terça-feira, 29 de setembro de 2015

A arte nem sempre nobre de preservar a própria espécie...

por Flávio Sépia
Difícil dizer o que vai acontecer com o governo Dilma Rousseff, se o golpe virá ou não. Mas há movimentos significativos no navio, gente desembarcando, outros procurando terra firme. O PMDB repete a velha tática de sobrevivência e ao ver que o vento pode mudar veste o colete salva-vidas e trata de apontar suas velas para a nova direção. A campanha acirrada contra governos que atentem para o fato de a pirâmide (social) ter base e não apenas cúpula vem de décadas, não tem diretamente nada a ver com crise, nem com a Lava Jato (tanto que fechou e fecha olhos para outros graves escândalos de corrupção). Mas tem a ver com o conservadorismo em alta no Brasil. A direita está assanhada, desengavetando e aprovando projetos, batendo à porta de tribunais, e até se arriscando a saltar do carro blindado e indo às ruas para pedir o golpe.
É curioso observar que não apenas políticos tratam de garantir um lugar ao sol. A mídia é um bom radar. Nos últimos anos, muitos "visionários", entre uma leva de compositores, cantores, escritores, cineastas, jornalistas, âncoras, cronistas, humoristas e analistas e políticos, perceberam que a vida não está fácil e um macete para ganhar visibilidade e espaço é afinar o discurso conservador. Falar, dizer, escrever e pensar em sintonia com a maré que muda. Saber engrossar a tal onda conservadora garante empregos, promoções, espaço na mídia, colunas, convites para palestras, estabilidade na firma, participação em programas de grande audiência e até facilita obter "captação" para "projetos culturais" de empresários engajados no "fora, Dilma" ou participação em eventos bancados por estados e prefeituras afins. No fundo, os "visionários" aplicam a lição que gente como Sarney e Tancredo eternizou: a arte de identificar o momento em que o ecossistema político se torna inóspito e, principalmente, saber a hora de aproveitar a "janela" de emergência e pular fora. Coisa de político que sabe preservar a própria espécie. Mas, olhe em volta, não apenas políticos.        

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