bia Seidl não exagerou quando pediu socorro. Seu grito não precisa ser ouvido apenas pelas autoridades, mas também por toda a população: estamos destruindo as belezas naturais com as quais fomos generosamente brindados. O Cristo Redentor, uma das maravilhas do mundo, ainda está lá de braços abertos para nos abraçar; visto de longe o mar continua sorrindo um azul quer nos enche os olhos e o coração, como acontece também o verde de nossas matas. Essa é só e ainda uma paisagem de cartão postal. É linda vista de longe, mas começa a ficar assustadora, muito assustadora, de perto: por falta de amor (um amor que não podemos perder) estamos fazendo de tudo para acabar com as belezas que ainda são o nosso (e talvez único) melhor cartão de visitas.
É verdade que é responsabilidade das autoridades botar ordem na casa e dar um fim às nossas mazelas, incluindo a violência. A população também precisa fazer a sua parte preservando – e cada vez mais - o que recebemos de mão beijada. O grito de Bia Seidl (socorro) não é solitário. É o grito de todos que amam essa “cidade maravilhosa, cheia de encantos mil”. (foto de divulgação/TV globo)

Vídeo-memória

Você quer ver o comercial da edição especial da Manchete no Réveillon de 2000, com a cobertura da última virada do ano da revista. A Bloch Editores pediria falência em agosto daquele ano. A revista Manchete ainda ganharia uma sobrevida editada por uma cooperativa formada por ex-funcionários. Posteriormente, o título foi leiloado. O empresário e editor Marcos Dvoskin, detentor dos direitos, lançou mais algumas edições especiais de Carnaval pela Editora Manchete. Neste comercial, a locução é de Roberto Canázio, cuja voz virou uma marca das campanhas da revista. Veja no link Comercial da revista Manchete

Um olhar sobre o mundo -1

No site do J.L Bulcão, fotógrafo que hoje atua em Paris, uma ampla visão do trabalho de um profissional que foi da equipe da revista Manchete nos anos 80. Visite no link J.L.Bulcão

Um olhar sobre o mundo - 2

O fotógrafo Ricardo Beliel, que fez grandes matérias para a Manchete, reuniu em um site sua importante e diversificada obra. Vale a visita no link Ricardo Beliel

Importante: opine sobre a regulamentação da Internet no Brasil

O Ministério da Justiça abriu um site de audiência pública para quem quiser opinar sobre a criação de um marco regulatório civil para uso da Internet no Brasil. Você pode entrar na página e mandar sugestões durante os próximos 45 dias. A partir dessas sugestões será elaborado um projeto de lei para ser votado pelo Congresso no ano que vem. Fique ligado. O marco tratará de questões como liberdade de expressão e privacidade na rede. Link: Mande suas sugestões para a Regulamentação da Internet

Pelada no cartoon

Marge Simpson na Playboy e...
...Elektra no site Morango.

Os Simpsons comemoram 20 anos e Marge posa para uma edição limitada da Playboy americana. Aguardem Luluzinha, que cresceu, Mônica idem... Nessa linha de ensaio sexy de ficção, o site brasileiro Morango saiu na frente e já mostrou versões "melancia" e "popozuda" de algumas estrelas dos quadrinhos.

E se melar o jogo?

Somos a favor da Copa e da Olimpíada carioca etc etc mas não vai ser fácil acompanhar essa preparação. O Rio apresentou um projeto ao COI e ganhou o direito de sediar os jogos. Por acaso (aqui iria um ponto de ironia, se existisse), o projeto é importante e, entre outras coisas, diz que a cidade construiria um Centro de Imprensa na Barra, ou imediações, que concentrará a maioria das competições. Hoje, deu no Globo que o prefeito resolveu mudar de idéia e quer fazer o Centro na Zona Portuária, longe da Barra. Os representates do COI se dizem surpresos e já protestam. Até há margem para certas mudanças, afirmam, mas sempre para melhor e sempre discutidas seriamente com os dirigentes. Bom a cidade ficar sabendo que está obrigada a cumprir várias etapas e não pode mudar o que prometeu no projeto a cada idéia nova ou pressão de quem quer que seja. Se sentir os Jogos de 2016 ameaçados, se a progressão das obras (que devem começar em 2010) emperrar, o COI não vai correr o risco de comprometer a Olimpíada e pode rever a escolha. Madri, a segunda colocada, vai ficar só observando.

Imprensa tendenciosa? -1

Essa até o ombusdman reclamou. No primeiro momento, ao noticiar a tragédia do avião da TAM em Congonhas, parte da mídia deu um claro tom político à cobertura atribuindo o desastre às condições da pista antes mesmo de os especialistas e agências internacionais iniciarem a perícia técnica para levantar as verdadeiras causas do acidente. Sabe-se que há interesses políticos e econômicos (a pressão para a privatização dos grandes aeroportos, os lucrativos claro, os pequenos e deficitários ninguém quer esse ficam com a "viúva", é um deles). Na Folha de hoje, o ombudsman afirma que a reportagem do jornal sobre o relatório das causas do acidente "subverteu regras essenciais do jornalismo ao dedicar manchete e abertura de texto a um 'fator contribuinte' para a tragédia (a pista de Congonhas) e relegar a segundo plano o 'fator decisivo' (a posição do manete)". Um leitor sugere ao ombudsman que a Folha faça uma revisão crítica de artigo publicado em 19 de julho de 2007, apenas dois dias depois do acidente, quando nem o metal queimado havia esfriado ainda e o jornal já "sabia" a causa da tragédia e a definia em título de primeira página referindo-se à pista: "O Nome Certo do Que Ocorreu em SP é Crime". O ombudsman acha uma boa idéia. A propósito, tecnicamente, segundo a perícia e gravações e informações da caixa-preta, um dos manetes estava em posição irregular o que fez que um motor acelerasse e o outro entrasse em reversão. A pista molhada e sem ranhuras adequadas foi o "fator contribuinte" mas os técnicos avaliam que mesmo sem chuva e com ranhuras provavelmente não seria capaz de segurar o avião desgovernado pela má operação dos manetes.

Imprensa tendenciosa? - 2

Ao criticar programas sociais do governo, embora reconheça que impulsionam o Brasil e ajudaram a superar a ameaça de crise, a Folha de hoje chama aposentadorias de "assistencialismo". Não é. Os trabalhadores contribuem durante longo período, com "pedágio" de "deságio" durante anos e anos. E, talvez os editores não saibam, mas essa contribuição não é assim tão irrisória ao bolso de que luta para viver. Ou talvez saibam: há muito a setores da da mídia comercial aderiram àqueles que demoliram parte, e tentam demolir o que resta, da Previdência pública.

Histórias reais: o jeito foi baixar as calças

do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Supositório é item que jamais entra no rol do que se bota na mala em caso de viagem. Pois foi esse o problema de um fotógrafo da Manchete em ação no exterior. O retratista estava na Polônia e, se já não era brilhante no idioma pátrio, imagina na língua deles. Precisou de tal recurso médico cujos efeitos podem ser positivos mas a posição é absolutamente ridícula. O jeito foi entrar na farmácia e tentar fazer a atendente compreender, por meio de gestos, o que ele queria. Em mímica, estava a léguas de Marcel Marceau, foi difícil e demorado explicar-se. No desespero, baixou as calças e, só de cuecas, virou-se de costas, mostrou o dedo médio e fez um movimento de ir e vir. Foi aí que a moça não teve dúvidas. "Ah, supositório..." Sotaque fora, em polonês supositório soa como supositório mesmo. Não só a pronúncia como o efeito. E a ridícula posição.