A cada ano, você em sites seções especializados de jornais e revistas noticiam que o Brasil ganhou toneladas de Leões de Ouro, no festival de filmes publicitários, em Cannes. Saiba que, curiosamente, a maioria dos tais filmes não é veiculada nas TVs. Trata-se, no caso, de peças, digamos, experimentais, espécie de exercício criativo. Alguns desses premiados mostram ousadias que não passariam no crivo, por exemplo, do Conar. Outros, nem seriam aprovados pelo cliente conservador por considerá-los não adequados ao público-alvo, especialmente na atual fase de caretice dos comercias brasileiros. Para o público não-especializado, o de fora do meio, a coisa é meio "fake" mas os publicitários a consideram normal. E a divulgação dos prêmios acaba sendo um bom marketing.
Recentemente, imagens de uma campanha para a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, dirigida a mulheres grávidas e alertando sobre os efeitos de comidas e bebidas indevidas sobre a saúde do bebê repercutiram na mídia britânica. Uma ONG local, a Baby Milk Action, que defende alimentação saudável e denuncia produtos que podem ser prejudiciais aos bebês, achou estranho que a campanha estivesse em inglês. Simples, segundo o Daily Mail: a ONG descobriu que o comercial não foi veiculado no Brasil. A ONG inglesa também constatou que a Nestlê patrocina a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. E ainda considerou dúbia a mensagem do comercial por, supostamente, ser destinado a alertar pediatras brasileiros para os danos causados por junk food mas, infelizmente, diz a ONG, escolheu o aleitamento materno como o veículo para expor os riscos. Segundo a Baby Milk , a mensagem pode confundir muitas mães que deixam de amamentar por temer que determinados alimentos (produtos lácteos, folhas verdes, alimentos condimentados etc.) afetem o comportamento de seus bebês. Uma mãe procurou a ONG para saber se devia parar de amamentar porque havia ingerido junk food e pensou que esse alimento fosse direto para seu leite. Muitas mulheres - dizem médicos da ONG, não entendem como o alimento é digerido na corrente sanguínea. Ou seja, a tal campanha poderia até, indiretamente, desestimular a amamentação.
O tema é mesmo complexo por aqui. Projetos de leis para disciplinar comerciais dirigidos a crianças, por exemplo, costumam ser detonados por bancadas parlamentares e motivam editoriais irados em jornais sobre a suposta "liberdade de expressão" da publicidade, inclusive para propagar produtos não recomendáveis para um público em formação.
O comercial inédito no Brasil e que chamou a atenção na Inglaterra mostra bebês sendo amamentados em seios com desenhos de refrigerantes e doces em meio a frases como “Seu filho é o que você come” ou "Seus hábitos nos primeiros mil dias de vida de seu filho podem impedir que ele desenvolva doenças graves".
SAIBA MAIS NO SITE DA BABY MILK ACTION, CLIQUE
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