sexta-feira, 20 de maio de 2022

Mulher quer apito, vai Catar na Copa... • Por Roberto Muggiati

Neuza Back: árbitra brasileira na Copa do Mundo. Foto FIFA

Pela primeira vez uma mulher vai apitar um jogo da Copa do Mundo. Demorou, mas aconteceu: a Copa depois do Catar será a do centenário, provavelmente no Uruguai, onde tudo começou em 1930. Aconteceu, mas nem tanto: serão três juízas e três assistentes. As árbitras escolhidas são Stéphanie Frappart (França), Salima Mukansanga (Ruanda) e Yoshimi Yamashita (Japão). Stéphanie apitou a final da Copa do Mundo feminina, vencida pelos Estados Unidos em 2019, e atua regularmente em jogos no campeonato francês masculino. (Foi ela quem apitou este ano a final masculina da Copa da França vencida pelo Nantes no Stade de Paris.)

Para o Brasil sobrou uma bandeiragem, a escolhida foi a catarinense Neuza Back, que atua em São Paulo. Foi auxiliar na primeira partida da final do Campeonato Paulista de 2020, entre Corinthians e Palmeiras; participou também da Copa do Mundo feminina de 2019; do Mundial de Clubes da Fifa de 2020, vencido pelo Bayern de Munique; e dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Neuza Inês Back, 37 anos, nasceu em Santa Catarina na região metropolitana de Chapecó, numa cidade com o bonito nome de Saudades. Mas está longe de ficar na saudade: com catorze anos de carreira, ainda tem muito gramado e glória pela frente.

A mulher já ocupa o seu lugar na arbitragem do futebol, mas a coisa ainda continua politicamente correta (e careta) e paternalista. Quando deixarão uma mulher apitar uma final de Copa do Mundo masculina? Com certeza não antes que comece a circular o Expresso 2222 de Gilberto Gil, que “parte direto de Bonsucesso pra depois...”

O presidente do Comitê de Arbitragem da Fifa, o italiano Pierluigi Collina afirmou que ele e sua equipe estão felizes por terem conseguido incluir  as mulheres no corpo de arbitragem pela primeira vez na história das copas do mundo. E arrematou: “Espero que, no futuro, a seleção de árbitras de elite para competições masculinas importantes seja percebida como algo normal, e não mais como excepcional”.

Va tutto bene, Collina. Mas logo no Catar? A pergunta que não quer calar: serão elas obrigadas a usar burka? E outra: poderão atuar com shortinhos apertados e as coxas à mostra?

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