terça-feira, 17 de maio de 2022

Arquitetura, memória e crítica

por J.A.Barros

Estou enviando anexo uma foto de um casarão, acho que do século XIX, por achar a construção tão bonita e majestosa, símbolo da criatividade sofisticada do homem voltado para o belo e o seu conforto e para evidenciar aos olhos da cidade o que é uma residência. 

Na verdade estou negando a falsa genialidade de um arquiteto brasileiro concebeu prédios enfaixados por metros e mais metros de  vidros em forma de janelas que abertas só cediam um terço de ar para o seu interior. Avançando nas suas fantasias copiou o iglu - que é apenas um abrigo temporário dos esquimós quando saem para caçar nas planícies geladas - e o introduziu nas cidades, notoriamente, na cidade de concreto Brasíliane bizarramente na sede do Congresso, sendo um deles de cabeça para baixo lembrando uma bacia de se tomar banho. Em Niterói, concebeu um enorme iglu para ser um cinema. A Catedral de Brasília lembra em posição de descanso fuzis apoiados uns nos outros. Trabalhei em dois prédios concebidos por esse arquiteto. No primeiro, para trabalhar, precisamos instalar ventiladores gigantescos que rodavam o dia inteiro. No segundo, as janelas de vidro só abriam 1/3, o que obrigou a empresa a instalar ar refrigerado para todos os 12 andares do prédio. 

Isso é modernidade? Ou tal apreço pela forma, que esquece que quem vai habitar essas formas é o ser humano.

5 comentários:

Prof. Honor disse...

Niemeyer é um grande arquiteto, celebrado no mundo inteiro, nas no Brasul é assim, como dizia Tom Jobim, odeia quem faz sucesso.

Ebert disse...

Qual é o prédio no Rio de Janeiro na maior parte do ano que não precisa ligar ar condicionado?

J.A.Barros disse...

Não tem nada haver com a frase síntese do - esse, gênio da música - Tom Jobim, com o que publiquei. Num dos prédios concebidos por esse arquiteto, não criou espaço para estacionamento de carros e os banheiros não tinham ralo. A preocupação dele era com a forma, o desenho da obra. Acredito que tão envolvido com a forma, esquecia que dentro dela seres humanos iriam habitar. Mas, a forma não é tudo. Aliás, não citei o nome do arquiteto em questão. Não questiono essa idéia de que o brasileiro odeia quem faz sucesso. O que me entristece, no. brasileiro é não respeitar e sim destruir suas tradições. Em Anchieta, Município no litoral do Espírito Santo, cidade em viveu o Padre Anchieta, não existe mais nada da sua passagem por este Município. A casa onde morou, um Prefeito um dia transformou em cadeia, até pegar fogo e se destruir por completo. A fonte d'água onde ele cavou, na praia, está esquecida, coberta pela vegetação. A Igreja, onde ajudou a criar, o seu antigo altar mor foi destruído pelo cupim, e o que restou está abandonado, atrás da Igreja. O modernoso ocupou a inteligência e o gosto pelas obras clássicas do brasileiro. Enfim, um povo semi-culto ou semi alfabetizado, não é apreciador das belas artes e muito menos pela leitura dos clássicos da literatura universal.

Estevam F. Pecorelli disse...

Acho que o barroco, o colonial, o neoclássico podem conviver, são expressões arquitetônicas de cada época. Vejo um ranço ideológico nesse post,um intolerância. A Catedral de Brasília é sublime. O arquiteto leva o visitante a entrar porE um túnel de pouca luz que o leva, ao chegar à nave, a uma explosão de cores dos vitrais. Deslumbrante. Niemayer tem obras na Espanha, na Argélia, na França. É referência vdo modernismo.

J.A.Barros disse...

Iglu, não é minha visão de moradia.