O Brasil já havia construído uma tempestade política e econômica perfeita com o sociopata Bolsonaro no Planalto e o corretor Paulo Guedes na Economia. A chegada da Covid-19 e o modo desvairado com que o governo federal trata a pandemia é o excremento lançado sobre a diarreia. Nem a tragédia sanitária, com milhares de mortes, será capaz levar a dupla a rever suas ideias fundamentalistas que no pós-coronavírus serão mais ultrapassadas ainda. Ouvirão falar de uma coisa que desconhecem: melhor distribuição de renda como gatilho de desenvolvimento.
El País Internacional publica uma matéria ("La economía se hunde, la Bolsa sube: ¿qué está pasando") que mostra bem, por tabela, como é obsoleto o curralzinho ideológico e financeiro onde os dois pastam. Antes de refletir sobre a atual crise global impulsionada pelo vírus e diante da oscilação lucrativa do mercado financeiro em alguns centros - que consegue subir, mesmo com a perspectiva de quedas recordes no PIB mundial - o site cita frase de Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia em 2008, que ilustra bem o comportamento do mercado de ações, nesse momento, nos Estados Unidos, em meio à paralisação.
"Três regras devem ser lembradas. A primeira, que o mercado de ações não é a economia. A segunda, que o mercado de ações não é a economia. E a terceira, que o mercado de ações não é a economia. Não preste atenção ao Dow Jones, concentre-se nos postos de trabalho que estão desaparecendo".
A frase de Krugman pontua uma terrível contradição: Wall Street tem dias felizes no momento em que há 30 milhões de desempregados nos Estados Unidos.
Bolsonaro não faz a menor ideia de quem é Krugman, deve achar que marca de cereal matinal, passa batido quando ouve uma frase dessas. Guedes, um chicago boy que foi intelectualmente molestado por Milton Friedman, o pai do neoliberalismo, deve odiar Krugman com todas as forças. Outro dia, ameaçou pedir demissão, quis ir embora do playground e levar a bola pra casa, apenas porque o ministro da Casa Civil, Braga Neto, coordenou um esboço de um suposto e futuro programa de gastos públicos para impulsionar a economia pós-coronavírus.
O economista americano Krugman critica as políticas de austeridade, constata que no atual quadro a poupança não se torna investimento e só o investimento público permitirá a recuperação dos empregos.
Se alguém ousar levar um conceito desses ao Ministério da Economia, Guedes, o ministro que no ano passado passou uma guilhotina impiedosa nas verbas da Saúde e do SUS em especial, se revolta, entra em modo tresloucado, pode até atear fogo às vestes, às pantufas, e correr pelado na Praça dos Três Poderes.
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