Jardim em frente ao prédio onde funcionou a Manchete era a "casa" do mendigo Pernambuco |
Vida de pedinte sempre foi difícil mesmo quando sobreviver nas ruas parecia menos complicado do que hoje. Um mendigo foi certamente grato à excentricidade de Adolpho Bloch. Pernambuco, como era conhecido, "morava" no jardim em frente ao prédio do Russell. Dormia em um velho colchão, encarava chuva, mas fome não passava. Por ordem de Adolpho, Pernambuco era "cliente" do almoço e do jantar da Bloch. Com acesso ao menu variado e de qualidade, o mendigo muitas vezes provava da mesma comida que fora servida a ministros e governadores em visita ao Russell. E a mordomia não ficava aí. Sempre que avistava Pernambuco, Adolpho perguntava: "Como está a vida". "Joinha", respondia Pernambuco, já com a mão estendida para angariar alguns trocados. Ao morrer, anos depois, o mendigo teve as despesas do enterro no cemitério São João Batista custeadas pela Bloch.
Um comentário:
Quando olho para essa fachada sinto uma dor no meu coração. Um grande pedaço da minha vida foi passada lá dentro andando nos seus corredores de piso de madeira nobre, Gonçalo Alves, e mesas forradas por folhas de jacarandá, com portas de vidro com o logo da Manchete pintado a ouro. Foram felizes 25 anos, entre amigos e profissionais da mais alta qualidade que a imprensa brasileira já teve. Saudosos 25 anos e saudosos amigos que ficaram e muitos que já partiram para outros mundos mas que deixaram os seus nomes impressos para sempre no coração dos que ainda teimam em ficar.
Essa fachada acho que já nem existe mais. Os novos donos, por desconhecerem a sua história, quase que puseram o prédio abaixo e criaram uma nova fachada, mas não apagaram a lenda criada por ela e que ficará para todo o sempre na memória dos profissionais da imprensa.
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