por Flávio Sépia
Governos autoritários costumam brigar com números e estatísticas quando esses lhes são desfavoráveis. Nos anos 1950, um coronel chegou a proibir o filme Rio 40°, de Nelson Pereira dos Santos, sob a alegação de que na Cidade Maravilhosa os termômetros não chegavam a tanto. Na verdade, o calor foi pretexto, o que incomodava a censura era a temática do filme.
Nos anos 1970, dizia-se que a censura impedia a divulgação de temperaturas acima de 39º. Por dois motivos, segundo o da tesoura: para não criar pânico na população e para não dar aos trabalhadores motivo para reclamar, já que o trabalho naquelas condições podia se classificado como insalubre.
Na ditadura, o então ministro Delfim Neto mandava aumentar artificialmente a oferta de produtos perecíveis, como tomates, verduras etc, e com isso baixava o preço e falsificava os números da inflação. Hoje, Delfim nem precisaria fazer isso. Nas últimas décadas, a inflação passou a ser calculada a partir de uma cesta de produtos determinada pelas autoridades. Não é exatamente a cesta de produtos que você consome, por isso a sua inflação, a que você sente no bolso, é maior do que a inflação oficial.
O governo Bolsonaro está brigando com as estatísticas. Não gosta dos números do desmatamento da Amazônia aferidos por satélite, não acredita no cálculo de famintos, desconfia das pesquisas do IBGE e não acha que o Brasil tem tantos desempregados assim, Para ele, a solução é intervir nas estatísticas e fabricar números favoráveis. É o que está fazendo fazer ao demitir profissionais e desautorizar instituições.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Entendo que com essa informação sobre a inflação, fica explicada a diferença entre a inflação fornecida pelo governo e a inflação que sentimos no bolso. Gente, quando vou fazer compras no mercado pago tudo mais caro que paguei na semana passada no mesmo mercado e as mesmas mercadorias. Para mim alguma coisa estava errada e com essa postagem ao explicar essa diferença de inflação do governo e a minha inflação na boca do caixa dos mercados e mercadinhos, entendi que mais uma vez, um governo procura enganar o povo com mentiras e falsas melhorias. Entendi também que todos os governo até o atual cometeram essas mesmas sacanagens contra o povo brasileiro. O que esses presidentes do país não entendem é que os dias de poder e glória terminam em 4 ou 8 anos .Findo esses dias, o caminho natural é o pijama, e se acaba toda aquela força e prestígio nos salões e passarelas do poder. Além de simples mortalis, passam a não valer mais "porra nenhuma "
Postar um comentário