quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Uma declaração de amor à língua portuguesa • Por Roberto Muggiati

Monica Villela lança o livro "A Língua Portuguesa
como Ativo Político". Foto: Divulgação
Quando passei um ano longe da Manchete, na bela e espaçosa cobertura do terceiro prédio do Russell, encimada pelo M gigante que era o logo da Rede Manchete, uma das poucas pessoas que subiam a escada em caracol para me visitar era a repórter Monica Valéria Villela. Talvez para ouvir as experiências do jornalista veterano, ou – caridosa alma cristã – para dar apoio moral ao editor destronado.

Vida que segue, Manchete deu no que deu e – quando eu ainda me encontrava no retiro que o Alberto (de Carvalho) apelidou de Santa Genoveva – Monica partiu para o mundo. Atuou como redatora e apresentadora da Deutsche Welle, em Colônia, Alemanha. De 1999 a 2005 foi redatora, apresentadora, gerente de projetos e encarregada de comunicação interna do Serviço Brasileiro da BBC, em Londres. A partir de 2006, passou a chefiar a redação da ONU News em língua portuguesa, em Nova York. Entre 2015 e 2016, foi diretora do Centro de Informação das Nações Unidas no México, com atuação em Cuba e na República Dominicana. Em 2018, foi indicada porta-voz de María Fernanda Espinosa, a primeira mulher da América Latina e Caribe a presidir a Assembleia Geral das Nações Unidas, e a quarta do mundo. Em meio a esse trabalho todo, achou tempo para se formar Doutora em Ciências Políticas pela Universidade Aberta de Portugal e Mestre em Linguística e Ciências Políticas pela Universidade Duisburg-Essen, na Alemanha.

Nesse exílio voluntário de mais de vinte anos, Monica Villela Grayley não se afastou da língua-mãe; ao contrário, aprofundou o conhecimento e a relação afetiva com o português, voltando-se para o grande universo da lusofonia. Fruto dessa paixão, escreveu o livro A Língua Portuguesa como Ativo Político, que vai lançar no Rio de Janeiro na segunda-feira, dia 9, às 17 horas, no Centro Cultural do Poder Judiciário.

Monica descreve o seu método de pesquisa: “Observei e estudei casos de falantes nativos, pessoas que usam o português como língua de herança, como língua estrangeira, como língua segunda. Analisei a situação do português nas diásporas e como alguns pais, no exterior, se esforçam para que os filhos falem e escrevam na norma culta. Conheci também casos de formadores que desistem do esforço por falta de apoio pedagógico onde vivem”. E ela sintetiza: “Falar português é pertencer a uma pátria virtual e universal. A Língua Portuguesa oferece um mundo a ser navegado com curiosidade, propriedade e estratégia”. 

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