por Flávio Sépia
A capa da Time é a crise do capitalismo. Em meio a uma ampla discussão sobre mudanças de rumos surgem dados reveladores. Um deles: para cada 25% dos lucros empresas criam-se apenas 4% de postos de trabalhos. Parte esmagadora desses recursos gira apenas no mercado especulativo.
Enquanto o mundo, em função do agravamento da crise, é obrigado a estudar limites e regras para que os mercados financeiros não destruam países e consumam economias, com os catastróficos abalos sociais, no Brasil, forças econômicas e políticas promovem um assalto à democracia cujo objetivo principal é transferir ainda mais poder e total liberdade às milícias financeiras.
Mas não só aqui o sistema especulativo se apossa da democracia. A Time mostra que Washington está tão dominada pelos traficantes de dinheiro que, na atual campanha pré-presidencial, 10 dos maiores doadores são ligados aos fundos de hedge especulativos.
- Trilhões de dólares saíram do caixa público, em suma, dinheiro do contribuinte, para estimular o mercado financeiro e, apesar disso, a economia ainda cresce muito lentamente oito anos após o pico da crise.
- Até Donald Trump defende que fundos de hedge paguem mais impostos; Sanders quer cobrar a
conta dos grandes bancos; Hillary Clinton pretende reforçar a regulação do mercado financeiro.
- O papel dos mercados de capitais e do setor bancário no financiamento de novos investimentos está diminuindo. A maioria do dinheiro no sistema é usada para empréstimos contra ativos existentes, tais como habitação, ações e títulos. Ou seja, auto alimenta a especulação, não a produção.
- Os negócios passaram a girar, em subserviência, em torno do sistema financeiro. A dependência foi facilitada por mudanças na política pública e a cooptação de líderes governamentais, políticos e reguladores que foram encarregados pelos especuladores de manter os mercados operando sem problemas.
- Os bancos estão mais interessados na obtenção de lucros crescentes na especulação pura e simples do que do que no papel tradicional de emprestar para as pessoas e empresas que querem fazer investimentos de longo prazo.
- As empresas americanas em todos os setores, hoje, ganham cinco vezes com a atividade financeira do que até 1980, em detrimento da produção.
- A criação de empresas é menor do que era há 30 anos. O dinamismo empresarial rendeu-se à especulação.
- O sistema financeiro parou de servir à economia real e agora serve principalmente a si.
- Time comenta que a situação é deprimente, mas pode trazer a oportunidade para reorientação e dimensionamento correto do setor financeiro, o que deveria ter sido feito nos anos, imediatamente após a crise de 2008. Apesar do lobby, há uma crescente pressão para colocar o sistema financeiro de volta no seu devido lugar, como um servo de negócio ao invés de seu mestre. Pesquisas mostram que a maioria dos americanos gostariam de ver o sistema fiscal reformado e o governo tomando medidas mais direta para a criação de emprego e redução da pobreza e da desigualdade.
- O público americano entende profundamente que a ordem econômica não está funcionando para a maioria das pessoas.
Conclua você mesmo: os golpistas que assumiram o Brasil estão ou não na contramão do que os cidadãos de vários países começam a perceber? Aqui, a especulação financeira pretende ditar a eliminação de direitos trabalhistas, previdenciários, de Saúde, Educação, de moradia, de terra, ambientais, indígenas etc. E longa a catastrófica "ponte para o futuro" que pretende determinar a financeirização completa do Estado.
As milícias que vão acelerar esse processo já estão em Brasilia.
4 comentários:
A especulação financeira aqui no Brasil nem imposto paga
E os Bancos com lucros trimestrais de 3 a 4 bilhões. Mas fica a pergunta: o poder esteve nas mãos do PT por longos 12 anos e não consertou esses "malfeitos " essas especulações financeiras? Uma das plataformas de governo do PT não era exatamente acabar com essa orgia financeira? Me lembro que ainda candidato o senhor Lula teria dito que sua ânsia era ser eleito para pegar o capitalista paulista que foi presidente da Beneficiência Portiuguesa e grande industrial de cimento Antonio Hermírio de Morais. Pegou o senhor industrial pelo pé? Não, pegou-o pela mão e lhe deu um grande abraço. Cosias da política.
Veja o caso da Grécia, da Espanha, Portugal, e até da China, isso é uma deformação mundial, governos podem se posicionamento contra isso e agir na OMC, ONU, Banco Mundial, Brics, G-20 e o Lula fez isso e isso foi documentado e divulgado pela imprensa (foi criticado pela midia brasileira). De qualqeur forma, só não ver quem não quer, Lula não fez um governo apenas voltado para o mundo financeiro: baixou juros (o que eles não gostam), estimulou a produção e o desenvolvimento, criou empregos (mais de 10 milhões), fez o PIB crescer etc. O mesmo não se pode dizer do governo Dilma, infelizmente.
O fato dessa importante matéria não repercutir na imprensa brasileira já diz do alinhamento dela com os especuladores e da sua canalhice tradicional
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