sábado, 30 de janeiro de 2016

Eu, hein? A pessoa acordou infeliz e escreveu que este carnaval é o "rosto trágico do Brasil". Uáu! Dá-lhe rede social...

por Omelete
Quando nasceu a internet? Não há uma precisão absoluta sobre a data. Na década de 1980, teve início a interligação de computadores em nível mundial. Mas o conceito de rede de informações, usando diversas tecnologias, começou na Segunda Guerra Mundial. E, desde 1960, universidades americanas estudavam a interligação de computadores para fins acadêmicos, enquanto instituições governamentais perseguiam os mesmos objetivos, com foco militar. Inglaterra e França desenvolviam pesquisas semelhantes. Mas só na década de 1990, tudo isso se juntou e a web foi efetivamente incorporada pelas pessoas, passando a influenciar comportamentos, opiniões, ideias e hábitos. Cresceu, ganhou vida própria.
E é isso que, aos poucos, torna-se um pesadelo para alguns setores. A web não respeita fortalezas, corporações, nem as grandes e nem as pequenas fortalezas. Não é revolucionária, mas não é conservadora, não é imbatível, nem absolutamente confiável, mas não se pode desprezá-la. É tudo isso ao mesmo tempo. Conecta quase 3 bilhões de pessoas. Quem vai pôr um laço no pescoço dessa pantera? Daí, algumas torres corporativistas, se agitam. Por trás do Uber, que roda sobre uma reserva de mercado, está a web. E isso vale para milhares outros aplicativos que ligam diretamente o usuário ao fornecedor. As reações são físicas - como no caso das agressões a motoristas do Uber -, comerciais (por parte de setores que querem acabar com a neutralidade da rede), políticas (por parte de lobistas que tentam influenciar legislações e impôr taxas fiscais) e até censórias, com teor ideológico e objetivos de conter opiniões. Agora mesmo, em Brasília, atuam junto ao Congresso milícias lobistas que tentam engessar novos modelos de negócio. A Netflix, por exemplo, é alvo de operadoras, de conglomerados de TV por assinaturas e aberta. O serviço streaming de vídeos, que veio para ficar, incomoda corporações e senhores de antigos engenhos.
A web também faz a velha mídia se mexer. E como faz. Para usar uma terminologia ultrapassada, os chamados "órgãos" de imprensa estão desorganizados diante da rede que veio para confundi-los. O monopólio da opinião aos poucos se abala. Ao mesmo tempo em que obrigatoriamente embarcam na onda, sabem que no momento em que entram na teia de informações passam a ser apenas mais um entre milhões e milhões de canais. Os leitores têm acesso ao contraditório que é, muitas vezes, onde mora a informação mais confiável. Conversando outro dia com um jornalista de uma geração intermediária entre a produção de informação na velocidade atual e o modo ainda quase artesanal de menos de duas décadas atrás, ouvi um comentário revelador. Não são apenas a velocidade e a concorrência acirrada que a internet impôs ao impresso. A interação incomoda muito mais. Antes, um repórter ou colunista escrevia sua matéria e, se editores e "aquários" de diretores não reclamassem, tudo ia bem. Hoje, a reação da rede social é uma incógnita exasperante para quem exercia o ato de opinar ou informar em mão única. Sim, as cartas à redação eventualmente metiam bronca, mas não só demoravam a chegar como eram, e são, meticulosamente selecionadas pelos veículos. Como fisicamente não podem mesmo publicar todas, o argumento da filtragem é conveniente para remover inconveniências. Sendo, assim, nunca houve "ameaça" do tamanho das rede sociais. Em certos casos, é um soco no estômago da arrogância. Acabou o conforto. "Haters" ou não, todos têm seu espaço para opinar. Melhor do que o silêncio obrigatório, uma espécie de transtorno compulsivo que era a velha regra. No mínimo, é bom ter como desabafar.
Hoje, por exemplo, uma colunista que não me parece pessoa a quem se possa encontrar em um bloco escreve que o atual carnaval está tingido de amargor. Sério? Não vi isso nas ruas. A pessoa diz que o carnaval é a máscara da tragédia do Brasil. Jura? A bateria que passou aqui agora não tinha nenhum baixo astral. A figura traça um quadro tenebroso, diz que o país está em ruínas, e aparentemente se incomoda com o fato de a massa ignara ficar nas ruas atrás de tamborim e não avançando sobre os formuladores do caos. Quase pensei em me internar em um mosteiro lendo Gustavo Corção até quarta-feira de Cinzas. Mas não vou. A tal pessoa generaliza e imagina pretensiosamente que é a voz messiânica dos brasileiros, é f... Não dá apenas suas opinião, fala gravemente em nome dos que não sabem pensar. Imagina, uma crise dessas e os desmiolados curtindo a festa. Ela deve achar que algupem tem que levar a "luz" as trevas populares. Diria, sem medo de errar, que o povão que cai no samba, essa bela tradição (e que gera recursos, o turismo, cria empregos e hotéis lotados no Rio, Salvador, Recife etc) trabalha mais para tirar o país da crise do que zélites e coxinhas de salão. Os Estados Unidos atravessaram crise, com desemprego, pessoas endividadas, incertezas (mesmo para os padrões deles) e não cancelaram o 4 de julho; a Espanha atolada não quebrou as castanholas; a Itália não parou de se reunir em tornos de pastas e vinhos; Portugal não tornou o bacalhau fora de lei. Então porque vestir a máscara da tragédia no meio da bateria? Mas, claro, quem preferir chorar sob o edredon, ralar o joelho na escadaria da Penha pra pedir anos dourados ou enterrar a cabeça na areia, esteja à vontade."Nóis vai se alienar", tá bom pra senhora?  

4 comentários:

J.A.Barros disse...

O interessante e o que me chamou a atenção, nos blocos de rua deste ano, foi a presença da mulher nas baterias dos blocos. Fiquei feliz com isso porque demonstra a participação da mulher, brasileira, em todos os movimentos sociais e com os tamborins ou os chocalhos acompanhavam com eficiência e ritmo a cadência da bateria. Nas Escolas de Samba já se nota também a presença da mulher nas suas baterias e olha, pra participar de uma bateria de Escola é preciso ter qualidade. Parabens meninas! vão em frente porque isso é o Carnaval.

Malu disse...

Um artigo político, tudo vira política, tudo é deformado em nome da política, mas é fato que essas pessoas escrevem qualquer coisa e acham que é a opinião geral da nação.

Wedner disse...

Politicagem barata

Corrêa disse...

Quem escreveu esse artigo foi uma tal de escritora Rosika ou parecido. Mas um tal de jorger Cunda lima também entrou ma mesma paranoia e disse que o carnaval é uma máscara cobrindo um cadáver. Esse pessoal deve procurar ajuda. Estão com fixação doentia na política