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terça-feira, 23 de abril de 2024

O que o filme "Zona de Interesse" (*) tem a ver com a nossa própria zona de conforto

 

A fúria e o som de Auschwitz não perturbam
o dia de piscina da família Höss. Foto: Divulgação

Casa com varanda e vista para campo de concentração:
o
home office do CEO de Auschwitz. Foto: Divulgação 

por José Esmeraldo Gonçalves

Como um tranquilo reality, a câmera dirigida pelo cineasta Jonathan Glazer acompanha a rotina de Rudolf Höss (Christian Friedel) e Hedwig (Sandra Hüller) e filhos. Uma família comum vivendo em uma casa acolhedora, cercada de jardins e de um rio de águas calmas que corre tão monótono quando parece a vida dos Höss. Poderiam estar em um anúncio de banco digital se não tivessem o horror como vizinho. Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, é tido por seus superiores como eficiente na função. Uma espécie de empregado de todos os meses durante os piores anos da Segunda Guerra Mundial. Poderia perfeitamente ser hoje um desses palestrantes e coachs que vendem motivação e sucesso.

O muro alto que separa a casa dos Höss das instalações do campo de concentração não esconde as chaminés dos crematórios e nem impede que a família ouça uma trilha constante de gritos de desespero e tiros. Ouvir, no caso, não é sinônimo de prestar atenção ou se importar com o barulho no condomínio. Höss age como um CEO da firma, um Elon Musk do X. É fanático por foco no trabalho. Faz reuniões com os subordinados, traça estatégia para "otimizar" o número de trens que levam prisioneiros judeus à morte e como expandir a linha de montagem do Holocausto. Não aparecem cenas de brutalidade. Ele se apresenta como um gestor que tem metas e business plans. 

A extrema frieza está presente tanto na mesa de reuniões quanto nas conversas conjugais, quando o militar compartilha com a mulher os rumos da sua carreira e seu prestígio ascendente na cúpula executiva da "Solução Final".  

Em todas as situações, a indiferença é o elemento perturbador e a naturalidade o fio que conduz a trama. 

No seu discurso, ao receber o Oscar de Melhor Filme Internacional, Glazer enfatizou sua determinação em confrontar "Zona de Interesse" com o presente. 

"Não para dizer 'veja o que eles fizeram então', mas 'veja o que fazemos agora'. Nosso filme mostra aonde a desumanização nos leva”. Agora estamos aqui como homens que recusam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou tantas pessoas inocentes ao conflito, sejam elas as vítimas do 7 de outubro em Israel, seja o ataque em curso em Gaza”, concluiu.  

O exemplo citado por Glazer é um entre os muitos muros que atualmente escondem o que se passa ao lado. Não é o único. As chaminés da ascensão da extrema direita nos Estados Unidos, na França, itália, Polônia, Brasil, Argentina, Espanha, Israel, Portugal, Alemanha, Hungria, Finlândia, entre outros países, são evidências de um fenômeno político amparado pela mesma indiferença e comodidade que impulsionaram o nazismo e o fascismo. 

 (*) "Zona de Interesse" estreou no Brasil, nos cinemas, em fevereiro. Agora chega ao streaming (Prime) e certamente convidará milhões de pessoas a escalarem a múltipla escolha dos nossos muros. Por exemplo, o muro de um Congresso com maioria de extrema direita; o muro do ativismo político das igrejas neopentecostais rumo à teocracia; o paredão das redes sociais manipuladas por algorítmos; o poder das big techs; o grande muro da destruição ambiental, o muro do crime organizado em associação com autoridades e a muralha dos ataques ao STF, só para citar alguns.   


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Hoje no Netflix: estréia de documentário sobre atentados em Paris

O Netflix lança hoje documentário em três episódios "13 de Novembro - Terror em Paris".
São histórias pessoais em torno dos ataques de terroristas islâmicos ao Bataclan, Stade de France e outros locais da  capital francesa em 2015.

domingo, 11 de setembro de 2016

Por Roberto Muggiati - Memória - O que fazia você quando as Torres caíram? (Alguém mais se aventura a lembrar?)


Reprodução
Por ROBERTO MUGGIATI

Há acontecimentos que memória grava a ferro e fogo. A implosão do World Trade Center, há 15 anos, foi um deles. Lembro muito bem não só aquele dia, mas todo o seu entorno. Voltando um pouco atrás: quinta-feira, 6 de setembro, véspera do feriadão da Independência, saí de carro do meu sossego para uma incursão até a Suipa, em Benfica. Sossego relativo: a Bloch falida, eu trabalhava em casa traduzindo. Muito trabalho: o tradutor é uma espécie de estivador da literatura. A bordo do nosso Escort, minha mulher Lena, minha filha Natasha e a viralata Phoebe, adotada poucos dias antes e que começou a passar mal de repente. A Suipa é um local de desova de cães e outros animais menos cotados próximo àquela zona braba do Jacarezinho, uma das favelas mais violentas do Rio. A abnegada diretora da Suipa, Isabel Cristina Nascimento – morta agora em agosto – me levou a conhecer o local: cerca de seis a sete mil animais, na maioria cachorros, amontoados num espaço exíguo, era um milagre como conseguiam alimentar e cuidar daquela massa de criaturas. Enquanto Lena e Natasha enfrentavam as longas horas de espera até a consulta, refugiei-me no carro adiantando a leitura do livro que traduzia: O jardineiro fiel, de John le Carré.

O retorno a Botafogo naquele fim de tarde foi caótico. Além da saída em massa para o feriadão, o trânsito foi complicado pelo incêndio da favela Buraco da Lacraia, debaixo de um viaduto da Linha Vermelha. Com o calor do fogo, o viaduto cedeu e aquele trecho da Linha Vermelha ficaria interditado pelos próximos seis meses. Só chegamos em casa três horas depois.

Na segunda-feira, 11 de setembro, eu já estava ao computador a partir das oito da manhã, traduzindo. Natasha, gripada, não tinha ido ao colégio. Seu quarto ficava perto de mim e, pouco antes das nove, ela veio até a janela do meu escritório. No humor negro característico da família, a adolescente de quinze anos perguntou: “Você conhece o World Trade Center de Nova York?” Respondi que sim. E Natasha: “Fudeu!...”

Corri à televisão do quarto dela e vi a cena impressionante: às 8:46, um Boeing 767 da American Airlines havia se chocado com a Torre Norte. Alternei-me entre as coberturas da CNN e da Globonews. Vi perfeitamente quando, às 9:03, outro Boeing, da United Airlines, se chocou contra a Torre Sul. A cena se passou às costas do apresentador, Carlos Nascimento, que falava sobre um possível apagão de radares como explicação para o primeiro choque. O segundo choque não deixava mais dúvidas: os incêndios eram obras do terrorismo. Uma hora depois, houve ainda o terceiro avião, jogado sobre o Pentágono, em Washington.
O resto é história. Em cada lembrança de uma catástrofe destas fica também a marginalia característica de quem lembra – no meu caso, duas vinhetas culturais. Todo mundo conhece a cadeia global de discos Tower Records, que tinha sua loja principal em Manhattan a poucos quarteirões das Torres Gêmeas. Pois bem, naquele 11 de setembro era lançado Love and Theft, o novo álbum de Bob Dylan – o roqueiro anunciador de apocalipses. Fiquei me perguntando quantos fãs de Dylan não estariam por ali naquela manhã, no ventre da besta, fazendo fila para comprar o novo CD do velho Zimmermann (ele completara 60 anos em, 2001).

E a viúva de Norman Bates – quem diria? – morreu na primeira explosão, a do voo 11 (Boston-Los Angeles) da American Airlines. Na verdade, era a viúva do ator Anthony Perkins, que nunca se livrou da carga de ter sido “o-filho-que-era-mãe” no filme de Hitchcock Psicose. Rica, bonita, irmã da atriz Marisa Berenson, Berinthia "Berry" Berenson foi também manequim e atriz antes de se fixar na carreira de fotógrafa. Perkins – que fez ainda o papel de Norman Bates em três sequências de Psicose – só teve sua primeira relação sexual com uma mulher aos 39 anos. Ele se dizia um homossexual que se “curou” através da psicanálise. Em 1973 casou com Berry Berenson e teve dois filhos com ela, Oz e Elvis Perkins. Viveram juntos quase vinte anos, até a morte de Perkins, em 1992, por pneumonia causada pela AIDS. No trágico destino de Berry Berenson pode-se ler, sem dúvida, mais alguma daquelas maldições ligadas ao Mestre do Suspense, Sir Alfred Hitchcock.

 O PRIMEIRO PLANTÃO DA GLOBO NA MANHA DE 11/9/2001. 
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VEJA TRECHO DA COBERTURA DO ATENTADO PELA GLOBO NEWS COM IMAGENS DA CNN. 
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sujou! Veja como ditaduras, guerrilhas e terrorismo deram (má) fama a certos modelos de carros...

O Puma, do Riocentro
por Flávio Sépia
O próximo dia 1° de maio marca 35 anos do atentado do Riocentro que, à parte as consequências políticas, ficou associado a um modelo de carro: o Puma. Aparentemente, o vínculo reforçado por capas de jornais e revistas não prejudicou a marca e o carro continuou sendo fabricado até 1990.
O famoso "Puma do Riocentro" não foi, contudo, o primeiro carro a ficar rotulado por ações políticas ou repressivas.
O Karmann Ghia de Zuzu Angel em matéria do repórter
Henrique Koifman para a  Manchete.
Em abril de 1976, há 40 anos, a estilista Zuzu Angel foi morta em um atentado, no Rio. Zuzu incomodava a ditadura militar por protestar publicamente, denunciar e pedir punição para os assassinos do seu filho, o militante político Stuart Angel, morto em um quartel da Força Aérea. Em depoimento à Comissão da Verdade, um ex-agente da repressão relacionou o "acidente" a uma operação formulada por forças de segurança. O carro que Zuzu Angel dirigia, um Karmann Ghia TC, despencou de um viaduto na Estrada Lagoa-Barra, no Rio, matando instantaneamente a estilista.
O BMW Neue Klasse, o preferido do grupo Baader-Meinhoff
Também nos anos 70, o grupo Baader-Meinhoff que pretendia deflagrar uma revolução armada na Alemanha Ocidental, usava nas suas operações, preferencialmente, o BMW 2002, um carro de aparência comum, que não chamava atenção, mas tinha desempenho esportivo e motor potente. Além disso, o grupo agia com veículos roubados e aquele BMW, também conhecido como Neue Klasse, podia ser facilmente acionado por ligação direta.
O Baader-Mainhoff tantou usou o BMW que a sigla do fabricante passou a ser traduzida popularmente como Baader-Meinhoff Wagon.
Os Ford Falcon que eram usados pela ditadura
argentina em sequestros e assassinatos/Reprodução Sblog
Já os agentes da ditadura argentina popularizaram o tipo de carro com o qual praticaram sequestros e assassinatos de opositores dos governos militares: o Ford Falcon. Para milhares de vítimas da repressão e suas famílias, o carro era uma espécie de fantasma que saia das sombras para conduzir civis à morte. Não faz muito tempo, uma ordem judicial obrigou um quartel argentino a abrir suas instalações levando agentes judiciários a encontrar 43 Ford Falcon guardados há três décadas em um galpão. Era a frota de veículos sem pintura especial, sem numeração ou qualquer registro, que foi usada pelos esquadrões da morte da ditadura portenha.
A Veraneio dos anos 70, adotada pela ditadura brasileira/Reprodução

O Opala em cores civis foi usado em operações de sequestros de opositores
do regime militar brasileiro. O "vamos dar uma volta" do anúncio é tragicamente sugestivo. 
A ditadura brasileira usava as camionetes Veraneio tanto com pintura das várias organizações policiais quanto em cores "civis" para operações secretas. O Opala também foi muito adotado, especialmente em versão com pintura standard, sem qualquer identificação. Mas em 1981, no caso da bomba do Riocentro, com a qual militares da linha dura pretendiam matar centenas de pessoas que assistiam a um show, foi dada preferência ao esportivo Puma, talvez, na cabeça tosca dos agentes, para funcionar como disfarce "descolado" e supostamente não chamar a atenção em meio à plateia majoritariamente jovem.
Uma picape Ford, da Folha de
São Paulo: incendiada pela guerrilha/Reprodução

Antes, no começo dos anos 1970, quando a repressão se intensificou, picapes Ford do jornal Folha de São Paulo cedidas à sangrenta Operação Bandeirantes (Oban) também fizeram sua triste fama. Algumas foram incendiadas em ações de guerrilha em protesto contra a vergonhosa parceria. No sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, no Rio, em 1969, pelo MR-8, guerrilheiros usaram um Fusca para fechar o Cadillac Fleetwood do americano, no qual embarcaram. Um Fusca também foi o carro usado pelos agentes que mataram Carlos Marighella, em 1969. O guerrilheiro foi preso e executado com um tiro a queima-roupa e seu corpo foi depois exibido em cena montada de um "tiroteio" no centro de São Paulo. O fotógrafo Sérgio Jorge, que na época trabalhava para a Manchete, testemunhou a farsa conforme revelou em entrevista à revista IstoÉ.

Cadillac Fleetwood do embaixador americano. Esse carro pertence, atualmente,
a um colecionador paulista/Reprodução

O corpo do primeiro-ministro italiano foi encontrado em um Renault R4
Na Itália, uma ação das Brigate Rosse, o sequestro e morte do primeiro-ministro Aldo Moro, ficou ligada a um veículo de fabricação francesa. Na foto que correu o mundo mostrando o momento em que foi encontrado o corpo do político (na mala do veículo) aparece um furgão Renault R4.
Carrero Blanco voou pelos ares em um modelo Dodge Dart/Reprodução Internet

Madri foi o cenário de um atentado realizado pelo ETA. As vítimas: o presidente do Conselho de Ministros da feroz ditadura de Francisco Franco, Carrero Blanco, e o veloz Dodge Dart 3700 GT que o transportava. Ambos, carro e político voaram pelos ares à custa de 100 quilos de explosivos detonados sob o asfalto no momento em que o Dodge passava.

Utilitários transformados em carros de combate/Facebook
Já nesses dias pós-2000, coube aos rebeldes que lutaram contra  Kadhafi, na Líbia, popularizar um veículo armado que nasceu do improviso: utilitários Toyota ou Honda com metralhadoras antiaéreas montadas nas carrocerias. O "modelo" mostrou tanta eficiência e praticidade que é, hoje, usado por várias facções de combatentes, incluindo a organização terrorista Daesh (autodenominada Estado Islâmico).
O Clio dos terroristas de Paris/Reprodução

Nos recentes atentados promovidos por terroristas islâmicos, em Paris, os atiradores usaram como transporte o Clio, um carro popular, comum nas ruas da cidade, e certamente não indicado para ser usado como veículo de fuga. Se bem que fuga não é prioridade para homens-bomba cujo desejo é encontrar mil virgens no paraíso mais próximo, onde, pelo que se sabe, não dá para ir de carro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Istambul: turistas no alvo do terrorismo religioso

Mesquita Azul, uma das atrações de Istambul mais visitada pelos turistas na região onde ocorreu o atentado.. 

Obelisco Egípcio no Hipódromo Bizantino próximo à Mesquita Azul

Turistas no Topkapi, no Serralho.

VLT na rua Yerebatan, região de Sultanahmet. 

Grande Bazar, no Beyazit. Fotos de J.E.Gonçalves
por José Esmeraldo Gonçalves
O bairro de Sultanahmet reúne algumas das mais visitadas atrações turísticas de Istambul. A Mesquita Azul, o Hipódromo de Bizâncio, a Santa Sofia, além de centros de artesanato, dos museus de Tapetes Vakiflar, de Mosaicos, de Artes Turcas e Islâmicas, os Banhos de Roxana, entre outros monumentos e instalações, se espalham no lado oriental da antiga capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano . Os turistas - cerca de dez mil, por dia -  costumam percorrer a pé esse extraordinário circuito. Foi essa a região escolhida pelo terrorista para acionar sua bomba.
Nos últimos anos, Istambul entrou de vez no roteiro dos brasileiros e era comum ouvir ecoar o português nas vielas de casas otomanas. A Turquia não demonstrava grandes tensões e isso ficava claro nas ruas, onde as pessoas eram em geral receptivas e prestativas. O país aproximava-se do ocidente e vivia a expectativa de entrar para a União Europeia. 
Mas algumas nuvens políticas começavam a escurecer o horizonte. 
Quando lançou as bases da república turca, no começo da década de 1920, o líder Mustafá Kemal, que passou a ser conhecido como Atatürk, o pai dos turcos, incluiu entre os fundamentos do novo Estado o laicismo. Apesar de o islamismo ser a religião dominante para cerca de 90% da população, Ataürk anteviu que um Estado secular seria o pilar que neutralizaria o autoritarismo religioso. Em quase um século, a Turquia sofreu intervenções militares (principalmente após se tornar membro da Otan, em 1952, e virar peça importante da Guerra Fria) e atravessou períodos de grave instabilidade econômica. Envolveu-se em conflitos com os curdos, foi à guerra em Chipre, mas preservou os princípios republicanos. 
Em 2002, a população insatisfeita com a situação econômica e uma inflação de 100% deu ao Partido Justiça e Desenvolvimento, de orientação religiosa, uma maioria de dois terços no Parlamento. O então primeiro-ministro Recep Erdogan promoveu uma série de reformas e em dois anos levou a inflação para um dígito. Fortalecido politicamente desde então, Erdogan, que hoje é presidente, foi, gradualmente, aumentando a influência islâmica no Estado. Surgiram leis restritivas de inspiração religiosa, censura à imprensa e oposicionistas passaram a sofrer perseguição. Os recentes atentados em Ancara, a capital do país e, agora, em Istambul, são o retrato desse novo tempo. O processo de islamização do Estado – em curso, apesar de grande reação interna – não vai facilitar um futuro com protagonistas como o Estado islâmico, o agravamento das relações com os curdos, a crise dos imigrantes e os reflexos das disputas entre sunitas e xiitas. 
Provavelmente, o turismo será a vítima mais imediata desses imbróglios cumulativos. O que será uma pena. São poucas as cidades que oferecem ao visitante tantas e tão preciosas atrações. Istambul, principalmente, uma metrópole onde o novo e o antigo convivem em cada esquina, transforma a visita em prazer, com direito a memoráveis aulas de história. Resta torcer para que a agitação mundana do Beyoglu, no setor europeu da cidade, onde ficam a praça Taksin e a cosmopolita rua Istiklal, não se torne vítima do sequestro da convivência democrática pelo fanatismo religioso. E que mezes e raki da rua Nevizade, um point boêmio de Istambul, tenham vida longa.  
Os turistas vítimas do atentado em Sultanahmet  estavam desfrutando desses momentos que, de resto, fazem parte de uma sensação que os terroristas pretendem explodir: o prazer de viver.
Por isso, Paris foi alvo. Por isso, os turistas de Istambul entraram na mira do terrorismo religioso.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Direitos Humanos: terreiro de candomblé é incendiado no Distrito Federal. Suspeita é de vandalismo religioso

por Flávio Sépia
A notícia em destaque é da Agência Brasil. "Um terreiro de candomblé foi incendiado na madrugada de hoje (27), no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, no Paranoá (DF). O fogo começou por volta das 5h30 e destruiu o barracão da casa. Cinco pessoas dormiam na casa, mas ninguém ficou ferido. O Corpo de Bombeiros foi acionado, apagou o fogo e está fazendo a perícia do local. Mãe Baiana – coordenadora de Comunidades de Matriz Africana de Terreiros da Fundação Cultural Palmares – informou que levantou com os estralos e quando saiu o fogo já estava tomando todo o barracão. Há suspeita de que o incêndio tenha sido motivado por intolerância religiosa. Segundo Mãe Baiana, nas últimas semanas foi visto um ômega azul rondando a casa, e na noite anterior o mesmo carro passou pelo local.
Este é o mais recente caso de ataque a terreiros na região do Distrito Federal e Entorno. Mais dois templos foram atacados, em setembro, um em Santo Antônio do Descoberto (GO), outro em Águas Lindas de Goiás. Ambos foram incendiados, sendo que o primeiro foi atacado duas vezes.
O presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno, Rafael Moreira, lembrou que este é o quinto ataque registrado nos últimos anos, o terceiro com uso de fogo. A federação está trabalhando para descobrir que tipo de ataque ocorreu. Acompanhada da Fundação Palmares, do Fórum de Defesa de Liberdade Religiosa e outras instituições, a federação promoverá campanha para mostrar à sociedade o que está acontecendo".

O Brasil ainda não tem o terrorismo religioso propriamente dito. Mas, pelo jeito, no futuro, vai chegar lá. O vandalismo religioso já está emplacando. E já houve casos noticiados de agressões que deixaram feridos, incluindo uma menina praticante de religião afro, e até de assassinato de um homossexual por motivação fanática de fundamentalistas religiosos. É comum também a depredação e a destruição de santos nas igrejas católicas. O que favorece o avanço da intolerância é a impunidade. Intolerância religiosa é crime mas não há um só caso de criminoso punido. Tais quais os crimes de racismo e de maus tratos a animais, o de intolerância religiosa parece não ser levado a sério pela polícia nem pela justiça brasileiras.

ATUALIZAÇÃO - O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, determinou a criação de uma Delegacia especializada em crimes de racismo e intolerância religiosa. Uma boa iniciativa. Ontem, ele visitou o terreiro de candomblé Axé Oyá Bagan, no Paranoá. O galpão da instituição foi destruído por um incêndio na sexta-feira (27). A polícia está apurando o fato e os indícios de crime.
O governados Rodrigo Rollemberg, do DF, visita o terreiro Axé Oyá Bagan. Foto Toninho Tavares/Agência Brasília. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Dá uma olhada no You Tube: o "gigante" acordou e a nova guerra fria esquenta a web...

Enquanto a Rússia dá pau no Isis, internautas fazem circular no You Tube e no Face vídeos que mostram indignação com o Ocidente, que novamente rotula o país como "império do mal".  Não são vídeos oficiais - vê-se pela qualidade em alguns momentos até tosca, um deles com nítidos recursos gráficos amadores, e pela informalidade do "recado" - mas mostram um ponto de vista interno presente no país (Putin tem índices de aprovação acima de 80%), um outro lado que vai muito além da propaganda do Departamento de Estado comumente veiculada pela mídia ocidental. Veja, abaixo, dois desses vídeos.

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domingo, 11 de janeiro de 2015

Manifestação em Paris: pela liberdade, contra o terrorismo e a intolerância religiosa...um domingo que entra para a história

A multidão na Place de la République. Foto Libération
Comoção da equipe do Charlie Hebdo na manifestação. Do Libération. Leia mais, clique AQUI

Com o presidente da França, François Hollande, à frente, Chefes de Estado e personalidades estrangeiras participam da manifestação que acontece neste momento em Paris em defesa da liberdade de expressão e contra o terrorismo, após uma semana dramática marcada por atentados e assassinatos. A marcha reúne mais de um milhão de pessoas. Foto: Gouvernement.fr
France Soir. Para ver mais, clique AQUI