por Niko Bolontrin
Um dos destaques da mídia esportiva em 2019 foi certamente a cobertura da participação do Flamengo no Mundial de Clubes. Mas o espírito da coisa causou alguma perplexidade.
Boa parte dos jornalistas foi acometida da síndrome do elogio à derrota, algo que pode fazer o esporte perder o sentido e tornar os pódios alegorias desimportantes. No caso do Flamengo, a opção preferencial dos cronistas pela derrota agride até o hino histórico que a torcida canta nos estádios: "vencer, vencer, vencer"...
O Flamengo tem milhões de torcedores e isso impacta naturalmente as editorias esportivas dos jornais, TV e internet. É histórico o puxa saquismo editorial, menos por clubismo e mais por interesses econômicos nas respectivas audiências.
Mas não precisavam exagerar. Um jornalista chegou a escrever que espera que a vitória do Liverpool em Doha ensine o Brasil a saber perder. Caramba! Em matéria de futebol, o Brasil já é pós-graduado em perder. A última Copa, por exemplo, foi a de 2002, que comemorará 20 anos no próximo mundial. Pouco países no mundo ostentam uma derrota tão acachapante quanto os 7 x 1 diante da Alemanha. Se aquilo não ensinou a perder, chamem a Alemanha de volta.
As torcidas andam tão carentes que, não é de hoje, supervalorizam o mundial de clubes. O que é compreensível: trata-se da única oportunidade de teoricamente medir forças com clubes europeus. Ao longo da história desse torneio, vários clubes brasileiros foram campeões, outros tantos foram derrotados e alguns venderam caro a derrota para gigantes da UEFA. Mas nenhuma dessas conquistas ou derrotas, principalmente, foi tão saudada quanto o fiasco do Flamengo no Catar.
É simples. O futebol desde sempre só oferece três resultados: vitória, empate ou derrota que, no caso, é fiasco. Não é exagero: o dicionário diz que fiasco é simplesmente qualquer insucesso, tipo o do Flamengo em Doha. Passes, posse de bola, boa "transição" e "marcação alta", para usar o jargão atual, não ganham jogo se aqueles três paus na linha de fundo não receberam a bola no filó.
Quem fizer mais gols, beleza, ganha a partida. Quem não fizer isso, um abraço, valeu, fica pra próxima.
Imagino o João Saldanha montando aquele time de feras e, no papo do vestiário, 'incentivando' os seus jogadores:
- "Não se preocupem, se não der pra ganhar o importante é jogar de igual pra igual".
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2 comentários:
Foi ridícula a euforia pela derrota. VTC
A grande maioria dos cronistas e comentaristas de futebol nas rádios e estações de TV ou são botafoguenses ou tricolores. Exemplo dá, acredito, para justificar a campanha para a derrota do Flamengo diante do Liverpool – provável campeão Inglês da campanha de 2019/ 2020 – porque o que prevalece nas suas opiniões e desejos o levam a ver o time do Flamengo como um inimigo e não apenas um time compefidor nos campeonatos brasileiros e estaduais. Aliás, esse espírito político dos comentários políticos é o que prevalece neles .A sua escolha política é mais forte do que deveria ser sua escolha profissional. O que consiste num erro gravíssimo de jornalismo nas informações que passam ao grande público, porque passam informações tendenciosas.
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