De um modo geral, a cobertura da mídia sobre a tragédia de Medellín não foi sensacionalista.
A dimensão humana do fato esteve bem acima da tentação de vender um exemplar a mais, ganhar um ponto extra de audiência ou um tsunami de cliques nos sites.
A capa da Época é um dos bons exemplos. Todas as mensagens estão aí. Nenhum elemento a mais, nenhuma ética a menos.
Logo após a queda do avião, um site, o Catraca Livre, acoplou à notícia algumas excentricidades indevidas, como a montagem de um álbum fotográfico de selfies feitas por pessoas que, em uma série de outros acidentes, morreram logo após a foto. Entre as imagens, fotos que vítimas do acidente com a Chapecoense postaram pouco antes de o avião decolar. Todos os veículos publicaram imagens das páginas pessoais dos jogadores. Mas só o Catraca as utilizou como estímulo artificial para ganhar cliques de audiência. As redes sociais reagiram e condenaram com veemência o recurso e o editor reconheceu o erro e pediu desculpas.
Foi um alerta.
Ontem, durante a tocante cerimônia na Arena Condá, em Chapecó, alguns internautas condenaram a espetacularização do acidente e do velório coletivo. Respeitada a crítica, o argumento é facilmente neutralizado. Em uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, o impacto da tragédia foi muito maior. Os jogadores, dirigentes, os radialistas, suas famílias tinham envolvimento pessoal com considerável parcela da população que, logo ao saber do acidente fez do estádio o ponto de encontro e de pranto.
Foi simbólico, e não espetáculo, foi reverência e não show, trazer os jovens jogadores de volta não apenas ao seu país mas ao seu palco.
A mídia, que também perdeu seus jovens, trabalhou nesse mesmo triste mas respeitoso compasso.
Em tempos pré-rede social, quando o jornalismo era absoluto e trafegava em uma via de mão única, com pouco espaço para manifestações dos leitores, talvez fosse mais fácil adotar títulos apelativos e publicar fotos chocantes: na maioria das vezes, o veículo saía impune. Atualmente, internautas reagem imediatamente e a crítica pode causar danos reais por atingir milhares e até milhões de pessoas.
Não por acaso, são poucos e de limitada relevância os veículos editados segundo uma antiga regra segundo a qual "sangue vende". Ainda estão aí os programas policiais da TV com âncoras de ira teatral, público cativo, na expressão da palavra, e audiência congelada, mas até essas aberrações já recebem fortes críticas na web quando ultrapassam seus próprios e frouxos limites e, não raro, respondem na justiça por assédio moral, desrespeito ao direito de imagem e preconceito embutidos
no sensacionalismo patológico.
Melhor assim.
ATUALIZAÇÃO - 04/12/2016 - 13H12.
Assim como o texto acima registra o caso do Catraca Livre, vale incluir entre as exceções fato citado na coluna de Maurício Stycer sobre o comportamento lamentável de uma repórter do Jornal Nacional.
ATUALIZAÇÃO - 04/12/2016 - 13H12.
Assim como o texto acima registra o caso do Catraca Livre, vale incluir entre as exceções fato citado na coluna de Maurício Stycer sobre o comportamento lamentável de uma repórter do Jornal Nacional.
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