por Flávio Sépia
Segundo o relatório do Anuário Brasileiro de Segurança, as capitais do Nordeste lideram as estatísticas de homicídios no Brasil. Fortaleza, por exemplo, encabeça a lista, seguido-se Maceió, São Luís, Natal etc. Por coincidência, ontem a PF estourou uma esquema de tráfico de drogas que explorava uma nova rota para a Europa, usando como escala Fortaleza e Natal. Muitas rotas, hoje, funcionam em duas mãos. Cocaína para lá, drogas sintéticas para cá. E o tráfico é responsável pela maioria dos homicídios no Brasil.
Tanto aqueles que resultam de disputas de quadrilhas ou de confrontos com as polícias, quanto os que acontecem em muitos assaltos ou roubos de cargas praticados com a finalidade de levantar recursos para as facções investirem em compra de drogas e armas. O Brasil está mais do que atrasado no aperfeiçoamento da legislação para drogas. Muitos países já admitem que a ação policial contra o tráfico não resolve o problema. Como todo o seu poderio, os Estados Unidos não conseguem impedir a entrada de drogas no país. E é fácil de entender. São os maiores consumidores de drogas do mundo. Trata-se de um mercado de quase 100 bilhões de dólares. Para os carteis, não por acaso agora mais fortes no vizinho México, com entrega quase "delivery", um mercado desses vale todos os riscos. Estados norte-americanos vencem o conservadorismo e flexibilizam a legislação. O Uruguai inovou em uma experiência até aqui bem sucedida e que é observada por vários países. Não há registro de que o consumo de drogas aumente em função de leis mais racionas. É urgente a legalização e a regulamentação da produção, venda e consumo de drogas, com enfoque no problema social que pode ser e de saúde, que é, em muitos casos, e não na repressão que se mostra quase inútil. "É enxugar gelo", como dizem, com razão, os policiais. A regulação seria a forma mais inteligente de quebrar a estrutura financeira que sustenta e estimula quadrilhas e esquemas bilionários de lavagem de dinheiro. Um organograma que passa por favelas e bairros pobres das capitais e do interior mas que vai muito além desses níveis. O tráfico tem uma imagem ligada às favelas. com a típica e precária boca-de-fumo, o bandido pé-inchado, mas não esqueçamos que seus braços alcançam bairros elegantes e condomínios luxuosos. Basta lembrar o caso do helicóptero lotado de drogas apreendido em Minas Gerais e que sumiu rapidamente do noticiário. Aquela era uma rota, digamos, de luxo e de gente fina. Teria sido uma boa oportunidade para expor a facção champanhe-caviar do crime organizado. Como o "Garganta Profunda" aconselhou aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein durante a apuração do Caso Watergate que, além da invasão da sede do partido Democrata, em Washington, envolvia fundos 'lavado's no México, era só "seguir o dinheiro".
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2 comentários:
Há mais interesses em jogo no tráfico de drogas e no contrabando de armas do que os pé-rapado e carne de canhão das favelas
Lembrou bem, o caso do helicoptero envolvia poderosos
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