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terça-feira, 12 de setembro de 2023

A foto e o fato: o dia em que o mundo viu o "bush" de Jackie Onassis


por José Esmeraldo Gonçalves

Jacqueline Kennedy foi a mulher mais fotografada da sua época. Vestiu as melhores grifes, era disputada pelos mais famosos estilistas. Não deixa de ser irônico que uma das suas mais famosas sequências de fotos mostre sua elegância despida de qualquer marca registrada a não ser o seu mais íntimo figurino à vista na Ilha de Skorpios. A ex-primeira-dama da era Camelot dos Kennedy tinha 43 anos. 

Em fins de 1972 , a revista Screw publicou uma série de imagens da viúva de John Kennedy - então casada com o bilionário grego Aristóteles Onassis - peladíssima. A Screw usou a palavra "bush" (arbusto) para ressaltar o exuberante e plebeu ecossistema pubiano da sofisticada Jackie. Se o Messias descesse à terra naquela semana de fevereiro não teria provocado tanto alvoroço na mídia. As máquinas pararam no mundo como se recebessem um comando único. Todos os veículos queriam aquelas fotos. É possível que até a redação do Osservatore Romano tenha lamentado não poder entrar no leilão sob pena de tortura nas masmorras do Santo Ofício. A Fatos & Fotos deu capa logo em seguida. As imagens correram o mundo como um rastilho incendiário.

Imediatamente, o autor das fotos, o italiano Settimio Garritano, que teria feito o flagrante em setembro de 1972, tornou-se o fotógrafo mais admirado e invejado do mundo. Ao mesmo tempo, os paparazzi mais experientes lançaram suspeitas sobre os tantos ângulos e posições das imagens. Depois de duas ou três fotos de tanto valor de mercado, qualquer paparazzo teria caído fora da ilha cheia de seguranças para não correr o risco de ser capturado e perder o ouro já garantido. 

Jackie posou, as fotos foram consentidas? Garritano nunca revelou a verdade sobre o que de fato aconteceu na Ilha de Skorpios. Nem explicou porque esperou três meses até que as fotos fossem vendidas e publicadas. Esperava autorização de quem as contratou?

Um jornalista norte-americano, Christopher Andersen afirmou que o próprio Onassis quis humilhar Jackie por considerar que ela o desprezava; o filho do bilionário, Alexander Onassis, movido por questões familiares, também figurou como suspeito. 

Onassi morreu em 1975. O filho faleceu em janeiro de  1973, vítima de acidente aéreo, quase um mês depois da Screw publicar as fotos. Jackie Kennedy morreu em 1994 e, pelo menos publicamente, nunca se interessou em desvendar o "místério".

Em 1975, Garritano vendeu o material, incluindo sobras, para a revista masculina Hustler, que publicou imagens ainda mais frontais. Na mesma época os cinemas exibiam o filme Histoire d"O com a sensual Corinne Cléry. A mídia passou a chamar Jacqueline Kennedy Onassis de Jackie O.